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Entrevista com Lauro Maeda
Depois de algum tempo envolvido numa série de trabalhos, cursos, viagens, etc… estamos de volta com o assunto Wedding Brasil 2013, desta vez com os brasileiros que estarão presentes nesta edição:
Workshops:
Lauro Maeda (tema: Cerimônia e Iluminação)
A técnica e o olhar: Rompendo barreiras para uma nova linguagem
Rafael Benevides (tema: Pré-wedding)
Fotos incríveis em qualquer locação
Congresso:
Jared Windmuller (tema: Orientação de Carreira e Construção da Marca)
O Fotógrafo completo: os pequenos detalhes fazem a diferença
Robison Kunz (tema: Identidade Fotográfica)
Em busca da fotografia autoral
Marco Costa (tema: Negócio e Empreendedorismo)
Um empreendimento chamado “fotografia de casamento”.
Renato dPaula (tema: Linguagem fotográfica)
A história nunca se repete: quebrando os padrões.
Evandro Rocha (tema: Iluminação)
A luz e sua magia: Transforme a sua maneira de fotografar
Achei que seria interessante conhecer um pouco mais sobre os palestrantes. Pensando nisto, farei algumas entrevistas com esta galera que irá participar deste grande congresso, dividindo seu conhecimento e experiência conosco. Como moro em Florianópolis, ficou mais prático iniciarmos pelo quintal de casa: Começo esta série de entrevistas com uma das lendas da fotografia Florianopolitana e também Brasileira, pois atualmente ele é um dos fotógrafos de casamentos mais conceituados no Brasil. Com um olhar atento e perspicaz desenvolve uma fotografia marcante e sofisticada. Para mim, sempre foi uma forte influência, principalmente quando começei a fotografar profissionalmente casamentos.
Aqui, Lauro Maeda falou um pouco sobre sua vida de fotógrafo e outras “cositas más”… Espero que curtam este bate-papo.
Júlio Trindade: Lauro Maeda conte-nos sua trajetória na fotografia: Como fez para chegar aonde está e cite um fator determinante para um jovem que está iniciando agora no mercado e pretende se tornar um fotógrafo em tempo integral?
Lauro Maeda: A minha trajetória começou cedo, quando ainda era criança. Circulava nas dependências da loja do meu pai, que vendia equipamentos fotográficos e acessórios, além de insumos (filmes, químicos para preto e branco etc). Aos 13, 14 anos, já atendia no balcão. Vendia, explicava o funcionamento das câmeras. Era uma diversão, acima de tudo. Aos quinze, meu pai me presenteou com uma Pentax Spotmatic e aí as coisas evoluíram muito rápido. Na época, tinha alguns amigos que pegavam onda e, quando souberam que eu tinha um equipamento (300mm com duplicador X2), o convite veio imediatamente. Lembro bem da primeira session de surf, na Praia do Santinho, no norte da Ilha. Senti que poderia ir mais longe e bem rápido. Tanto que logo em seguida, comprei minha primeira Nikon. Pouco tempo depois, comprei uma Teleobjetiva Novoflex com foco de gatilho. Uma coisa do outro mundo! Era uma 600mm! E sem o duplicador. Uma diferença muito grande na qualidade das imagens. Nessa época já colaborava com algumas revistas e informativos de surf. Até que, em 1991, tranquei a faculdade de Jornalismo para ficar um ano no Japão com a intenção de comprar a tão sonhada Nikkor 800mm f/5.6 ED. A partir de 1992, vi um dos meus sonhos virar realidade: fotografar para as Revistas Fluir e Inside, logo depois a Hardcore. Fiz inúmeros trabalhos para essas três revistas durante uns 4 a 5 anos. Paralelamente ao surf, fazia trabalhos de publicidade, moda, arquitetura e interiores, além do fotojornalismo. Me formei em 1995 e três anos mais tarde, voltei para a UFSC para lecionar nas disciplinas de Fotojornalismo. Eu já fotografava alguns casamentos, principalmente através de indicações de amigos e colegas. Mas a partir de 2001, já desligado da UFSC, passei a me dedicar mais na fotografia social. A fotografia espontânea estava ganhando bastante espaço e as noivas buscavam esse estilo. E foi com essa proposta que conquistei uma boa fatia do mercado da época. De lá pra cá, muita coisa mudou. Não só na fotografia em si, mas em tudo o que cerca esta profissão. Desde o atendimento, passando pelos clicks, até a entrega do álbum ou livro. Tudo demanda muita dedicação e profissionalismo para que o cliente perceba a excelência dos serviços. Sem contar na presença do estúdio, ou do próprio fotógrafo, nas redes sociais.
