Veja o mundo como uma criança
Praticamente em todo curso básico de fotografia, que ministro na escola de Imagem – Rio de Janeiro, costumo introduzir o módulo com a seguinte frase:
Veja o mundo como uma criança!
E na maioria das vezes são adultos na sala de aula com objetivos distintos mas unidos ali pela mesma paixão, a fotografia.
E por que ver o mundo com uma criança?
Crianças são curiosas e caminham contemplando novidades visuais a sua volta. Elas tem a leveza em observar o detalhe e a “visão” sem censura, bloqueios, pré-conceitos ou anestesia.
Certa vez ao receber uma mãe no meu estúdio para um ensaio de infantil, estava sentado em minha mesa na lateral do estúdio e observei as duas entrarem pela primeira vez naquele ambiente. Fato foi, que a mãe com olhar completamente vidrado em minha direção, não observou nada além da minha mesa e eu, já sua pequena filha, de 4 anos, observou tudo em sua volta em um movimento de cabeça como se estivesse em slow motion!
Imersa em um ambiente novo e rico em detalhes estava ela, a criança, apenas observando e/ou fotografando, assim alimentando seu banco de imagens mental.
Ai, te pergunto! Quantas vezes hoje você já reparou nos pequenos e belos detalhes a sua volta? Crescemos e entramos em uma anestesia visual, a qual acostumamos “ver” quase as mesmas coisas diariamente!
Isso é claramente quebrado quando viajamos e deliramos visualmente com quase tudo, pois o novo (visual) nos desperta curiosidade.
Assim faço um desafio. Fotografe detalhes de lugares da sua rotina como sua casa, sua rua, seu local de trabalho e nele busque formas, cores e luzes que irão fazer você sair de sua zona adulta de conforto visual. Ótimo exercício para “descondicionar” o olhar! Complexo? Não! Gostoso! Arrisque-se e depois me conte.