Quais a Funções do Obturador?
Olá querido Leitor(a), tudo bem com você?
Dando continuidade ao nosso artigo anterior onde tratamos sobre “Qual o tempo estimado da vida útil dos Obturadores“, a partir deste mês iremos tratar sobre os 3 principais componentes para se registrar uma imagem bem exposta que são Obturador, Diafragma e ISO.
Alguns podem achar,”pô mais um artigo de algo tão básico e que trás informações nos manuais“, mas eu posso garantir que neste meu tempo como professor de fotografia e também profissional atuante, estes caras são os geram as maiores duvidas, muita gente incluindo profissionais, por muitas vezes preferem trabalhar com sistemas semi-automáticos porque não sabem lidar com o uso dos 3 simultaneamente na opção M (manual) que oferece toda a disponibilidade para o operador (fotógrafo) configurar sua câmera de acordo com a determinada cena que queira capturar. Desta forma hoje estaremos entrando nos mínimos detalhes sobre o OBTURADOR, quais suas funções, seu objetivo e como pensar nele como prioridade?
Obturador
Este é um mecanismo que se encontra dentro do corpo da câmera logo a frente do sensor, conhecido também como cortinas, pois o mesmo é formado por um conjunto de 2 cortinas, onde uma tem a função de abrir desta forma deixando o sensor exposto a luz e a outra a função de fechar interrompendo a passagem desta luz para o sensor.
Sendo assim podemos dizer que o obturador é responsável pelo tempo de exposição do sensor à luz e este tempo pode ser mais longo ou mais curto. Quando falamos deste controle de luz temos que deixar claro que a luz que nos referimos é a Ambiente natural ou continua eletrônica (lâmpadas, Led, kino Flo, etc), quanto a luz de flash, o obturador não tem controle sobre o mesmo e este assunto falaremos no próximo artigo.
Nos modelos DSLR, Mirrorless e Médio Formato o obturador é apresentado no LCD como mostrado na imagem abaixo.
Em modelos de câmeras com ajustes completos, o tempo máximo de exposição do sensor à luz é de 30″ (Trinta Segundos) este tempo pode ser ampliado através da opção Bulb e com auxilio de um controle remoto que faz o obturador ficar um tempo ainda maior aberto, quanto mais tempo o sensor fica exposto, consideramos uma baixa velocidade. O tempo mínimo de exposição do sensor a luz varia de equipamento, mas pode ser de 1/4000 ou 1/8000, nomeamos esta configuração como Alta Velocidade.
Bom, entendemos que nossas câmeras possuem baixas velocidade e altas velocidade mas na prática no que isso resulta?
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Quanto menor seja a velocidade do seu do seu obturador, isso significa que seu sensor estará mais tempo aberto, desta forma captando mais luz da determinada cena. Por outro lado quanto maior for a velocidade do seu obturador, menos luz chegará ao sensor.
Confira a imagem abaixo, onde montei um exemplo para melhor lhe explicar. Para isso mantive as configurações de Diafragma em F2.8 e ISO em 400, modificando somente a velocidade do obturador.
Como explicado na própria imagem, a da esquerda, eu configurei em meu fotômetro de mão o diafragma e ISO e ele me deu como tempo exposição correto 1/125, ajustei esta velocidade em minha câmera e este foi o resultado.
Na imagem do meio eu baixei a velocidade do meu obturado para 1/30 e como pode perceber a imagem ficou mais clara ou como dizemos profissionalmente esta “Superexposta”, em termos técnicos ela esta +2EVs ou +2 pontos acima da iluminação correta demonstrada pelo fotômetro.
Na Imagem da direita fizemos o contrário a partir do 1/125 subimos um pouco mais a velocidade chegando a 1/500 sendo assim a imagem ficou mais escura ou “Subexposta” em -2EVs ou 2 pontos abaixo da fotometria principal.
