Fotografia digital: estamos diante da quarta revolução?
Quando a Fairchild All-Sky Camera entrou em ação pela primeira vez, a fotografia nunca mais foi a mesma. O projeto criado no Canadá, em meados da década de 60, foi o primeiro equipamento a receber o título de câmera fotográfica digital. Gerava imagens de 0,01 megapixels baseada no circuito CMOS, criado anos antes para captar imagens em solo lunar, justamente com um microprocessador para as imagens.
Mais de meio século depois, pipocam no mercado equipamentos de todas as formas, das mais variadas resoluções, e com usos diversificados. A fotografia digital nasceu para não sair mais do cotidiano. Mas, qual o caminho trilhado até aqui?
A primeira grande empresa a explorar o novo caminho foi a Sony. Com a então revolucionária Mavica trouxe a fotografia digital para a mão dos usuários. Uma câmera simples, com poucos recursos, custo elevadíssimo (cerca de US$ 12 mil no lançamento), mas com o grande apelo de ser algo fácil de transportar.
Em seguida, com o mercado em franco aquecimento, outras empresas vieram no embalo e ampliaram a linha de produtos ao consumidor.
E com fome de novidades, usuários começaram a pedir mais. Entre os profissionais, havia a necessidade da qualidade de imagem final. Afinal, de nada adiantava o equipamento ser digital se o resultado final fosse ruim.
Surgem, então, as primeiras SLR digitais, no início dos anos 90. Outra revolução tem início. Com maior agilidade para trabalhar com as imagens, a imprensa ganha novos rumos. Na mesma época, a rede mundial de computadores dá início ao seu crescimento exponencial em número de usuários. Surge um novo fotojornalismo: imagens em tempo real da notícia.
Com a crescente da tecnologia, e a melhora gradual da qualidade das imagens geradas, a fotografia digital ganhou outras áreas: publicidade, social…
Mas a terceira revolução ainda estava por vir: as câmeras amadoras eram algo natural no cotidiano, os profissionais também tinham produtos específicos… eis que os celulares entram na briga.
Apesar de não apresentarem a mesma qualidade das câmeras independentes, os celulares com câmera embutida caíram no gosto do público pela praticidade. Em qualquer lugar, qualquer momento poderia ser registrado e compartilhado. Foi o início da era atual da fotografia digital: o fim da privacidade.
Numa associação de tecnologias, celular com câmera, internet e redes sem fio, qualquer fato pode ser divulgado para o mundo em segundos. É um caminho sem volta. Quer uma prova: 11 de setembro de 2001. O famigerado ataque terrorista ao World Trade Center. Momentos após a primeira torre ser atingida, a internet era bombardeada de informações, fotos e vídeos feitos por pessoas comuns, no lugar e na hora certa dos fatos.
E justamente são os celulares com câmera quem devem iniciar uma nova revolução. Recentemente, uma foto do renomado Claudio Edinger foi vendida em um leilão por R$ 4,7 mil. Algo trivial, não fosse o fato da imagem ter sido registrada por um Iphone. No início do ano, Damon Winter foi o terceiro colocado em um prêmio de fotojornalismo da Universidade do Missouri-EUA, com um ensaio sobre a guerra no Afeganistão. As fotos também foram feitas com celular.
E não pára por aí: Apple e Nokia, cujos aparelhos são os preferidos dos profissionais, respectivamente, Iphone e N95, já anunciaram que estão em busca de melhorias nos softwares de processamento de imagens para os novos modelos.
A câmera fotográfica embutida no celular, que deveria ter o simples papel de acessório, começa a tomar as rédeas. E com a atual velocidade da evolução, não será difícil, em breve, o mercado oferecer celulares com lentes cambiáveis. Alguns protótipos criados por entusiastas já circulam na Internet.
Será a fotografia com celular o início da quarta revolução da fotografia digital? Opine!
Fonte da imagem shutterstock.com