Como estudar fotografia sem sobrecarregar-se
Em meio a tanta coisa a aprender na fotografia não é difícil cair numa sobrecarga. Saiba evitar.
por Jim Hamel, via Digital Photography School
foto via Pexels
É provável que você esteja suando para melhorar sua fotografia. Você tenta ser uma excelência em todas configurações de sua câmera, buscando controlar coisas como profundidade de campo enquanto tenta cravar mais o foco e incrementar a nitidez de suas fotos. E ainda tem aquelas regras todas de composição a ter em mente ao mesmo tempo. É coisa demais pra lembrar, e isso pode ser massacrante. Honestamente, é o bastante para deixar-lhe nostálgico(a) pensando nos velhos em que você botava sua câmera no modo mais automático e disparava instantâneos.
Antes que volte para aquilo, entretanto, vamos dar uma olhada em algumas formas de evitar a sensação de sobrecarga, e seguir crescendo na fotografia.
Use os macetes do swing
Primeiro você pode dar uma olhada rápida nas outras áreas da vida que sujeitam pessoas a sobrecarregar-se. Talvez nenhuma atividade envolva tanto o sentimento de sobrecarga num iniciante do que golfe. Quando você está aprendendo o swing do golfe, não é incomum estar com 12 a 15 pensamentos correndo na cabeça. Se você tenta colocá-los todos em prática de uma vez o resultado é inevitavelmente um desastre.
Apesar disso, é comum ouvir golfistas falar de “macetes do swing” (swing keys). Trata-se de limitar seus pensamentos a apenas uma coisa que você queira fazer naquele swing em particular. A natureza física no macete do swing vai variar de golfista pra golfista. Para um pode ser manter o pulso firme; para outro, seguir no movimento. Depende apenas do swing deles e suas fraquezas. Isso dá ao golfista algo no que pensar para melhorar seus macetes e ainda evita a sobrecarga.
Funciona pra fotografia também
Penso que essa analogia também é útil para fotógrafos. Quando você está em campo preparando-se para seus cliques você pode ter mil pensamentos diferentes percorrendo sua mente. Pode estar temeroso com o nível geral de exposição, ajustando a profundidade de campo correta, evitando o ruído digital, ficando de olho no ponto de foco, mantendo a foto nítida, posicionando o motivo na parte certa do quadro, criando um background interessante, buscando por linhas-guia, tentando criar alguma emoção,e por aí vai. Tudo isso por levar à sobrecarga. Ter um ou dois swing keys em mente pode ajudar a ter mais clareza.
Pessoalmente estou sempre pensando sobre o primeiro plano. Fazer isso me ajuda a manter meus pensamentos agrupados. Isso também direciona especificamente questões de foco, profundidade de campo, modelo e a composição de uma forma geral. Para você pode ser algo diferente. Não importa o que seja — e pode levar um bom tempo — apenas tente simplificar as coisas. Lembre-se que muitas vezes as melhores fotos são as mais simples. Além disso, como veremos logo adiante, você pode adicionar depois outros elementos.
Crie uma lista de tarefas
Outra forma de correr da aflição com todas as coisas que pretende realizar é criando uma checklist. Quando eu estava começando pensava que ia voltar de uma sessão pra casa me batendo por todas coisas que esqueci de fazer. Eu ia olhar uma série de cliques que fiz e me perguntar por que não tinha feito um bracketing em algumas delas, ou dado zoom em algo, ou adicionado um filtro de densidade neutra num certo ponto, e por aí vai.
Ter uma lista de tarefas vai impedi-lo de esquecer-se dessas coisas. Ao mesmo tempo lhe permitirá relaxar e não ficar angustiado com alguma possibilidade de faltar algo quando estiver em campo. Uma checklist pode ser tão simples ou elaborada quanto você queira. Pode ser um pedaço de papel dobrado ou uma página laminada, não importa. Uma vez que tenha dado os cliques que queria, simplesmente consulte sua lista e tenha a certeza de não ter focado demais em qualquer coisa.