Fazendo uma ressalva, estes resultados só aconteceram porque mantive o Diafragma e ISO em suas configurações iniciais, ajustando somente o Obturador, com isso consigo mostrar perfeitamente a questão de quanto menor minha velocidade, mais luz chega ao meu sensor e quanto maior minha velocidade, menos luz. Este é um passo que temos que entender e que confunde muitas pessoas.
Quanto a nomenclatura apresentada nas câmeras, quando lemos 1/30 por exemplo, esta informação esta nos dizendo que nosso obturara esta 30 frações mais rápido que 1 segundo.
Exemplo:
1/ = Um Segundo dividido por?
/???? = Frações que estão dividindo o segundo.
Também iremos encontrar as seguintes nomenclaturas, 1″, 10″, 30″, estes números com as aspas laterais dizem que sua câmera esta ajustada em segundos inteiros.
Exemplo:
1″ = Um segundo
10″ = Dez segundos
30″ = Trinta Segundos
Para estas configurações descritas acima o uso de um Tripé é indispensável, pois ao realizar um retrato com estas configurações e câmera na mão, com certeza esta imagem aparecerá borrada.
Quando usamos a opção de velocidades baixas?
Quando trabalhamos com velocidades baixas em nossas câmeras elas registram tudo que iluminado e esta acontecendo durante o tempo em que o sensor esta exposto, diferente da filmagem, na fotografia todos estes registros são capitados em um único Frame como demonstra a imagem abaixo.
O local onde esta imagem foi realizada é uma escada lateral ao teatro municipal aqui da cidade e praticamente no ambiente noturno pouca luz ilumina a mesma. Com o Uso de uma lanterna e a configuração da Câmera em 30″ F 8.0 e ISO 100 (Uso de diafragma mais fechado e ISO Baixo, serve para controlar a entrada de luz gerada pelo maior tempo de exposição do sensor a luz), mantivemos nossa modelo por 8 segundos em cada local sendo iluminada pela lanterna. Quando ela mudava sua posição, apagamos a lanterna até ela estar em sua próxima posição e assim fizemos nas 3 etapas.
O porque de se apagar a lanterna? Se mantivesse-mos a lanterna ligada, com certeza o movimento da modelo seria capitado pela câmera, e como o local era escuro, o movimento não é captado.
Este é um retrato realizado em apenas um clique e não possui edição, é claro que para chegarmos neste resultado minha aluna precisou tentar algumas vezes até encontrar qual a melhor velocidade e quanto tempo precisaria iluminar com a lanterna e também uma compensação de diafragma e ISO para controlar a luz dos postes ao fundo.
Outro exemplo de uso de velocidades baixas é brincar com as luzes. Quando mantemos um tempo de exposição maior e iluminamos esta cena com uma lanterna ou qualquer acessório que ilumine, ao movimentarmos esta luz e com criatividade podemos gerar belas imagens.
Na imagem a baixo meu aluno Leandrinho, posicionou sua câmera em com um tripé em uma das pontes que corta a maior via da cidade no horário de pico dos automóveis e conseguiu este resultado.
Como pode perceber tudo que esta imóvel aparece em nossa cena sem borrões, na pista somente luzes, pois as mesmas são Lanternas na parte direita e faróis na parte esquerda, de vários automóveis que circulam pela via. Só conseguimos ver as luzes porque as mesmas deixam rastros ao se movimentarem, no caso dos carros, não conseguimos ver porque os mesmos não estão sendo iluminados e estão muito mais rápidos que a velocidade do obturador. A Velocidade do Obturador nesta imagem é de 10″ (Dez Segundos).
Para finalizar nossos exemplos com velocidades baixas de obturador e também para mostrar que alguns efeitos também podem ser gerados em períodos bem iluminados, como mostro no exemplo abaixo.
