Fotógrafo Amador ou Profissional?
No meu ponto de vista (que fique claro), acredito que pode não haver diferenças técnicas entre um e outro, visto que o aprendizado é livre e os cursos de fotografia não são exclusivos para fotógrafos profissionais. Há vários fotógrafos amadores que fazem fotos muitas vezes incompreensíveis em termos de qualidade e beleza aos olhos de muitos fotógrafos profissionais, bem como fotógrafos profissionais que seria melhor ter colocado seu sobrinho de 9 anos pra fotografar a festa.
Portanto, depende da qualidade de profissional ou amador a qualidade de suas fotos. Não é esta diferenciação de classes que determinará seu nível de aprendizado, seus limites e seus desejos na fotografia. Quem estuda mais, quem pratica mais, quem tem maior cuidado na execução da foto, sairá ganhando.
Já no aspecto financeiro a coisa começa a se diferenciar um pouco. Tenho pra mim que um fotógrafo profissional é aquele que vive de fotografia, ou seja, paga suas contas de casa como água, luz, telefone, escola dos filhos, alimentação, tudo através da fotografia, seu trabalho, seu lavoro. Aqui a fotografia se torna uma profissão e seu trabalhador, por consequência, é um profissional. Já o fotógrafo amador não se dedica exclusivamente à fotografia mas à tem como um hobby (o que não quer dizer que ele não saiba fotografar, lembrem-se!). É o advogado, o açougueiro, o administrador, o operador de telemarketing que tem em seu tempo “livre” a oportunidade de fazer algo que goste e este algo é a fotografia.
Então quer dizer que o fotógrafo amador não ganha dinheiro com a fotografia? Além de eu não ter dito isto ainda quero reafirmar que sou completamente contra à execução de serviços amadores gratuitos, só porque são amadores. Eu mesmo adoro ser chamado de amador, pois eu amo a fotografia e sou um amador sim desta arte, desta forma de se expressar e registrar momentos, lugares, pessoas. A questão é que se eu sou amador eu não tenho o compromisso de procurar clientes, não dependo da fotografia para sobreviver. Isso não quer dizer, se alguém queira que eu faça algum trabalho fotográfico e eu encontro um espaço na minha agenda, visto que já possuo um emprego,uma profissão, que eu faça o trabalho de graça. Eu simplesmente não tenho o mesmo compromisso com a fotografia que um fotógrafo profissional tem e não fico desesperado, louco porque um cliente não apareceu, porque o final do mês está chegando e eu não acabei os 4 álbuns que deveria ter montado já. Continuo fotografando por paixão, por amor à fotografia, mas se alguém quiser algum serviço meu, vai ter que me recompensar sim. Do contrário, é algo só meu, meu hobby, minha paixão e vai ficar só comigo.
Já no aspecto prático a coisa muda completamente. Como já disse um pouco logo acima, a vida de um fotógrafo profissional é completamente diferente da de um fotógrafo amador. O compromisso muda, a agenda muda, os equipamentos mudam, a relação com os clientes muda, tudo muda!
Uma das coisas que mais chateiam os fotógrafos profissionais é, justamente, o que eles mais querem. Os clientes. Isso mesmo! Um fotógrafo amador pode recusar qualquer trabalho que não lhe interesse, executa o trabalho quando bem entende, geralmente trabalha sozinho e não possui prazos curtos visto que sua linha de produção não é adequada para grandes volumes. Já o fotógrafo profissional lida com prazos curtos em relação ao volume de serviços e produção de materiais fotográficos, deve ter uma postura profissional em relação aos seus clientes, pois muitas das vezes vai lidar com pessoas que nunca viu antes. Geralmente tem sua linha de produção preparada para alta demanda o que inclui um investimento mais do que significativo em relação ao amador. Seus serviços devem ser garantidos em determinados aspectos de qualidade e tempo. E o melhor (rsrsrsrsr), o cliente costuma te pedir pra fazer tudo e nunca estará satisfeito por completo. Coloca isso, tira isso, meu queixo tá estranho, me emagrece no photoshop, tira tooodas as minhas rugas e espinhas, não quero ver uma estria sequer, não gostei dessas fotos e quero fazer outras… e por ai vai. Saber lidar com isso é algo que se leva tempo pra aprender e cada um terá seu próprio método.
