Linguagem, técnica e vice-versa
Muito além de um clique. Sabemos que o assunto fotografia é vasto e quando começamos a fatiá-lo por temas e áreas nos deliciamos e queremos sempre aprender e entender mais. Neste artigo vou abordar uma questão na qual percebi que gera um pouco de conflito enquanto forma de entendimento: a linguagem.
No estudo da semiótica, que podemos definir como a ciência geral dos signos ou a ótica dos sinais, temos algumas maneiras de nos comunicar. Ou seja, existe a linguagem verbal, a linguagem corporal (sim, o corpo fala!), a linguagem universal dos gestos e assim por diante.
O conflito citado acontece justamente se o assunto for linguagem fotográfica. Sim, sabemos que a foto também é uma maneira de comunicar, simples assim. Mas do ponto de vista de um fotógrafo, iniciante na área ou apenas aos amantes de fotografia e que possuem um certo entendimento, o termo linguagem se amplia.
Horizonte alto que transmite sensação de leveza
Afinal, ao analisar uma fotografia nos baseamos em dois aspectos. O primeiro seria a técnica: luz e sombra, foco, ângulo, profundidade de campo… Enquanto o segundo seria a linguagem em si. O que o autor da fotografia pretendia passar e “falar” com ela? Resumindo, por intermédio da técnica ele consegue comunicar algo pela imagem.
A linguagem corporal, por exemplo, que por si só geraria um outro artigo. Como o corpo fala, ele “diz” muito dentro de uma imagem. Conforme as posições e gestos que você dirige uma modelo, por exemplo, em uma sessão, alcançando seu objetivo de comunicar algo.
Uma modelo de braços cruzados não estaria tão receptiva na mensagem, ao contrário se estivesse de braços abertos. Como também mãos no cabelo, pernas cruzadas… tudo expressa alguma coisa não comunicada verbalmente. Quer dar importância para alguém? Veja o resultado ao fotografar num ângulo de baixo para cima, como passa a sensação de poder e grandiosidade. Agora se a ideia for inversa faça o registro de cima para baixo.
A intenção é chamar o espectador para dentro da imagem? Que tal utilizar o ponto de fuga, técnica muito utilizada pelo excelente Stanley Kubrick, que inclusive já comentei no artigo “Referência, um foco necessário”.
Mas vale destacar um ponto. Nem só que possui conhecimento técnico é capaz de transmitir determinada mensagem por uma fotografia. Quem não conhece de técnica também consegue transmitir uma mensagem, mesmo que não propositalmente e esta é a única diferença. Todavia sabemos que o resultado das nossas imagens é uma consequência de nossas experiências.
– Sugestão do livro O Corpo Fala, do autor Pierre Weil