Para este retrato foi usado o mesmo recurso que nos exemplos anteriores, mas a velocidade de obturador não precisou ser tão baixa, aqui o Sergio usou 2″ de velocidade F22 e ISO 100 para poder controlar as altas luzes do ambiente. Como o movimento da cachoeira é muito rápido o efeito da imagem é este que chamamos de Véu de Noiva.
Resumo
Você pode pesquisar na Web e encontrara uma porção de retratos realizados com a configuração de velocidade acima dos 1″ (Um Segundo), efeitos que levam os nome de Light Painting, Panning entre outros, mas não podemos esquecer que para termos um retrato com qualidade o uso do Tripé é indispensável e sempre temos que compensar usando o diafragma e ISO para termos uma iluminação homogênea.
Para conseguirmos fotografar na mão a velocidade limite dependendo da objetiva que estamos usando em nossa câmera é de 1/30 ou 1/60 para garantir, abaixo disso com certeza sua imagem aparecerá levemente ou totalmente borrada, pois qualquer movimento por mais leve que for durante o click será captado e desta forma não teremos uma imagem com qualidade total.
O Uso de Altas Velocidades
Agora vamos passar para o outro lado que é o uso de altas velocidades, que além de controlar as altas luzes também serve para tentar congelar determinados movimentos. Eu escrevi “tentar congelar” porque dependendo da velocidade que o assunto que queira congelar esteja, nem a velocidade mais alta do obturador que é 1/8000 consegue realizar o congelamento completo.
Como já falamos anteriormente quando temos uma configuração 1/????, o que esta depois da barra esta informando em quantas frações o segundo esta sendo dividido.
A partir da Velocidade de 1/100 conseguimos dois fatores, um deles é começar a anular a nossa luz ambiente eletrônica em locais fechados.
Exercício
Pegue sua câmera, mantenha em ISO 100 ou o mínimo que a mesma permitir, em F 5.6 que é uma abertura intermediária e coloque na velocidade de 1/100 e tente fotografar em qualquer lugar fechado que contenha somente luz eletrônica (lâmpadas).
Posso garantir para você que seu click ficou totalmente escuro.
Exemplo
Em Estúdio usamos muito as configurações de Velocidade entre 1/100 e 1/200 para termos a anulação total das luzes acesas no ambiente, desta forma conseguimos montar nossas luzes com flashes e tendo controle total sob o que cada luz ira nos gerar.
Da mesma forma que a partir de 1/100 passamos a anular as luzes eletrônicas em locais fechados, esta mesma velocidade é a configuração inicial para termos controle do movimento, mas movimentos leves e quanto mais rápida estiver configurada a velocidade do nosso obturador, maior será o efeito e percepção de congelamento. Temos que estar cientes que precisamos estar em locais bem iluminados para que nossa velocidade não seja tão alta a ponto de anular a luz por completo.
Abaixo um dos retratos que fiz em um treino de futebol de um projeto social aqui de minha cidade.
Para este retrato usei a velocidade de 1/800 que serviu tanto para controle da luz ambiente e também controle de alguns lances deste treino.
Na Imagem abaixo minha aluna Inaia Braghini que tem paixão por apresentações de dança e participa como voluntária em uma escola de dança, em uma das apresentações ela conseguiu esta imagem usando uma 50mm em F4.0 e velocidade de 1/200 neste caso ela não anulou a luz, porque os canhões de luzes de teatros, palcos de shows, campos de futebol, são muito mais fortes de que uma iluminação domiciliar.
Outro exemplo é o retrato de Splash que minha aluna Sarah Sakima produziu em nossa aula de estúdio, neste caso ela precisou usar um flash para conseguir o congelamento. Como já citei anteriormente, dependendo da velocidade do movimento nem em 1/8000 conseguimos o congelamento completo e se tratando de estúdio esta configuração ira anular por completo a luz, então uma forma de se conseguir o congelamento mesmo estando em velocidades mais baixas é com auxílio de flash e no futuro iremos tratar mais a fundo sobre este assunto.
