Referência, um foco necessário
Tudo que fotografamos e criamos será que foi mesmo uma ideia única e exclusivamente nossa? Será que não fomos buscar, mesmo que inconscientemente, em algo que já olhamos, vivenciamos e já pesquisamos ou se trata de algo totalmente inexistente até o momento.
Acredito na primeira opção. Ou seja, após filtrar o que achou de bom e proveitoso para você em suas referências resolveu colocar em prática, mas com seu estilo característico.
“Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.” Ansel Adams
Um dos argumentos contrários a esse pensamento se baseia na ideia que olhar referências e outros trabalhos pode “podar” seu processo criativo. Não concordo, pelo contrário. Creio que quanto mais enriquecermos nossa biblioteca de imagens melhor.
Impossível deletar tudo e formatar o “nosso hd” como se fosse uma máquina – cenas de filmes, do cotidiano que dariam uma bela imagem, livros…-. Então voltamos a questão do filtro que é muito particular de cada um. O que é bonito para você pode não ser para outra pessoa e vice-versa.
Desta maneira, vou citar algumas referências que me agradam muito e procuro colocar em prática (imagens a seguir de cada referência com uma tentativa minha) conforme a circunstância e tipo de trabalho. Uma delas que me impressiona bastante é a do pintor italiano Caravaggio – considerado o primeiro representante do estilo barroco – pela nítida qualidade. Afinal, o controle sobre luz e sombra – fundamental para boas fotografias – que demonstra em suas obras é formidável.
Caravaggio: Luz e sombra
Outro que não posso deixar de citar é o austríaco Ernest Haas. Primeiramente pela coragem e iniciativa de procurar inovar e criar algo diferente, sair do lugar comum e isso já naquela época (entre 50 e 60). Inovações no uso das cores, imagens borradas e fora de foco, captura de formas abstratas que geravam resultados belíssimos – Em 1958 foi considerado um dos dez melhores fotógrafos no mundo pela revista Popular Photography.
Ernest Hass: cor, enquadramento, cenário
Antes do terceiro nome já adianto e concordo que: quantidade não é qualidade. Pois bem, me refiro a Stanley Kubrick (diretor, roteirista e produtor de cinema americano), que fez 13 filmes ao longo dos seus 46 anos de trabalho. Sim, número pequeno se compararmos com números de outros diretores. Mas o principal motivo, entendo assim, foi o perfeccionismo de Kubrick. Detalhes, sempre eles, mas que no final fazem toda a diferença.
Stanley Kubrick: ponto de fuga
Se notarmos nas cenas de suas direções iremos perceber o constante uso do ponto de fuga nelas. Qual o objetivo disso? Talvez o de “puxar” o telespectador para dentro da cena (opinião particular), mas o fato que não é por acaso o uso de técnicas como essa
Por fim cito um filme que fui atrás após me despertar a curiosidade entre outros indicados pelo fotógrafo, cinegrafista e colunista do Fotografia DG Armando Vernaglia Junior: O Conformista, do diretor Bernardo Bertolucci, com direção e fotografia de Vittorio Storaro.
“Apenas” por isso já vale a pena. Preste atenção nas variadas formas de enquadramento que são utilizadas. Ou seja, tudo pode, desde que tenha um por que, um objetivo… vai totalmente contra ao politicamente correto de fazer imagens apenas verticais e horizontais, por exemplo.
Bernardo Bertolucci: cena inclinada
Por que não um enquadramento diagonal. Uma sequência do filme ilustra bem isso e principalmente pelo motivo e não apenas por querer fazer algo diferente, pois a intenção é ressaltar a psique e momento conturbados do personagem.
Por isso tudo reafirmo o quanto é válido olhar, pesquisar, assistir e ter referências. Não se limite e fique preso a regras, dê liberdade para suas ideias e coloque em prática. Bons cliques !!!