Photoshop na Fotografia Social
Quando utilizar o Photoshop sem alterar a realidade dos acontecimentos
Trata-se por fotografia social aquela voltada para eventos (casamentos, formaturas, festas de debutantes, aniversários infantis…). Nada mais é do que o registro que eterniza um acontecimento especial. E todo fotógrafo social já ouviu, ao menos uma vez, a famosa frase (ou alguma derivação dela): “Depois você arruma essa foto no Photoshop, hein!”.
Esta é a polêmica: até que ponto é plausível utilizar os recursos de uma ferramenta como o Photoshop na fotografia social? Sim, porque, como já citei logo acima, a foto social é totalmente voltada para o registro de um momento. Ou seja, ela eterniza um acontecimento real. Será que é interessante (ou, até mesmo, correto) alterar este acontecimento, tornando-o falso, irreal?
Como fotógrafa social, a minha humilde opinião é a de que é válido, sim, o aperfeiçoamento que visa melhorar o resultado final de uma fotografia. Isto é, correções normais como contraste, luz, cor, balanço de branco, enquadramento… Fatores técnicos, que interferem na qualidade da imagem e que sempre foram corrigidos, mesmo no tempo da fotografia analógica. O fotógrafo revelava o negativo em laboratório e, a partir das provas de contato, fazia anotações sobre o que deveria ser corrigido para, então, gerar a fotografia final, mas sem alterar o teor, a essência original da imagem.
Diante disso, podemos afirmar que o Adobe Photoshop é o laboratório do fotógrafo atual. Desde a chegada da fotografia digital que este programa é quase obrigatório para quem faz fotografia. É ferramenta indispensável para que o resultado final de todo um trabalho seja satisfatório.
Porém percebo que, atualmente, o Photoshop vem sendo, cada vez mais, usado de forma banal. Alguns fotógrafos (ou “vulgo fotógrafos”) não têm cuidado ao fotografar, justamente porque através do Photoshop é possível alterar tudo (ou quase tudo) numa imagem, desde o fundo, até a cor da roupa ou a eliminação de elementos.
É preciso, sim, cautela e carinho ao fotografar. Não somente, mas principalmente na fotografia social. Ainda é muito importante a preocupação, por parte do fotógrafo, com as condições e adequações em que o trabalho de campo será realizado, além de conhecimento técnico (me refiro ao equipamento e à mínima noção a respeito de teoria da Fotografia), evitando o exagero nas edições e proporcionando a verdade do registro.
Acredito, ainda, que a manipulação da imagem com o intuito estético não é para a fotografia social. Este recurso acaba criando uma figura fictícia. Os catálogos e as revistas de moda ou as fotografias publicitárias precisam deste recurso para adequar a imagem de seus modelos e produtos, tornando-os vendáveis. Por isso a gigantesca preocupação com as gordurinhas e as “imperfeições” físicas de um(a) modelo. Tudo para seguir e manter um padrão de beleza e de consumo estipulados.
Para a fotografia social, alterar as marcas do tempo (rugas), o formato do corpo de alguém, ou o local onde a foto aconteceu, significa forjar uma imagem e não registrá-la como ela realmente é. De que adianta uma noiva mais “cheinha” ter seu corpo totalmente manipulado? Ou a mãe de uma debutante ter seu rosto refeito (tão retocado, que fica parecido com o de uma boneca de cera)? De que adianta alterar o ambiente de uma festa, só para que ele fique mais “bonito”, mais “apresentável”? Nada disso será real num álbum e quando qualquer uma dessas pessoas quiserem rever e reviver momentos através da fotografia, terão apenas falsas memórias.
A fotografia social é a pura representação da vida real e tem como principal objetivo eternizar a realidade, as pessoas e as emoções, para que no futuro nos lembremos das coisas como elas eram de fato!