Fotografar pássaros – Além de um bom equipamento é preciso ter paciência
Não sou especialista em fotografar pássaros, aliás não sou especialista em nada, em nenhum gênero da fotografia ou em qualquer outra atividade. Não tenho nada contra “especialistas”, alguns são necessários, mas a impressão que tenho é a de que para se especializar em alguma coisa, você tem que se fechar para outras, dedicar-se quase que exclusivamente apenas à sua especialização.
E em fotografia tenho muitos outros interesses, não apenas fotografar pássaros. Então porquê esse é o tema desse meu novo artigo? Bem, eu via algumas fotos de pássaros e me perguntava, como teriam sido feitas, tentava entender como o(a) fotógrafo(a) teria feito, com qual modelo de câmera, qual lente, quanto de exposição, que abertura foi usada? Enfim esse tipo de foto, pássaros ou animais na natureza me atraia mais pela beleza e curiosidade técnica, e não como um gênero da fotografia a que eu quisesse me dedicar.
Para fotografar pássaros é preciso investir num bom equipamento
Entendendo um pouco sobre fotografia e o processo de produção de imagens, fica claro que uma boa câmera ajuda muito nesse tipo de foto, e como animais na natureza e em especial pássaros não estarão “posando” para você, essa câmera deve ser “rápida”, com uma velocidade de obturação que permita “congelar” o movimento. Um “close up” também não será possível se depender apenas da sua aproximação, então uma boa tele também seria muito bem vinda, de preferência luminosa, uma f:2.8 por exemplo. Até aqui já deu para perceber que essa história de fotografar pássaros pode custar caro.
Quando eu comecei a vir com mais frequência para Peruíbe no litoral sul de São Paulo, meu interesse por esse tipo de foto aumentou, a casa em que hoje moro tinha um quintal ao fundo onde havia uma árvore que atraía muitos pássaros. Eu os observava e ficava imaginando um jeito de fotografá-los com os recursos que eu tinha. Meu equipamento até que ajudava, três corpos Canon EOS 40D, 7D e 6D, uma 70×200 f: 2.8, uma 100mm macro também f: 2.8, além de um tele converter 2x, e um monopé Manfrotto que se mostrou muito útil, principalmente quando usava o tele converter. Mas ainda não era o suficiente, durante muitos finais de semana perdi muitas fotos por não ter a experiência necessária, mal eu tentava me aproximar e eles iam embora. Cheguei a comprar uma rede de camuflagem e até que deu resultado, consegui uma primeira foto “quase” aceitável de um sabiá laranjeira.
Paciência e alguns truques podem ajudar a fotografar pássaros
Só quando eu tive a ideia de atraí-los de alguma forma foi que a empreitada começou mesmo a dar bons resultados, comecei a oferecer frutas aos meus “modelos”, e eles em troca, sem perceber é claro, acabaram “posando” para minhas lentes, que a essa altura já tinham sido reforçadas com a compra de uma tão sonhada 100x400mm f: 4.5-5.6, usada é claro, mas uma ótima aquisição, já que eu estava ficando decepcionado com os resultados pouco encorajadores até então obtidos. Tive uma ideia que se mostrou bastante eficaz, oferecer alguma coisa em troca, então com a ajuda de pedaços de mamão, mais a minha 100x400mm e muita, muita paciência os resultados melhoraram, consegui ótimas fotos, em algumas eu ainda acrescentei um flash montado num tripé e disparado com o auxílio de um rádio. Era só apontar para o mamão e ter paciência para esperar a chegada dos meus “modelos”. As coisas ficaram melhores ainda depois que eu plantei uma goiabeira e ela começou a dar frutos, então eles vinham, continuam vindo, atraídos pelas goiabas e pelo mamão que eu continuo servindo a eles, além disso tenho o reforço das flores que minha esposa cultiva e que atrai alguns beija-flores.
A seguir meus “modelos”
Sabiá-laranjeira – (turdus rufiventris)
Ave muito comum na América do Sul, o Sabiá-laranjeira é a ave símbolo do Brasil, conhecido pela plumagem cor de ferrugem no ventre, na época de reprodução exibe também seu canto típico e melodioso. O Sabiá aparece em várias citações poéticas na literatura e na música brasileira.
Canon EOS 7D – EF 100x400mm – f/4.5-5.6 L IS USM
Exposição: 1/250 – f/10 – ISO 250 – modo manual – medição padrão
Tiê-sangue – (Ramphocelus bresilius)
Encontrado na Mata Atlântica, o Tiê-sangue macho tem uma plumagem de cor vermelha muito intensa, com penas negras nas asas e cauda, as fêmeas e os filhotes apresentam uma plumagem bem mais discreta na cor castanho-acinzentada inclusive no bico, no macho o bico também é negro. Sobre essa diferença de cores, um biólogo que conheci numa pauta me explicou que a plumagem exuberante do macho tem duas funções, atrair as fêmeas na época do acasalamento e a atenção dos predadores para longe do ninho.
Canon EOS 7D – EF 200mm – f/2.8L USM +2x
Exposição: 1/125 – f/6.7 – ISO 500 – modo manual – medição padrão
Saí-azul – (Dacnis cayana)
Enquanto o macho apresenta uma plumagem azul e preta a fêmea do Saí é verde com a cabeça azulada, da família Thraupidae, o Saí-azul vive em matas ciliares, mas frequenta também jardins onde se alimenta de insetos e néctar. Vivendo em pequenos grupos ou em casais, é comum o Saí-azul procurar por bebedouros de beija-flores.
Canon EOS 6D – EF 70x200mm – f/2.8L USM + 2x
Exposição: 1/250 – f/5.6 – ISO 3200 – modo manual – medição padrão
Beija-flor – (Thalurania glaucopis)
O Beija-flor vive em florestas mas é visto frequentemente em jardins, se alimenta de insetos e principalmente do néctar de plantas. Excelentes polinizadores, o macho é um pouco maior que a fêmea, medindo aproximadamente 11cm, e em sua cabeça tem uma coloração azul-violeta, na época do acasalamento, ele voa em círculos em torno da fêmea exibindo o peito brilhante. Uma curiosidade, seu coração chega a bater 635 vezes por minuto.
Canon EOS 6D – EF 100x400mm f/4.5-5.6 L IS USM
Exposição: 1/250 – f/6.3 – ISO 1000 – modo manual – medição padrão – flash speedlite 580EX II