Entrevistando os Fab5, #04: Olympus
Penúltima parte das entrevistas do Dpreview na CP+ 2014 — agora falando com a Olympus, que assim como a Sigma, também é conhecida por grande expertise em óptica.
de Barney Britton via Dpreview
Em uma entrevista abrangente, Hirofumi Imano, Gerente da Divisão de Estratégia de Produto da Olympus, explicou as estratégias da empresa para competir em um mercado difícil, a gênese da linha OM-D, as oportunidades em vídeo, e por que ele acha que a Canon e a Nikon podem não estar fazendo câmeras mirrorless high-end.
“Nossa razão de existir é desafiar os limites”
Você pode descrever para mim o estado atual do mercado de imagens digitais do consumidor, como você vê isso?
Bem, obviamente, os envios de fabricantes estão em baixa — câmeras compactas, especialmente, mas também câmeras de objetiva intercambiável estão em declínio. Este é um fato. Ao mesmo tempo, porém, ainda há crescimento no mercado mirrorless e mais e mais pessoas estão tirando e compartilhando fotos. Então, em termos do negócio de imagens em geral, temos uma grande oportunidade.
Qual é a sua estratégia para tirar proveito desse aumento das capturas de foto?
Nosso interesse básico está nas câmeras mirrorless, representados pela linha OM e a linha PEN, mas embora saibamos que o mercado de câmeras compactas está diminuindo, ainda há demanda por produtos de nicho como nossa linha Tough.
Há muitas coisas que uma câmera pode oferecer que um smartphone não pode. Por exemplo, objetivas claras de grande abertura como a empregada em nossa Stylus 1 e nossa SP-100 [eng], que oferece um zoom óptico de 40X e dot-sight, o que é mais user-friendly do que as câmeras competitivas em distâncias focais longas. Então, existem alguns segmentos do mercado, que não estão sendo corroídos por smartphones. É por isso que nosso foco está em câmeras mirrorless de objetivas intercambiáveis e compactas para fins especiais e high-end.
O desejo básico das pessoas por gravar suas vidas e expressar suas personalidades através da expressão criativa não vai mudar. É um instinto humano. Mais fotos são tiradas em uma base diária do que nunca, como já discutimos.
A câmera é e continuará a ser o dispositivo mais crível para a auto-expressão através da fotografia e vamos continuar lutando para incluir a mais recente tecnologia óptica e digital para realizar isso. Precisamos fazer com que nossas câmeras sejam confiáveis e responsivas.
No futuro a médio prazo, é mais importante para a Olympus atrair uma base de clientes de nível de entrada ou um público entusiasta?
É definitivamente importante para nós, e na verdade para toda a indústria, ampliar o número de pessoas lá fora que estão interessados em tirar fotos com câmeras. [Independente de] se forem jovens, mulheres, homens — expandir a comunidade é muito importante. Ao mesmo tempo, é muito importante para a Olympus atrair entusiastas. Estas duas áreas são igualmente importantes e temos sido bem sucedidos em atrair clientes de nível básico à linha PEN, e nós vamos oferecer mais melhorias para este lineup, tanto em termos de tecnologia quanto de recursos.
A linha OM-D tem sido muito bem recebida pelos entusiastas da fotografia, e tem sido elogiada pela qualidade de imagem, bem como a personalização e a qualidade de construção. Com o lineup que temos agora, de produtos PEN e OM-D, somos capazes de manter clientes low e high-end.
Quando vocês estavam planejando a série OM-D, o que queriam alcançar?
Tivemos a sensação de quando as SLRs tornaram-se DSLRs e os sensores substituíram o filme, as câmeras estavam ficando mais e mais corpulentas. O que realmente queríamos alcançar com a série OM-D era usar a herança óptica que temos, e que combina com a tecnologia digital em que estivemos trabalhando, como estabilização de imagem de 5 eixos, para atingir o máximo de qualidade possível mantendo ao mesmo tempo a portabilidade.
Temos agora um lineup de três câmeras OM-D, e estamos recebendo um monte de elogios quanto à confiabilidade das câmeras, e também quanto à qualidade da imagem, que as pessoas estão dizendo ser igual e, em alguns casos, melhor do que nas DSLRs. Estamos vendo esse tipo de feedback dos nossos clientes e queremos mais e mais pessoas a aderir ao sistema e apreciar fotografar com essas câmeras.
Você vê essas câmeras como uma evolução da série OM de filme? Se sim, como?
A série OM-D definitivamente herda coisas da linha OM, mantendo primordialmente a portabilidade sem comprometer a qualidade de imagem. Um dos slogans da OM original é ‘da fotomicrografia para a astrofotografia’ — o que significa que você pode usar as câmeras para fotografar objetos que variam de bactérias ao cosmos. Nós ainda estamos trabalhando no desenvolvimento do sistema OM-D, mas certamente que sim, muito é herdado.
Você pode descrever a sua carreira dentro da Olympus?
Comecei como engenheiro de P&D, trabalhando em nossos gravadores de voz, de volta nos dias de fita. Depois da minha experiência com gravadores durante os últimos 10-15 anos, eu estive envolvido com planejamento de produtos para as nossas câmeras, e também com design industrial e interface com o usuário, antes de passar para a estratégia de produto. As primeiras câmeras em que trabalhei foram das nossas primeiras compactas à prova de água, a Stylus 710 e a Stylus Verve, que era uma compacta única, elegante, em forma de gota de chuva.