Resumindo todo este nosso material e deixando algumas dicas importantes para que memorizem
No ajustes das velocidades entre 30″ e 1/8000 temos a seguinte seqüência.
1/15 – 1/20 – 1/25 – 1/30 – 1/40 – 1/50 – 1/60 – 1/80 – 1/100 – 1/125 – 1/160 – 1/200 – 1/250 – 1/320 – 1/400 – 1/500 – 1/640 – 1/800 – 1/1000
Neste trecho da escala total que descrevi acima temos as configurações em Azul que determinam os pontos cheios e as configurações em vermelho que determinam os terços de ponto.
Grave estas informações
1/30 ou 1/60 – Velocidade mínima permitida para se fotografar na mão
1/100 – A Partir desta velocidade passamos a anular luzes continuas em locais fechados e também passamos a congelar movimentos.
Contamos sempre com -1 Fstop (menos um ponto de luz) quando nós dobramos o número atual que esta configurado em nossa câmera e contamos com +1FStop (mais um ponto de luz) quando caímos pela metade este nosso número.
Exemplo:
Na configuração 1/250 F 5.6 ISO 100 meu fotômetro esta indicando o seguinte:
Nossa fotometria como indica a imagem é de -2 Fstops (Dois Pontos a menos) se comparando a luz do ambiente. Para corrigirmos nosso fotômetro e pensando somente no ajuste do Obturador a configuração correta seria a seguinte:
Se estou em 1/250 e quero ganhar 2 pontos nossos passos serão:
1/200 = 1/3 | 1/160 = 2/3 | 1/125 = 1 Ponto
Como pode perceber caímos nosso valor pela metade o resultado do nosso fotômetro, será?
Ainda não chegamos ao nosso ponto ideal então continuemos nosso ajuste.
Se paramos em 1/125 e preciso de mais um ponto devemos então:
1/100 = 1/3 | 1/80 = 2/3 | 1/60 = 1 Ponto
Com este procedimento atingimos nossa meta, desta forma nosso fotômetro ira nos apresentar.
Nossa configuração Inicial saiu de 1/250 e chegou em 1/60 para podermos ter um retrato bem exposto.
Dica: No seletor de ajustes manuais de todas as câmeras, “muitos não sabem”, mas eles possuem uma travinha, eles não rodam lisos e sim sempre fazem um “téc”, esta trava não está ali por acaso, a cada “tec” consideramos 1/3 de luz e a cada 3 “tec” 1 ponto inteiro de luz, seja pra + ou -.
Muitas vezes presencio as pessoas girando este seletor de forma acelerada, desgastando as peças e a função que esta ali para auxiliá-los. Caso você tenha dificuldades de guardar as numerações do obturador, use o auxilio da câmera, contando cada estalo que a mesma gera.
Para finalizar este artigo, quero deixar dois testes para você resolver e gostaria que deixasse a resposta destes testes nos comentários para eu poder entender se realmente consegui passar as informações para você e as mesmas foram compreendidas.
Então vamos lá?
EX 1:
Estamos com a configuração de 1/160 F5.6 e ISO 400 e nosso fotômetro esta indicando o seguinte:
Qual seria a velocidade correta para zerar este nosso fotômetro?
Obturador ?/??? F 5.6 ISO 400
EX 2:
Estamos com a configuração de 1/1000 F 5.6 e ISO 400 e o fotômetro indica o seguinte:
Qual seria a velocidade correta para zerar este nosso fotômetro?
Obturador ?/??? F 5.6 ISO 400
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Em nosso próximo artigo estaremos abordando o tema diafragma e desmistificando a ideia que uma grande maioria tem de investir em uma objetiva clara só porque ela tem um Bokeh, desfoque bonito.
Espero que tenha gostado deste nosso artigo e você pode nos deixar perguntas, pautas sobre o que mais tem duvidas e conforme os pedidos, podemos adiantar alguns assuntos.
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Grande Abraço e um ótimo mês de outubro para você.