Senhoras e Senhores, com vocês, Clicio Barroso
Professor de Tecnologia. Consultor da Adobe. Consultor do SENAC/SP. Presidente da Associação de Fotógrafos Fototech. Colunista da revista PhotoMagazine. Colaborador eventual das revistas Fotografe, Fhox, Desktop, Publish, e da Photos & Imagens. Referência no mundo tecnológico. Assim podemos começar a descrever o fotógrafo brasileiro – nascido em São Paulo – Clicio Barroso. Sendo filho e irmão de publicitários, a imagem, especificamente a fotografia, entrou cedo em sua vida. No mercado de trabalho morou e trabalhou em New York, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Madrid, Lisboa e Atenas, fotografando editoriais de moda e publicidade.
Clicio também é moderador e um dos “experts” em Lightroom do Lightroom Forums.
Como tem formação em multimídia, faz parte da National Association of Photoshop Professionals, da equipe de desenvolvedores do Lightroom nos EUA e é “ACE-Adobe Certified Expert” nos aplicativos Photoshop e Lightroom. Para “finalizar”, o fotógrafo é membro do conselho curador do Paraty em Foco 2009 e 2010, e integrante da Rede Produtores Culturais da Fotografia no Brasil (RPCFB desde) 2009. Já escreveu “Adobe Photoshop: Os Dez Fundamentos” ,“Adobe Lightroom: Guia Completo para Fotógrafos Digitais”.
Em uma entrevista para o Fotografia DG feita via e-mail, Clicio contou um pouco da própria história, das referências em fotografia, do que pensa sobre tecnologia e redes sociais e também deixou um recado para os leitores do portal. Confira abaixo:
FTOGRAFIA DG – Quando começou o interesse por fotografia?
CLICIO – Desde pequeno, pois meu pai era diretor criativo em agências de publicidade, e eu costumava acompanhá-lo nas fotos; ficava fascinado com as câmeras e os resultados. Meu pai também fotografava, tinha uma Rolleiflex, e o primeiro filme que fiz na vida foi com esta câmera.
FOTOGRAFIA DG A carreira profissional teve inicio em 72, mas ainda era estudante da Camera Photoagenthur/ Nikon School of Photography. Que proveito tirou sendo assistente de câmera e de direção de cinema?
CLICIO- Tirei da experiência de trabalhar em cinema todo o comportamento que me orientou profissionalmente. Acordar muito cedo, ter muita responsabilidade, não errar, acreditar em hierarquia e equipes de trabalho. A direção de cinema também foi fundamental, essencial na categoria em que logo atuei, a fotografia de moda. O cinema dá disciplina, faz-nos acreditar em trabalho duro, e o resultado pode ser poesia.
FOTOGRAFIA DG – Qual a importância da quebra de paradigma da fotografia/digital?
CLICIO – O maior benefício foi a sua popularização, bom para a fotografia mas não tão bom para o fotógrafo profissional de baixa qualidade. Por outro lado, a facilidade de se obter bons resultados, a distribuição eletrônica, a disseminação da cultura fotográfica e os diferentes usos que dela fazemos, são também benefícios incontestáveis. Sem dúvida uma evolução positiva. Eu pessoalmente não tenho a menor saudade dos filmes…
Fotografia de Clicio
FOTOGRAFIA DG – Em entrevista feito pro programa No Olhar – da Tuiuti do PR – você afirma que não acredita que existiu uma prostituição da fotografia, mas sim uma globalização pelo próprio fenômeno da fotografia digital. Porém como se explica a enorme diferença para fazer um mesmo trabalho. Ou ainda, como mostrar para os novos fotógrafos o preço a ser cobrado? Porque muitas vezes, eles podem sentir medo de perder a clientela que está sendo formada ainda, não?
CLICIO – Bem, cada um tem o mercado que merece. Acredito que mercado se cria e se educa.
Não tenho nenhum interesse em concorrer com milhares de iniciantes que cobram R$50,00 por foto; o cliente que está disposto a pagar só isso não é o meu cliente; o problema é meu, tenho que achar, cativar e manter o cliente que me serve. Eles existem, é questão de esforço e capacidade.
Se o fotógrafo de R$50,00 concorre comigo e pega o trabalho do “bom” cliente com esse preço, ou não vai conseguir entregar ou vai ter um enorme prejuízo. Isso ensina rapidamente para os novos que o preço a ser cobrado é aquele que cobre os custos, os impostos, as variáveis inerentes ao trabalho e ainda tem que dar lucro. Claro que isso tem que estar em uma planilha e isso muita gente não sabe nem como fazer…
FOTOGRAFIA DG – Nessa mesma entrevista, você afirma que o Lightroom é específico para fotógrafo, diferente do Photoshop, que cresceu muito. Por que essa afirmativa? Como explicar para quem tem a referência o photoshop?
CLICIO – O Lightroom foi feito para fotógrafos, por fotógrafos. O Photoshop foi feito para a indústria gráfica, e isso inclui ilustradores, desenhistas, criativos, arquitetos, artistas, videomakers, e até médicos e engenheiros.
Hoje, 80% das minhas fotos são resolvidas muito satisfatoriamente no Lightroom, sem a necessidade de Photoshop. Mas quando é preciso, uso o Photoshop para recortes, fusões, filtros e efeitos especiais.
FOTOGRAFIA DG – Qual a importância das redes sociais no mercado de trabalho do fotógrafo?
CLICIO- As redes sociais são parte de uma rede muito maior, o marketing.
Hoje, o marketing de serviços se mistura com o pessoal, e mídias sociais como Orkut, Facebook e Twitter funcionam muito bem para divulgação e formação de opinião. A minha resposta mais rápida, na verdade imediata, é a do Twitter. Ter 5 mil seguidores ajuda!
FOTOGRAFIA DG – Quais as suas principais referências no mundo da fotografia? Como chegou até elas?
CLICIO – São os grandes clássicos, principalmente os americanos; Richard Avedon, Irving Penn, Steichen, Robert Frank. Mas vejo tudo, leio tudo e vou a todas as exposições que posso; dos contemporâneos gosto muito da Cindy Sherman, Nan Goldin, David LaChapelle. Tenho uma excelente biblioteca, vejo os filmes, vou a reuniões de fotógrafos, aprendo bastante com meus alunos.
FOTOGRAFIA DG – Como se sente sendo umas das principais referência – se não a maior -no campo de Fotografia Digital, especialmente em edição de imagens/portfólio?
CLICIO – Não me considero referencia de nada, apenas gosto de tecnologia, estudo muito (por prazer e não por obrigação) e não tenho receio de compartilhar o pouco conhecimento que tenho com os outros. Informação é para ser disseminada, e não guardada em compartimentos escuros e sombrios.
FOTOGRAFIA DG – Qual câmera fotográfica já teve/tem, lentes, qual as razões da escolha/e da troca.
CLICIO – Procuro pelas melhores objetivas. Já tive Leicas com objetivas Leitz, Hasselblads com objetivas Zeiss, Sinars com objetivas Schneider, Pentax, Nikons, Canons, Sonys, Lumix. Hoje tenho uma Sony A900 com lentes Zeiss, Uma Nikon D700 com lentes Nikon, uma Lumix com lentes Leica.
FOTOGRAFIA DG – Que mensagem gostaria de passar para os leitores e fotógrafos que acompanham o Fotografia DG?
CLICIO – Que fotografia é uma linguagem; é poesia; para alguns, um meio de ganhar a vida; mas para qualquer um destes, estudar, se informar, e fotografar muito e sempre é fundamental.