Quão importante é o vídeo para os seus clientes, agora, e quão importante você acha que ele vai se tornar no futuro?
É difícil prever o futuro, mas cada vez mais, especialmente nos EUA e na Europa, estamos ouvindo pedidos por mais melhorias nos recursos de vídeo de nossas câmeras, tanto a nível do consumidor quanto entusiasta.
O projeto de nossas objetivas e sistemas, como o de estabilização de imagem, são afetados pela necessidade de nossas câmeras para capturar vídeos tão bem quanto fotos. Não diríamos que estamos 100% lá ainda, mas estamos trabalhando ativamente para otimizar o desempenho de vídeo em nossas linhas, de câmeras e de objetivas.
Entramos no formato Micro Four Thirds, com isso em nossas mentes – é um formato otimizado para still, bem como para vídeo. Algumas coisas ainda estão no horizonte, mas já estamos pensando em vídeo no projeto de nossas objetivas, como, por exemplo, no sistema de focagem MSC.
A Panasonic, uma de suas parceiras de Micro Four Thirds, tem uma história de produção de câmeras de vídeo dedicadas. Existe uma oportunidade nesse mercado para a Olympus?
Há definitivamente uma oportunidade de negócio muito grande. Há demanda crescente, e a tecnologia está melhorando. Há equipamentos lá fora, para os profissionais, e também para o público consumidor, tais como as várias câmeras de estilo esporte, que estão realmente ganhando força em muitos mercados. Mas se você está gravando fotos ou vídeo, a imagem vem através de uma lente, e, como um fabricante de ótica, estamos definindo padrões bem elevados. Talvez essa seja uma área à qual podemos nos dedicar em nosso negócio — objetivas para equipamento de vídeo profissional.
Poderia descrever a Olympus como um fabricante de ótica que também faz câmeras?
Sim.
Algo que eu tenho ouvido de outros fabricantes é que os consumidores em diferentes países ao redor do mundo querem coisas diferentes das câmeras. Você acha que isso é verdade?
Em termos de ergonomia, tendemos a achar que a nível entusiasta, nossos clientes têm uma idéia mais ou menos uniforme do que está confortável, independentemente de onde eles estão no mundo.
Quando se trata da funcionalidade que as pessoas querem, existem pequenas diferenças na opinião dependendo do território, mas, honestamente, em grande parte, permanece o mesmo. Especialmente quando se trata de nossos produtos de objetiva intercambiável. Dito isto, mais de nossos clientes na Europa e os EUA estão falando que querem mais funcionalidades de vídeo avançado do que no Japão e na Ásia; e os nossos clientes asiáticos falam mais sobre ergonomia – coisas como a sensação que os dials dão. Eles são bastante exigentes.
Porque você acha que as câmeras mirrorless de lentes intercambiáveis não são mais populares nos EUA e na Europa em comparação com a Ásia?
Um dos motivos talvez seja a percepção, da parte dos clientes, e talvez até mesmo dos vendedores em lojas, de que as câmeras das marcas maiores são melhores. A outra coisa é o tamanho do sensor — DSLRs têm sensores APS-C e full-frame dentro delas, mas o mercado mirrorless é principalmente [de sensores] APS-C e menores, e por muito tempo foi basicamente apenas Micro Four Thirds. Talvez haja uma percepção de que os sensores maiores são igual a maior qualidade de imagem, o que tem dificultado o crescimento do mercado mirrorless nos EUA e na Europa.
Acho que a nossa razão de existir nesta indústria é desafiar os limites com um sistema que mantém um bom equilíbrio entre qualidade de imagem e portabilidade. Ao desafiar os limites acreditamos firmemente que podemos expandir nossa base de clientes e também capturar fotógrafos entusiastas que podem não estar se divertindo com as suas DSLRs maiores, mais volumosas.
Como um fabricante de óptica, sabemos que não é tão simples como dizer “um sensor maior sempre proporciona melhor qualidade de imagem que um sensor menor”. É mais complicado do que isso. É uma combinação de vários fatores, incluindo a resolução da objetiva, sensor e processamento de imagem. Temos que manter a comunicação com nossos clientes, e com os varejistas, [dizer] que as coisas não são tão simples como eles podem ter ouvido.
No Japão, atualmente 50% do mercado é mirrorless, mas alguns anos atrás era a mesma situação aqui como estamos vendo atualmente nos EUA e na Europa. Mas apenas batemos pé firmemente em nossa posição, e continuamos a comunicar aos clientes que há outra opção, que é pequena e leve, e produz belas imagens.
Falei com a Fujifilm recentemente, e foi-me dito por um executivo sênior de marketing que se Canon e Nikon fizessem câmeras mirrorless sérias, isso ajudaria o formato a ganhar força. Você concorda?
Bem, isso ponto de vista dele! Nós vamos continuar a comunicar os benefícios das mirrorless, mas Canon e Nikon dominam o mercado de câmeras de lentes intercambiáveis, e se elas saíram-se com câmeras mirrorless sérias e confiáveis, concordo que sim, que poderiam estimular o mercado e impulsionar as vendas de nossas câmeras. Talvez seja intencional que eles não lançaram câmeras mirrorless com foco em entusiastas, porque eles são dominantes. Eles foram amadurecendo seus sistemas durante anos. Talvez seja estratégico que eles estejam se afastando.
O futuro é muito desafiador, mas é emocionante também. Nós vamos ter que trabalhar duro.
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