Utilize um processo de construção
Outra maneira de não cair na sobrecarga é evitando fazer coisas demais de uma vez. Ao invés disso, tenha um processo de construção para criar suas fotos passo a passo. Você ficará maravilhado com o quão simples pode ser a fotografia quando se faz uso desse processo. O que quero dizer com isso? Comecemos com um exemplo de um retrato em luz dramática.
Tentar criar a coisa toda num só clique poderá resultar em falha e frustração. Portanto, quebre a foto final em passos. Você pode começar com alguns cliques em que consiga a iluminação correta do fundo. Uma vez acertado, adicione seu flash ou tocha, porém não tente ainda controlar ou modular a luz ainda. Gaste alguns cliques para obter a quantidade de luz que quer, e aí sim mande a luz pro lado e comece a trabalhar na forma e nas direções.
Dessa maneira você poderá perceber que aquilo que parece massacrante à primeira vista torna-se bastante simples. Já fui a oficinas e seminários de fotografia o bastante para afirmar com segurança que muitos mestres da área trabalham desta forma.
Construa uma paisagem da mesma forma
Isso também funciona em outros contextos. Um fotógrafo de paisagens pode encontrar um fundo ótimo e trabalhar na configuração para aquela parte do clique antes de começar a busca por um primeiro plano. Uma vez construída essa parte da foto ele pode olhar para aspectos adicionais a utilizar como motivo ou centro de interesse. Após isso, pode aguardar algo ocorrer que adicione interesse à foto. Como resultado a imagem final parece ser bem complicada, mas ela foi construída passo a passo.
De fato o famoso fotógrafo de rua Henri Cartier-Bresson trabalhou desta forma. Você pode conhecê-lo como mestre do “momento decisivo”, mas ele estava sempre construindo para aquele momento. Ele poderia encontrar um belo ponto a utilizar como fundo, configurar tudo, e daí aguardar que alguma coisa acontecesse. Desse jeito quando o momento decisivo acontecia ele estava pronto e criava uma maravilhosa foto no âmbito geral. Não veio tudo junto num instante que pudesse aparecer de outra maneira.
O ponto geral aqui é lhe mostrar que se você começar de forma simples, pode evitar a sobrecarga. Uma vez estabelecido um tijolo de sua foto, adicione outro. Isso não vai melhorar apenas suas fotos mas também vai resultar em mais diversão — e certamente uma menor sensação de sobrecarga — enquanto estiver clicando.
Tire vantagem da tecnologia digital
Finalmente, à medida que tirar suas fotos, mantenha mais uma coisinha em mente. Lembre-se que a mágica da fotografia digital é obter tantas exposições quantas você queira e que isso não custa nada. Não deve haver pressão alguma!
Não só isso: você obtém um retorno instantâneo sobre o que você acabou de fazer direto na sua tela LCD. Pode simplesmente apagar aquelas ruins (e todos temos cliques ruins) e seguir em frente. Ninguém vai olhar seu cartão e lhe julgar pelas fotos que não funcionaram. Vêem apenas aquelas que você mostra.
De forma semelhante, não fique cismado com qualquer tipo de “taxa de acerto”. Honestamente, se você terminar com uma alta taxa de acerto é provável que signifique apenas que você precisa fazer mais fotos e experimentar mais.
Uma busca sem fim
Feita corretamente a fotografia envolve aprendizado e experimentação. Assim sendo, se por um lado enderecei esses comentários àqueles que estão iniciando, eles aplicam-se em realidade a todos. A sensação de sobrecarga nunca se esvai completamente.
Uma vez sendo mestre nos controles de sua câmera você adicionará outros elementos a suas fotos. Por último, você precisa encontrar sua forma de relaxar e manter tudo divertido. Tenho esperança que essas dicas lhe ajudem um pouco nisso.
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