Uma linha de evolução que eu costumo ter como ideal é a seguinte. Começa-se sendo um fotógrafo amador. Teste, brinque, explore, faça acontecer… mas sem compromisso, sem pressão, sem nada para te atrapalhar. Depois passe a pegar alguns serviços esporádicos para se ter uma ideia de como a coisa funciona. Nesta etapa, trabalhar como freelancer é uma das melhores opções. Muitos se tornam freelancers e nunca mais param, pois gostam só de fotografar e não tem tato, jeito com os clientes, não querem se aborrecer com contadores, impostos, contas, etc. Se depois de toda essa experiência você estiver certo de que quer se tornar um fotógrafo profissional, ai sim está na hora de dar o próximo passo. Com conhecimento, experiência, com firmeza na fotografia suas chances de ter sucesso como fotógrafo são maiores. Muitos são os que abrem seu estúdio muito rápido, mas não tem a mínima noção de como é ser um empresário e, rapidamente e infelizmente, estão fechando suas portas, com dívidas muitas vezes astronômicas.
E os equipamentos? Sim, os equipamentos. Fotograficamente falando não é porque você vai adquirir uma 1Dx ou uma D4 que será um fotógrafo profissional, eu te garanto isso! Um equipamento dito “profissional” pelas fabricantes sugere que o equipamento possui qualidades para servir em qualquer serviço e/ou condições climáticas, que é o grande diferencial na fotografia, como materiais mais resistentes contra impactos, selados e com ISO menos ruidoso em baixas condições de luz. Veja, se você vai trabalhar em um estúdio, protegido, com luz controlada e produzir apenas álbuns e pôsteres, uma simples câmera de entrada já é suficiente, como uma D5100 da Nikon ou uma 650D (T4i) da Canon. Provavelmente fotografará com ISO 100 ou 200 onde não há ruído e os megapixels são mais que suficientes para garantir uma “boa” qualidade. Se for fotografar eventos, que geralmente acontecem à noite, como shows, casamentos, festas de aniversários, você sentirá a necessidade de uma câmera melhor em relação ao ISO e de lentes mais claras (f2.8, f1.4, etc) e com zoom, como a 17-40mm e 24-70mm, salvo as fixas que tem aberturas enormes como a 50mm f1.8 ou f1.4 que são excelentes em relação à luminosidade em ambientes escuros. Se for fotografar natureza, sob sol forte, poeira e chuvas, câmeras com o corpo em liga de magnésio e seladas, burst rápido com um mínimo de 6fps e lentes tele como a 70-200mm, 70-300mm e 100-400mm serão ideais, bem como as lentes macro para foto de objetos pequenos como flores, insetos, etc. Para esportes as lentes com zoom são ótimas também, porém, a luminosidade é imprescindível para garantir velocidades capazes de congelar os movimentos, daí o uso de uma 300mm, ou 400, ou 600mm, todas fixas, seria o ideal.
Mas tudo isso independe da qualidade do fotógrafo no que diz respeito a ele ser amador ou profissional, visto que é a situação quem determina o que você deve possuir de equipamentos e acessórios e não o seu status. Ter o melhor equipamento, portanto, não te torna um profissional, ao contrário, faz com que você seja muito mais cobrado em relação à qualidade de suas imagens. Portanto, cuidado com investir demais em equipamentos sem necessidade.
Espero com este longo e cansativo texto ter elucidado algumas questões sobre a paixão por fotografar e obrigação de fotografar, não que uma esteja completamente desconectada com a outra, mas que há sim diferenças significantes e que não é vergonhoso de forma alguma se dizer um fotógrafo amador, ao contrário, se é amador e faz bem feito o que pode acontecer é você ganhar muito respeito entre os colegas!
Fiquem na paz!