A Harmonia entre a Simetria e a Fotografia na Composição da Perspectiva
Simetria é uma relação de paridade, tanto em respeito à altura, largura e comprimento, das partes necessárias para compor um todo. Segundo Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano que viveu no século I A.C, a simetria consiste na união e conformidade das partes de um trabalho, em relação à sua totalidade, e na beleza de cada uma das partes que compõem o trabalho. A simetria deriva do conceito grego de analogia, que é a relação entre todas as partes de uma estrutura com a estrutura inteira. É impossível pensar em fotografia sem pensar em simetria.
Além da simetria, precisamos considerar também os elementos geométricos de uma foto, tais como os objetos, as luzes, a arquitetura, as sombras, e explorar através da criatividade as linhas e formas que eles criam, gerando o que conhecemos como o conceito de perspectiva. Um dos aspectos mais fascinantes da fotografia é a infinita gama de possibilidades que uma mesma cena oferece. Um fotógrafo de atitude domina a dinâmica de uma foto que se difere a partir da posição que ele assume diante do seu alvo ao definir aquilo que deseja transferir com as informações disponibilizadas na imagem. Unir simetria e geometria consiste em disponibilizar elementos de forma lógica e equilibrada para que sua composição fotográfica não se transforme em uma poluição visual.
Série “Livros, Vinhos e Fotografia”
Veja nos exemplos que as duas imagens tem um ponto de partida diferente. A (Imagem 1) foi feita diagonalmente ao tema proposto, trazendo uma dinâmica mais interessante. A (Imagem 2) foi feita de frente para o tema e, mesmo que alguns dos elementos se repitam, o objetivo parece empobrecido pelo ângulo proposto.
De onde para onde?
“Viagem de Trem de Minas Gerais ao Espírito Santo”
Uma das principais características da fotografia é a de produzir uma imagem bidimensional de objetos tridimensionais. Todos nós possivelmente já observamos os trilhos de uma linha férrea por uma distância relativamente grande. À medida que se afastam do olhar, a distância entre os trilhos parece se tornar cada vez menor, até que parecem se unir. Contudo, sabemos que a distância real entre os trilhos permanece a mesma. Essa aparente mudança nas dimensões é comum. Um mesmo objeto pode ter tamanhos diferentes se observado de diferentes distâncias. Os dois elementos principais da perspectiva são a linha de horizonte e os pontos de fuga. No exemplo da linha férrea, o ponto para o qual os trilhos parecem convergir é chamado de ponto de fuga (Imagem 3). A cena retratada não precisa necessariamente possuir um único ponto de fuga. Seja qual for o número deles, todos eles se distribuem sobre uma mesma linha horizontal – a linha do horizonte (Imagem 4).
A Altura do Horizonte
“Rio Xingú – Pará”
A mudança na altura do horizonte altera a nossa percepção dos objetos, ou seja, o ponto de vista (Imagens 5 e 6). A mudança de perspectiva provocada pela alteração do ponto de vista é um recurso comumente aplicado em fotografia. Porém, só é possível ao fotógrafo controlar a perspectiva na prática cotidiana. Um bom meio de adquirir esta prática é analisar suas próprias fotos e testar diferentes pontos de vista, avaliando se os resultados obtidos satisfazem ao que se pretende definir na imagem e quais os efeitos estéticos visuais aparecem na imagem final.
Um forte abraço e até a próxima.