JT: Porquê a fotografia de casamento?
Lauro Maeda: A fotografia de casamento foi uma consequência de todo um processo de aprendizado e busca por novas experiências. Percebi que era um filão bem interessante e que muitos noivos buscavam uma nova linguagem fotográfica para os seus casamentos. Como eu tinha o que eles queriam, foi muito natural.
JT: Aonde é que está sua maior satisfação: A construção de uma história a cada evento, sempre partindo para algo inesperado e novo, aonde não se sabe o resultado final? Ou a análise criteriosa do resultado final de cada trabalho, percebendo-se dos erros e acertos cometidos durante o evento?
Lauro Maeda: Acho que as duas coisas. Cada casamento é uma história única. Os noivos são diferentes, os pais, os convidados, enfim, por mais que dois eventos aconteçam no mesmo local, com a mesma decoração, e tudo o mais, eles serão diferentes. Cada um terá uma história pra desenvolver. Cada um terá um diferencial pra explorar, uma abordagem peculiar, um resultado único. E na segunda etapa de todo o processo, quando estou editando minhas imagens e da minha equipe, vejo coisas que podem ser melhoradas, que podem evoluir. Claro que, muitas vezes, não depende só da gente. Mas o mais importante é estarmos preparados.
JT: O conceito de arte é bastante discutível, você se considera um artista? Explique melhor?
Lauro Maeda: Realmente. O conceito de arte é uma eterna discussão. Mas eu me considero um artista, sim. Quando estou com uma câmera colada no rosto, usando a minha estética para compor, meu feeling pra dirigir ou não os retratados, e meus conhecimentos técnicos para capturar uma imagem, acho que estou exercendo e honrando o que chamamos e consideramos arte.
JT: Como se manter up to date, com esta nova geração hi-tech chegando, visto que somos de uma geração da película?
Lauro Maeda: Essa é uma ótima pergunta. Eu acho tudo isso muito bacana, apesar de saber que, naturalmente, estamos dividindo nosso publico consumidor com essa nova geração. Mas ao mesmo tempo, me sinto vivo! Sinto que ainda tenho muito o que oferecer na fotografia. Não só na fotografia de casamentos, mas na fotografia de família, de gestantes, de crianças… Fotografar pessoas é o que adoro fazer. E a “pressão” da nova geração, deixa tudo ainda mais estimulante. É muito bom se sentir útil e ainda com gás pra “brigar”com essa galera mais nova. Sou um cara competitivo. É uma característica minha.
JT: Qual a importância de um congresso como o Wedding Brasil 2013 para a fotografia de casamento em nosso país?
Lauro Maeda: Acho uma grande oportunidade para fotógrafos que têm o compromisso com a fotografia. O compromisso de ver, refletir, interpretar, absorver e processar informações que o ajude a evoluir como profissional e como pessoa. Se formos analisar, as primeiras edições foram voltadas às demandas mais básicas da maioria dos profissionais, que são as demandas técnicas. Hoje, a atenção é para o olhar, o processo criativo, as nuances de linguagem, a logística e ao marketing. Tudo isso é compartilhado com os congressistas, através das palestras com os melhores fotógrafos do país e do mundo. Não é à toa que a evolução da fotografia de casamento no Brasil, nos últimos 5 anos, é muito significativa. Não só quantitativa, mas principalmente, qualitativa. E isso é o que mais importa.
JT: Nesta edição você está ministrando o Workshop: A Técnica e o Olhar: rompendo barreiras para uma nova linguagem – Tema: Cerimônia e Iluminação – O que esperar de sua participação no WB 2013?
Lauro Maeda: Os participantes deste workshop poderão entender todo o meu processo fotográfico: a leitura das cenas; tomadas de decisão, de acordo com cada momento; planejamento e estratégias na busca de novas abordagens. A utilização da luz existente (suas vantagens, quando usar, quando e como acrescentar uma luz auxiliar), as possibilidades de uso do flash on board e off câmera, as relações de contraste e suas características. Esses são alguns assuntos que serão abordados no meu workshop. Lembrando, será no dia 21/4/2013.
JT: Desejando sorte a você neste novo projeto, gostaria que deixasse seu recado para os congressistas do WB 2013:
Lauro Maeda: Acredite na sua fotografia. Acredite em quem você é e não em quem você gostaria de ser. Este é o caminho mais viável para você encontrar as respostas que precisa para avançar sempre.