Jan Banning e os burocratas
“Você precisa assinar esta via aqui e aqui…” — bordão burocrata
De recém-nascido até morrer temos que lidar com formulários, assinaturas, autenticações, comprovantes, declarações, atestados, procurações… enfim, documentos dos mais variados tipos. Não raro pedem mais de uma via e uma pequena e confusa peregrinação para legitimar tais documentos. Quem as pede? Os onipresentes burocratas, que marcam presença nos mais variados Estados e diversas culturas.
Sua relevância já foi tema em discussões entre pensadores de administração, área na qual tem-se, entre outras, a Teoria Burocrática da Administração, formulada pelo economista Max Weber. Como é de se imaginar, há controvérsias quanto a real necessidade e/ou conveniência dos burocratas, afinal não é sempre que uma repartição passa a impressão de ser um local para organização de documentos, como Jan Banning nos mostra em várias imagens do livro Bureaucratics.
Na série de Banning, é notável como há locais onde a burocracia parece atingir níveis grotescos, transparecendo em cenários dignos de uma encenação para Todos os Nomes de José Saramago — saletas beirando a um verdadeiro caos inconformado. Outros locais de trabalho burocrático no entanto parecem demonstrar a real função dos burocratas, que seria ordenar a infinidade de documentos com os quais lidamos por toda uma vida, e até deixamos para nossos descendentes. A intrigante variedade desta categoria enganosamente “toda igual” foi bem registrada por Banning, e mostramos um pouco dela aqui.