ESTILO FOTOGRÁFICO. Como construir o seu
Como em muitas áreas, na fotografia, ou lhe contratarão pelo seu preço ou por seu estilo fotográfico. Preço é algo fácil de se entender e mensurar; no entanto, esta ideia abstrata do que chamamos de estilo fotográfico é bastante mais complicada. Podemos começar por aqui: o que é estilo fotográfico? De forma simples, podemos dizer que estilo fotográfico é o resultado de todas as escolhas estéticas que você faz no seu trabalho.
Antes, durante e depois do clique, fazemos muitas escolhas estéticas que vão construindo nossa identidade: um equilíbrio de branco mais quente ou mais frio; cores saturadas ou desaturadas, P&B ou colorido, com ou sem vinheta, uma pós-produção que construa um quadro ou uma imagem verossímil, a intimidade da teleobjetiva ou a grandiosidade do grande angular, luz natural ou flash ou ambos, luz dura ou luz suave, luz frontal, 45, 90, contraluz… Enfim, acho que você está me entendendo.
No entanto, muito mais difícil do que entender o que são as escolhas estéticas é como construir as nossas próprias escolhas (e essa é a razão pela qual você deve estar lendo este texto). Então, vamos lá. Para ajudá-los com isso, irei beber de outra área que também me é muito querida: a linguística. Há duas teorias que nos ajudam a pensar e construir nosso próprio estilo fotográfico: a primeira que diz que a originalidade é uma mentira; e a segunda é a Teoria Antropofágica de Oswald de Andrade. Vamos a elas.
O conceito de originalidade é algo que ouvimos muito quando se fala de estilo. Todos apregoam que é preciso ser original. Consolo-lhes: nem mesmo o mais genial de nossos autores, Machado de Assis, era original. Machado construiu seu estilo criando um mosaico de leituras de Miguel de Cervantes, Shakespeare e muitos outros grandes autores que o precederam. O que chamamos de autoria e originalidade aqui nada mais é do que a habilidade que grandes gênios da humanidade têm de “esconder” o mosaico de suas referências e acrescentarem um pequeno “tijolinho” em cima do grande muro que está sendo erguido desde que o mundo é mundo e o homem precisou da arte porque a realidade por ela mesma era muito chata e não bastava ser vivida. E aqui vai o primeiro grande passo para a construção do estilo de vocês: comecem a beber daquilo que os fotógrafos que vocês tanto admiram bebem: “copiem” as composições, descubram como fazer a tonalidade de cores, tentem a mesma luz. Neste processo, vocês descobrirão que por mais que nos esforcemos em recriar ipsis litteris o que já foi feito, faremos algo diferente (na maioria das vezes, não tão bom, mas pense: quantas vezes estes autores já fizeram isso antes de mim?). O segredo está em irmos construindo nosso mosaico. Pego a luz de um, as cores de outro, a composição de um terceiro e, quando vejo, tenho algo que parece “ser só meu”. Assim foi que eu me construí. Assim e a partir da segunda teoria que irei lhes mostrar.
O segundo pilar para a construção de nosso estilo é dado pela Teoria Antropofágica de Oswald de Andrade, a qual, a grosso modo, irei lhes mostrar. Oswald, na tentativa de construir uma estética genuinamente brasileira, diz que temos que “comer” tudo o que aparece pela frente (na época, em especial, dos autores franceses) e “vomitar” tudo o que não nos serve. Isso é o que tem guiado o meu estilo (que ainda está – e sempre estará – em construção). Gosto muito do “compromisso” com a realidade da fotografia publicitária, mas também flerto com um pós-processamento que trabalha e altera as cores; amo retratos mais “fechados”, mas o grande angular tem pirado minha cabeça… Cada vez mais acompanho o trabalho de grandes fotógrafos os copio descaradamente. O que me serve, fica na minha fotografia. O que não vai embora e é substituído por aquilo que outros grandes fotógrafos fazem. E não há nenhum mal nisso porque é o que todos os grandes fazem (ainda que muitas vezes não o percebam).
Se você é iniciado, iniciante ou apaixonado por fotografia e tem a angústia de ainda não ter encontrado “o seu estilo fotográfico”, lhe digo: bem-vindo ao clube. Não há uma fórmula mágica de se fazer isso. O único jeito que conheço e ir fotografando, copiando e sentindo aquilo que esteticamente lhe agrada e o que não. Até pouco tempo, eu não me sentia completamente satisfeito com as cores das minhas fotos. Reuni muitos fotógrafos que tinham algo que eu buscava. Estudei muito para entender como eles construíam suas cores e encontrei “o meu tom” na mistura de todos eles. Ou seja, aprendi com quem estava na minha frente (que aprendeu com quem estava a sua frente também).
Pensando em tudo isso, poderíamos melhorar nossa definição de estilo dizendo: estilo é o resultado das escolhas estéticas que fazemos a partir das possibilidades de escolhas estéticas que a humanidade tem feito desde que o primeiro homem, na caverna, registrou seu dia de caça aumentando (só um pouquinho) o tamanho do mamute que enfrentara.
Para completar tudo o que falei sobre estilo fotográfico, assista esse vídeo:
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