O uso criativo da luz de palco
Em meu artigo anterior aqui no Fotografia-DG mencionei a velocidade do obturador que mais utilizo nas minhas configurações ao fotografar espetáculos quando o objetivo é registrar as artes do palco do modo mais próximo possível do que está sendo apresentado. Nestes casos, por padrão viso congelar a imagem para mostrar em detalhes o que se passa no palco.
Acontece que o ato de fotografar não é totalmente objetivo; o olhar do fotógrafo carrega sempre uma interpretação, que é o fator determinante na hora de apertar o gatilho. O instante do clique, as configurações utilizadas, o ângulo da captura, o aproveitamento da luz… tudo isso faz parte de uma escolha frente a algo real, mas que o fotógrafo recria em certo sentido através de suas escolhas. Falaremos mais sobre isso em um próximo post.
2 seg em f4, ISO 250É claro que este dado subjetivo e interpretativo pode conter nuances com mais ou menos intensidade, oferecendo um tom mais autoral ao registro quanto mais estiver presente a visão pessoal do fotógrafo frente ao objeto fotografado.
Na fotografia de palco, com todas as luzes, fumaças e movimentações dos atores ou bailarinos, as possibilidades do uso criativo, pessoal e interpretativo são inúmeras por parte do fotógrafo. Assim, pensar o uso das baixas velocidades para atingir uma captura criativa, autêntica e bastante autoral é uma possibilidade muito bem vinda.
1 seg em f 5.6, ISO 250Uma dica importante é que, ao ser contratado para realizar o registro de um espetáculo, não é possível entregar apenas imagens em baixas velocidades, salvo os casos em que seja acertado com o cliente este tipo de entrega do trabalho. Este tipo de fotografia contém traços bem artísticos que sob certo aspecto recriam o espetáculo apresentado. Portanto pode ser exatamente o que o diretor do espetáculo NÃO quer ver como registro de seu trabalho; em outros casos, esta contribuição é muito valorizada justamente por ser um trabalho de arte, mas em todo caso converse sempre antes para evitar problemas.
Quando imagino que o espetáculo me oferecerá oportunidade para este tipo de captura trabalho com duas câmeras. Uma na mão para os registros mais tradicionais de imagens congeladas e uma outra, presa a um tripé, onde configuro para exposições longas. O uso de um disparador remoto é bem vindo, mas ajustar o tempo do disparo ((o timer da câmera) para um atraso de alguns segundos pode solucionar o problema de fotos tremidas.
1,3 seg em f8, ISO 100Não há uma velocidade certa para este tipo de fotografia, tudo depende da disponibilidade da luz, da movimentação no palco e do resultado pretendido. Mas, como a exposição será mais longa, o ISO não deve estar alto (mas eventualmente precisará estar) e a abertura do diafragma também não deve ser muito generosa para evitar estouros de luz, mas tudo depende de cada caso; é fundamental fotografar em RAW, porque eventuais problemas (que certamente ocorrerão) podem ser corrigidos em bons programas de edição. As fotografias que ilustram o artigo demonstram uma variedade de combinações possíveis para conseguir trabalhos que beiram a abstração e fotografias bem artísticas.
1/25 seg em f5 ISO 1000É importante dizer que apenas com muitos testes é possível atingir resultados satisfatórios, mas vale a pena tentar e se aventurar… os resultados podem surpreender!
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