Pensando sobre workshops…
Ministrar workshops é um prazer raro que todo fotógrafo deveria experimentar um dia. Compartilhar conhecimento, mesmo que recebendo por isso, é uma das melhores formas de aprender. Parece confuso ler a frase anterior, mas é a pura verdade.
Todo fotógrafo que ministra um workshop aprende muito. Não apenas com os alunos, sempre atentos e prontos para questionar pontos fundamentais do tema, mas consigo mesmo, com sua forma de ver a fotografia, seu trabalho e o contexto no qual ele está inserido.
Mas, até onde um fotógrafo tem capacidade para ministrar um workshop?
Vamos pensar nisso olhando por outro ângulo.
Quando meu filho começou a falar as primeiras palavras, tive a preocupação de pronunciá-las da forma mais clara possível, para que ele ouvisse e repetisse da mesma forma. “papá” posteriormente tornou-se “papai”, e assim é até hoje.
Desta forma praticamente qualquer fotógrafo com conhecimento suficiente pode ministrar um workshop básico. Certo?!
Não é bem assim.
Além de conhecimento técnico é preciso didática. E esta é a parte difícil da história. Quando ensinei meu filho a pronunciar corretamente “papai” tinha a didática correta para isso. Levando para a fotografia, é preciso que o professor saiba como transmitir as informações.
Conheço grandes fotógrafos que nunca arriscaram ministrar um workshop pelo simples fato de não terem intimidade com a didática. Assim como conheço fotógrafos que não são nenhuma enciclopédia da fotografia e ministram workshops maravilhosos, pelo simples fato de terem uma comunicação muito clara com seus alunos.
A questão do workshop não está centrada no conhecimento. Depende muito da forma de comunicação e transmissão das informações.
E, afinal, como escolher um workshop?
O primeiro passo é saber se quem ministra conhece o assunto. De nada adianta buscar conhecimento onde ele não está.
Se quiser algo básico, qualquer profissional da área, disposto a ensinar, provavelmente terá o conhecimento necessário. Se não tem, deveria.
Se quiser algo específico, procure um especialista. De nada adianta buscar técnicas de fotojornalismo esportivo com um fotógrafo de culinária…
O segundo, e provavelmente mais importante, é saber de outros alunos se o workshop “funciona”.
Escolas de fotografia normalmente são as mais procuradas porque possuem uma metodologia de ensino muito bem fundamentada. Porém, cresce a cada ano o número de workshops ministrados por fotógrafos autônomos, com excelente bagagem técnica e didática de fácil entendimento.
Quanto maior o conhecimento técnico do ministrante e melhor a didática, maiores são as chances de acerto na escolha do seu próximo workshop.
Parece redundante, mas vejo muitos alunos preocupados com o “nome” do fotógrafo que vai ministrar determinado workshop, sem saber se ele tem ou não uma boa didática.
Cursos rápidos são ruins?
Não necessariamente. Tempo não é sinônimo de qualidade. Se o tema permite uma abordagem rápida, porém eficaz, não vejo problema algum. Não espere, no entanto, sair de um workshop de 4 ou 6 horas expert em alguma coisa. São, normalmente, abordagens superficiais que permitirão ao aluno ter um norte em seus estudos posteriores.
Só para constar: fotógrafo passa a vida estudando e, quando acha que sabe, vê o trabalho de alguém e descobre que ainda falta um bocado de páginas pra estudar e técnicas para esmiuçar!
E se eu quiser ministrar um workshop: devo ou não cobrar?
Se você tem conhecimento e didática para ministrar um workshop, não há mal algum em cobrar por isso. Quando você precisa de um curso, seja qual for a área, você paga para ter o conhecimento. Paga porque lá vai encontrar alguém que tem domínio do tema o qual você está disposto a aprender. Paga porque de graça ninguém vai lhe ensinar sobre o assunto. Paga porque tem interesse em ser ensinado por alguém que domina o tema e pode sanar todas as suas dúvidas.
Mas, estarei criando um concorrente, não?
Tenho um pensamento bem claro sobre isso. Quando ensino alguém a fotografar, esta pessoa busca o que eu sei. Enquanto ela está preocupada em saber o que eu sei, eu aprendo o que não sei. Logo, quando este “concorrente em potencial” souber o que sei, eu já saberei muito mais.
Além do mais, se você tem medo da concorrência, está fazendo o quê no mercado da fotografia, hein?
Mas esse papo de concorrência fica pra outro artigo.
Boas fotos!