Uma velha e recorrente discussão, Fotografia e Arte – Parte 2
O mercado de obras fotográficas vintage
Dando prosseguimento ao artigo anterior sobre a discussão “Fotografia e Arte”, estarei observando neste segundo artigo o mercado de arte para as fotografias vintage.
O “retrô” e o “vintage”
Em primeiro lugar deve-se realizar a diferenciação entre o que é “retrô” e o que é “vintage”.
Então vamos lá:
Retrô ou Retro é um estilo cultural desatualizado ou velho, uma tendência, hábito, ou moda do passado pós-moderno global, mas que com o tempo se tornam funcionalmente ou superficialmente a norma mais uma vez. A palavra “retro” deriva do prefixo latino retro, que significa “para trás” ou “em tempos passados” – particularmente como visto na forma de palavras retrógradas, o que implica num movimento em direção ao passado, em vez de um progresso em direção ao futuro e, a posteriori, referindo-se um olho crítico ou nostálgico do passado.
Entendendo a origem da palavra vintage. Seu inicial significado nada tem a ver com nostalgia ou fotografia. É o nome dado a determinada colheita de vinhos. A origem ou significado vem de vint relativo à safra de uvas e age de idade. Ou seja, os vinhos mais velhos, desde que bem acondicionados seriam melhores. Denominam-se também vintage os vinhos do porto mais especiais que se caracterizam por terem a capacidade de envelhecer dentro da garrafa.
Vinhos vintage são excelentes, mas voltemos à fotografia.
A fotografia vintage: Quando falamos em fotografia vintage são pelo menos 20 anos de antiguidade, a foto deverá ser um registro de uma determinada época e/ou ter sido produzida com o estilo próprio de um determinado fotógrafo. A fotografia vintage para ser considerada arte e consequentemente ganhar espaço entre galeristas e colecionadores não pode ter sofrido nenhuma transformação (releitura), e ainda representar um instante da época e estar em perfeito estado.
A fotografia retrô: No oposto, fotos que buscam inspiração em trabalhos produzidos décadas atrás e que estejam sendo produzidas para consumo, portanto são releituras, e podem ser classificadas como retrô, é um estilo cultural desatualizado ou velho, uma tendência, hábito, ou moda do passado pós-moderno global, mas que com o tempo se tornam funcionalmente ou superficialmente a norma mais uma vez. A palavra “retrô” deriva do prefixo latino retro, que significa “para trás” ou “em tempos passados” – particularmente como visto na forma de palavras retrógradas, o que implica num movimento em direção ao passado, em vez de um progresso em direção ao futuro e, a posteriori, referindo-se um olho crítico ou nostálgico do passado.
A onda retrô tem feito sucesso entre os apaixonados por fotografia. Inúmeros aplicativos e recursos encontrados hoje permitem ao público reviver um pouco daquela época, inclusive resgatando alguns dos métodos mais artesanais de obtenção de imagens.
Resumindo: A fotografia vintage é um trabalho antigo, porém bem preservado e a foto retrô é um trabalho novo com aparência de antigo.
Uma fotografia realizada em estilo retrô poderá até ser considerada uma obra de arte, mas não poderá ser considerada uma obra vintage.
O mercado de galerias e colecionadores
No mercado de arte das fotografias vintage encontramos diversos estilos, desde fotografias jornalísticas que contam a história de uma época até fotos de moda e publicitárias que marcaram um momento histórico. Fotos de arquitetura e de paisagem (vide Ansel Adans) também podem ser consideradas vintage, assim como fotos tiradas na rua (street photos de Cartier Bresson).
O mercado de arte para fotografias vintage também está aberto para fotos realizadas por fotógrafos desconhecidos em sua época e que são encontradas por algum membro da família anos depois. Se tiverem qualidade técnica, fizerem o registro de uma época ou acontecimento, retratarem algum nome reconhecido, tiverem uma sequencia e estiverem em bom estado, o mercado certamente irá se interessar por elas.
Os valores de mercado para as fotos vintage oscilam muito entre diversos fatores como: o nome do autor, a quantidade de cópias numeradas que foram realizadas, se as fotos foram ampliadas pelo próprio fotógrafo, assinaturas, estado da obra e vários outros aspectos.
De acordo com informações de galeristas as fotografias com tiragens pequenas e limitadas sempre aumentam o valor da obra. Essa, segundo os galeristas é a razão para que as fotos do brasileiro Sebastião Salgado não alcancem uma alta soma em galerias, uma vez que o fotógrafo não aceita realizar tiragens limitadas de suas obras.
Mas…. em se tratando de arte e fotografia sempre existe alguma dúvida, ou não…
A foto abaixo eu realizei compondo da seguinte maneira:
- uma foto vintage como fundo
- balança e sacos de café verdadeiros como primeiro plano
- tratamento de cor em photoshop para uma tonalidade café
É uma foto vintage ou retrô? Em meu entender nenhuma das duas nomenclaturas cabe para essa foto, ela é sim uma composição.