O hedonismo nas lentes de David LaChapelle

Se tivesse que eleger um artista que mais fielmente consegue retratar a sociedade atual, certamente eu apontaria o nome de David LaChapelle.

Em cenários exuberantes, onde cores intensas dão vida para histórias que descrevem enredos aparentemente insólitos LaChapelle disserta sobre quem nos tornamos.

Sorriso fluoxetina. Maquiagem opulente. Plástico intangível. Olhar de pornôpose. Cabelos embebidos em laquê. Personagens exibidos simulando o prazer. Pura performance.

LaChapelle esconde sua violência sob a máscara do sarcasmo. E assim, ele tira o maior sarro com a nossa cara, atingindo até nossos valores mais “sagrados”, como quando retrata a Última Ceia, ou a famosa passagem do Lava-pés.

Ninguém melhor do que ele capturou nossos desespero insano por aparecer, nosso jeito promíscuo e vulgar de demonstrar felicidade e a saga insensata que leva nosso corpo a se transformar em objeto ordinário.

LaChapelle apresenta com deboche nossa existência barroca assistida agora por tecnologia de ponta e efeitos especiais que matizam nosso hedonismo grosseiro.