SÉRIE: “O PROFISSIONAL COM P“ – Primeiro tutorial de Moda
“O QUE TEM DE SER FULL FRAME É O CÉREBRO E NÃO A CÂMERA!”
Bom dia, meus caros Fotodgnianos!!!!! :-)
Depois de alguns anos de ausência deste espaço que eu vi nascer, é com muito prazer que aceitei o convite do meu “velho” amigo Diogo Guerreiro para voltar a criar artigos para Você que quer aprender as técnicas que desenvolvo ao longo desses 30 anos de fotografia profissional na área da Moda e Publicidade. Vale lembrar que venho da Fotografia Analógica (onde não havia monitor na câmera para conferir e Photoshop ou Lightroom para dar jeitinhos para atender os meus Clientes) www.fernandobagnola.com . Isso faz toda a diferença na qualidade geral do meu trabalho atual em digital porque estou acostumado a pensar analogicamente com a tela mental em todas as variáveis antes de disparar e quando faço isso o trabalho já sai pronto sem precisar de correções importantes.
E quais as vantagens disso?! … são muitas para quem tem o objetivo de ser “Profissional com P”:
1) Eu consigo surpreender o meu Cliente logo no primeiro clic sem aquele estilo do “clica-olha-clica-olha” (fotografia do tipo tentativa e erro) e durante a sessão consigo prever o resultado dizendo o que vou fazer e mostro a foto ali mesmo ganhando respeito, confiança e me destacando da concorrência (para futuros trabalhos).
2) Como hoje em dia qualquer um que compre uma câmera já se diz “profissional”, mesmo que não tenha formação ou experiência, o mercado foi invadido por um tsunami de “olhógrafos” que não passam essa segurança que é fundamental no mercado da Moda e Publicidade onde somos acompanhados por Criativos e Diretores de Arte que entendem muito da parte técnica, da composição, da fotometria, da nossa capacidade de absorver e captar exatamente o briefing e detectam no primeiro clic quem é quem. Também vejo pela net alguns “professores instantâneos” que arrotam, falam palavrões durante as “aulas” e que não imaginam o que é atender um bom Cliente e a minha proposta aqui é criar um mundo mais real mostrando o que deve ser feito para poder realizar o sonho de ser um “Profissional com P” que está muito distante desse formato tôsco que alguns apontam como sendo a postura do sucesso de um Empresário da Fotografia (literalmente, sem noção!).
3) Consigo ser mais ágil na edição e não gasto um tempo gigante foto por foto … ou seja … envio um “caminhão” de opções em um prazo a jato que deixe o Cliente satisfeito por ter me escolhido. Talvez Você não seja da área da Moda e Publicidade e esteja pensando que isso aqui não serve para nada … CUIDADO!!! … porque serve para TODOS os segmentos como, por exemplo, a Fotografia de Casamento que é uma área que desperta muito interesse hoje em dia. Se o fotógrafo consegue entender a luz disponível e chegar aos resultados pretendidos com rapidez mental na combinação com o flash portátil, também conseguirá ganhar um bom dinheiro com a venda direta das impressões durante o evento e entregar no dia seguinte todas as imagens editadas para poder aproveitar que a emoção tipo “Love is in the air” e ser muito bem falado dentro da rede familiar que é uma fonte de novos trabalhos. De que adianta reclamar da concorrência dos “fotógrafos de bolso” que publicam em tempo real as imagens dos seus smartphones (algumas excelentes se a pessoa tiver boa noção de fotografia) e demorar um mês para entregar as fotos profissionais porque teve que ficar corrigindo o trabalho porque errou na luz do flash, na combinação com o ambiente que ficou escuro, na composição, no alinhamento, … ??!
4) E mais … hoje em dia, as noivas são diferentes das “antigas” porque já não querem aquele fotógrafo tradicional que faz fotos posadas, paradinhas, tipo “olha o passarinho” sem qualquer sinal da emoção real do casamento dos novos tempos. As noivas de hoje, na sua imensa maioria, têm informação de Moda das revistas, Blogs e Publicidade Editorial das grandes marcas e é obrigatório que o Profissional da Fotografia seja alguém extremamente bem informado que consiga conjugar a linguagem mais moderna (fashion wedding) com todas as fases tradicionais da cerimônia onde a linguagem é mais clássica do ponto de vista da abordagem dos momentos que sempre devem fazer parte desse trabalho (troca de alianças, a hora de cortar o bolo, etc).
Dito isto, acredito que tenha conseguido explicar a minha maneira de pensar (e agir) do ponto de vista da importância da melhor relação entre a capacidade técnica versus a dependência dos programas de edição e, principalmente, daquilo que é necessário para poder ser um “Profissional com P” que tenha uma postura empresarial impecável para poder crescer a cada dia na profissão, seja qual for a área escolhida. Portanto, se Você se identificou com aquilo que eu escrevi até aqui, então seja bem-vindo ao barco e sigamos com o primeiro tutorial de Moda que pode ser aplicado também em Publicidade de Produtos de Beleza (Beauty), para composites de modelos e capas de revistas.
