Minha próxima câmera: DSLR com visor híbrido
Nos últimos anos temos visto uma evolução constante nas câmeras fotográficas digitais.
Minha primeira câmera digital foi uma Kodak DC-200 com 1 megapixel, em 1999. Parece pouco, mas para internet e para impressões 10x15cm não era necessário, e acredito que ainda não seja, muito mais que isso. Em equivalência com câmeras 35mm, essa pequena Kodak tinha uma lente fixa de 35mm e as cores e a fotografia automática gerada eram excelentes para a época.
Aliás, as máquinas compactas evoluíram até metade da década seguinte, quando repentinamente começaram a gerar imagens piores no automático, foi também nesse período que as DSLRs começaram a dominar a fotografia. Coincidência? Impressão minha apenas? Hoje (2016), o celulares estão tirando imagens melhores que as compactas atuais, ajudando a enterrá-las definitivamente.
Kodak DC-200 – 1 megapixel – 35mm equiv. – de 1999.
A Kodak DC-200 tem um tamanho semelhante ao das menores rangefinders e possui um visor ótico integrado que fica bem próximo a lente dando uma visão semelhante a uma compacta de filme da época de seu lançamento. Era essa a construção da maioria das compactas digitais em seus primeiros anos. Um dos grandes problemas de câmeras com visor ao lado é o erro de paralaxe que faz com que não vejamos o que realmente vai sair na fotografia.
No erro de paralaxe, quanto maior a distância para o objeto a ser fotografado, menor o erro, e quanto menor a distância, maior o erro. As rangefinders top de linha tinham um sistema de moldura no visor que se ajustava de acordo com a distância medida para o objeto, minimizando o erro. Se o objeto não estava focado e a distância não medida corretamente, a moldura não corrigia nada.
Como na Era do filme só se via o resultado após a revelação, um dos grandes avanços foi a invenção de câmeras que não tivessem esse problema e mostrasse no visor ótico exatamente o que se veria na foto, e o sistema que teve grande aceitação foi o SLR (Single Lens Reflex), que consiste em um jogo de espelho e prismas que permitem que a luz que passa pela lente vá diretamente ao visor proporcionando a visão perfeita da cena.
Esquema de uma SLR ou DSLR que a faz imune ao erro de paralaxe.
Tudo resolvido, mas com a entrada da fotografia digital no mercado surgiu o visor digital e muitas câmeras até sem visor, permitindo que se visse a cena em um pequeno monitor LCD atrás da câmera. O visor digital ou o monitor LCD mostram exatamente a imagem a ser fotografada, pois a luz passa pela lente e incide diretamente no sensor que capta a imagem e a câmera pode assim enviar a imagem para o visor.
Hoje em dia estão na moda as mirrorless que normalmente apresentam apenas o monitor LCD. Mas em ambientes externos e luminosos é muito difícil ver a imagem nesse monitor para clicar sem problemas e quem sofre de presbiopia ou hipermetropia fica prejudicado por ter que ficar de óculos direto ou tirando e colocando. No visor ótico ou digital basta regulá-lo para o seu grau de visão.
Particularmente não gosto de câmeras sem visor, apenas com a monitor LCD, pois em dias de Sol é quase impossível ver algo nessa tela. O visor permite que se veja a cena sem problemas.
Tenho uma Fuji X100S que me lembra a Kodak DC-200 em relação ao tamanho, lente e visor ótico. Claro que a Fuji dá de 1000 a zero nessa Kodak, pois praticamente uma década e meia de tecnologia as separam. A Fuji é uma câmera estilo retrô na linha das rangefinders. Sendo assim, seu visor ótico apresenta erro de paralaxe.
Porém a Fuji corrigiu esse erro através do uso de um visor híbrido, ou seja, você pode optar por usar o visor ótico tradicional ou acionar o visor digital, que não tem o erro de paralaxe. Mas fica sem sentido usar o visor ótico que apresenta esse erro se temos o digital que além de não apresentar esse erro nos mostra uma boa estimativa de como vai ser a foto em relação à luminosidade. Ao contrário do ótico que em locais de pouca luz não mostra como a foto vai sair de jeito nenhum, pois ele não leva em consideração o ISO, velocidade de exposição, balanço de branco, saturação, efeitos etc.
Fuji X100S
Com a experiência de usar esse visor híbrido fico imaginando minha próxima DSLR com esse visor. No caso da DSLR o visor ótico não tem o erro de paralaxe e o digital também não teria, unindo as melhores características de cada sistema. Além disso, em uma SLR ou DSLR o visor ótico permite a visualização direta da profundidade de campo, opção que uma rangefinder não permite.
Visor ótico com o frame interno para facilitar a fotografia numa
rangefinder e o digital do lado direito.
Ou seja, um visor híbrido em uma rangefinder corrige os problemas intrínsecos que esse tipo de máquina possui e acaba por tornar meio sem sentido ter um visor ótico numa “rangefinder” moderna. Por outro lado toda máquina precisa de um visor, seja ele qual for para que não tenhamos problemas em ambientes externos luminosos e também facilite a vida de quem tem problemas de visão. Em uma DSLR o visor híbrido teria o melhor dos mundos qualquer que seja a opção de utilização.
Usar um visor digital, tirando a parte da fotografia externa com Sol e problemas de visão, é igual a fotografar com o monitor LCD e hoje ainda não é a melhor opção numa DSLR para fotos de ação pois existe um pequeno retardo entre a captação da imagem pelo sensor e a exibição no visor e não faz falta não ver muita informação no visor enquanto se fotografa ação. Mas acredito que a tecnologia irá melhorar e onde o visor digital não for bem temos a opção do ótico e viceversa. Esse é o grande avanço de se ter um visor híbrido em uma DSLR.
Mas, minha nova câmera ainda precisa ter modos 3D e imagens com foco ajustável na edição ou multifoco, como a da câmera Lytro Illum e assemelhadas. O recurso de foco ajustável na edição já é possível com ideias de câmeras como as que “filmam” uma cena com diversos focos e geram um arquivo que permite escolher qual foco usar, que ficaria perfeito na minha próxima câmera. Mas isso já é outra história.