Uma outra parte bastante importante que eu sempre faço questão de ressaltar é sobre qual o equipamento ideal para poder chegar onde pretende ao invés de sair comprando tudo o que encontra pela frente sem saber em que mercado quer atuar acabando por gastar dinheiro a mais pensando que está a fazer um bom investimento (que são coisas completamente diferentes). Defendo, firmemente, que “O QUE TEM DE SER FULL FRAME É O CÉREBRO E NÃO A CÂMERA” porque nos dias de hoje as câmeras semi-profissionais com sensor APS-C conseguem resultados excelentes e custam bem menos do que as full frames. Na minha opinião, vale muito mais a pena investir em formação séria e boas lentes que sejam compatíveis com um upgrade no futuro quando você quiser conquistar novos mercados e, enquanto isso, procurar atender Clientes com o seu equipamento “não full frame”. Exemplos: Books para Modelos, Agências de Modelos, Gestantes, Produtos para e-commerce, Casamentos (desde que tenha uma boa escala de ISO), Revistas Virtuais, Bloguers de Moda (e não só), etc, etc, etc, …
Obviamente, meus artigos estarão dirigidos aos que querem chegar ao ponto mais alto da profissão que são as Grandes Revistas, Editoriais e Campanhas de Publicidade e em alguns dos próximos artigos passaremos pela parte do marketing da profissão que só quem vive a realidade desse mercado é que pode ensinar … e é esse o caminho que vamos trilhar juntos a partir de agora!
Alguns colegas e alunos que gastaram muito dinheiro em equipamentos sem pensar no público que gostariam de conquistar não gostam muito quando afirmo isso, mas posso garantir que é assim que as coisas funcionam para quem quer ter uma melhor relação custo x benefício e, principalmente, rentabilizar o investimento feito para poder começar a ganhar dinheiro mais rapidamente depois de ter recuperado o que gastou e também não estar sob pressão na hora de fazer um orçamento. Embora no meu trabalho de Publicidade a Full Frame seja uma exigência porque normalmente a impressão é gráfica e de grande formato, há outros trabalhos deixo a Full Frame de lado e faço conscientemente a opção pela “não full frame” por razões técnicas que explico a seguir.
E para provar aquilo que afirmo aqui (e para os meus alunos), vou partilhar com Você um esquema de iluminação que foi criado, testado e aprovado por mim para um Book de uma modelo profissional envolvendo Beauty, Corpo e também para o portfolio da maquiadora feito com uma câmera CANON 20D de 8,2 mpx com uma lente CANON 100-300 mm | 4.5 – 5.6 que, “supostamente” para alguns colegas, deveria estar no lixo. Porém, se você escolher um mercado onde o seu equipamento consiga responder com qualidade, foque nele até que ganhe dinheiro para reinvestir e crescer de forma sustentada para novos segmentos que exijam uma Full Frame.
Vamos então às fotos escolhidas e, logo a seguir, vou ensinar detalhadamente como construir a luz!!!
Modelo: Mariana Pereira | Make up/Hair: Rita Malheiro Make up
Para mim, neste caso, uma das maiores vantagens de eu ainda usar a 20D depois de 11 anos é poder aproveitar a suavidade natural da pele pela baixa resolução em comparação com as mais modernas sem ter que gastar horas construindo peles falsas na edição para poder suavizar aquilo que já sai da câmera com um aspecto muito natural.
Obviamente, só consigo isso se fotografar em RAW, tendo muita atenção ao “Ponto Ótimo” da minha objetiva associado ao indispensável fotômetro manual Minolta VF e usar em situações onde tenho total controle sobre aquilo que quero fazer. E para os que se sentiam inseguros porque achavam que só com uma Full Frame é que poderiam ser “Profissionais com P”, vou colocar duas dessas fotos com a resolução máxima (3504 X 2336) que a câmera 20D permite para que os que têm equipamentos mais novos e com muito mais pixels disponíveis possam sentir que conseguem chegar onde o sonho alcança desde que sejam tecnicamente capazes.
E agora o esquema completo da “ILUMINAÇÃO TRIANGULAR” com a descrição da configuração que eu usei lembrando que a modelo deverá se posicionar na linha da mancha de luz no chão (para frente) das softboxes e isso criará a Luz de Recorte ao redor do rosto e do corpo da modelo nas fotos acima.
1) Fundo branco | 2 softboxes a 45 graus | Potência = X (onde o valor de X é a fotometria que der no flashmeter)
2) Beauty Dish | Posição do tripé para a esquerda com a luz para o rosto| Potência = X/2 (-2EV ou – 1 fstop de X)
3) Vista superior da distribuição triangular da iluminação | Esquema para strobes de estúdio ou flashes portáteis.
Espero que tenha gostado e vai daqui um grande abraço deste fotodgniano!!!
Até a próxima … É NÓIS!!! :-D