Cacá Dominiquini – uma arte-educadora em ação
Simples. Sincera. Divertida. Paciente. Acolhedora. Didática. Essas são apenas algumas das várias qualidades de Erika Bratfisch Dominiquini – ou simplesmente Caca Dominiquini – 35, fotógrafa e arte-educadora brasileira.
Formada em Educação Artística – Habilitação em Artes Plástica pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC Campinas, além das aulas de Artes Visuais no Colégio Objetivo de Campinas, ela fotografa e fotografa muito. No currículo, uma longa lista de exposições fotográficas, contei 20. A paixão por fotografia – e por ensinar – é tão grande que montou com mais uma amiga o Coletivo da Imagem que junta arte, fotografia e tecnologia.
Nas linhas abaixo, o bate-papo com Cacá.
Fotografia DG – Como a fotografia surgiu na sua vida?
Cacá Dominiquini – Eu sempre gostei de fotografar, desde pequena. Vivia pegando a máquina fotográfica do meu pai.
Me lembro de um dia, eu deveria ter uns 10 anos, que montei um cenário com vários brinquedinhos (Fred e Barney, dos Flinstones), bem pequenos e fotografei. Só que quando vi a foto, fiquei super decepcionada (sempre gostei de foto macro), ela estava toda sem foco e estourada, não deu nada certo… Claro!! Estava com uma máquina compacta de filme, com flash, sem lente macro… Só poderia dar errado, né?
DG – Qual foi seu primeiro trabalho profissional? Ele te marcou de que forma?
Cacá Dominiquini – Comecei a fotografar por hobby, como a maioria dos fotógrafos profissionais. Fui fotografando a família, os amigos. Não lembro direito do meu trabalho, mas um que me marcou bastante foi a Bodas de Prata de uma ex-chefe, olha a responsa! Foi super bacana e depois disso foram aparecendo outros trabalhos, casamentos, muitas grávidas e crianças pelo caminho…
DG – Como é conciliar a vida de professora de Artes e a Fotografia?
Cacá Dominiquini – Antes de ser fotógrafa, eu já era arte-educadora. Ministro aulas de artes visuais há nove anos e atualmente trabalho numa boa escola da minha cidade.
Ter jornada dupla não é fácil, principalmente porque as duas profissões exigem demais. Mas com o jeitinho feminino, vou dando conta! Pretendo exercer as duas profissões até ser possível, quando a fotografia “falar” mais alto, deixo a escola…
DG- Qual o evento/exposição te marcou mais?
Cacá Dominiquini – Minha exposição “Amor materno, amor eterno!” foi uma exposição que me marcou muito, na Livraria Saraiva em maio desse ano (2010). Muito especial… Além disso, a minha primeira exposição individual lá na Saraiva em 2009 também foi bem importante para mim!
DG – O que considera importante na fotografia? E na fotografia de casamento?
Cacá Dominiquini – Estudar fotografia, conhecer fotografia e ter conhecimento técnico é muito importante. Quanto mais você estuda, melhor você vai ficando. Acho importantíssimo que os fotógrafos estudem, se aperfeiçoem. Quem não se interessa pelo estudo fica para trás, porque a cada dia que passa, surgem no mercado inúmeros equipamentos, programas de edição e tratamento de imagem que nos auxiliam na finalização de trabalhos e para saber utilizá-los corretamente é necessário conhecimento.
Além disso, acho muito importante ser CRIATIVO. Não me conformo com gente que quer copiar o outro profissional… É o fim! O olhar é único!
Já na fotografia de casamento, acho imprescindível o comprometimento do profissional. Para fotografar casamento, deve-se gostar, ter paciência e saber o que está fazendo, porque aquele momento é único e não volta mais… E se você perder, a troca de alianças, vai dizer ao padre ou pastor: “Perdi a foto, por favor, dá pra voltar??”
DG – Abusa do flash ou procura ambientes onde o flash é menos usado?
Cacá Dominiquini – Ah, sou a favor da luz natural ou luz direta! Para falar bem a verdade, não curto muito flash não! Procuro não utilizá-lo. Só uso em casos onde não é possível fazer a foto sem ele.
DG – Prefere edição ou é purista?
Cacá Dominiquini – Acho que tudo que é demais atrapalha. Não sou contra o tratamento de imagem bem feito, sem tornar a imagem artificial demais, mas acho que ele deve ser realizado com cuidado.
DG – O que pensa sobre a troca de informações fotográficas que acontece na rede?
Cacá Dominiquini – Acho essa troca muito interessante e só faz crescer a qualidade fotográfica atual. Ninguém é uma ilha para achar que pode resolver tudo sozinho. Aprendi e continuo aprendendo muito com meus amigos e colegas fotógrafos na rede.
Além de trocar informações.
DG- Qual a maior dificuldade do fotógrafo brasileiro hoje?
Cacá Dominiquini – Uma das maiores dificuldades é achar seu “lugar ao sol” no mercado atual. Existem muitos falsos fotógrafos que acham que é só apertar o botão e pronto!
Hoje mesmo, meu amigo @mvlaran (Marcus Vinícius) me contou uma história engraçada, disse que ouviu dizer que o cara se achava O FOTÓGRAFO fotografando no P (programa) da máquina, não no M (manual), dizendo que era igual a P = Profissional. E o M? Mané??
DG – O que mais gosta de fotografar? Por quê?
Cacá Dominiquini – AMO fotografar gente! Adoro ver as expressões faciais, os sorrisos sinceros, os olhares de amor dos casais, a alegria verdadeira das crianças brincando. Prefiro fotografar pessoas comuns, gosto muito fazer um retrato verdadeiro de suas vidas!
DG – Fale mais sobre o Coletivo Laboratório da Imagem? Como é possível participar?
Cacá Dominiquini – O Coletivo é formado por três arte-educadoras que amam fotografia, arte e tecnologia. Conheci Ana Maria Schultze no twitter. Resolvemos formar o Coletivo e enviar um projeto sobre fotografia/educação para a 7ª Rede Nacional de Artes Visuais da Funarte. E não é que fomos contempladas?
Desenvolvemos o projeto Decifra-me ou te devoro agora no final do ano! Depois desse projeto, resolvemos convidar uma amiga, Helen Louzada, para se unir ao Coletivo. Quem quiser saber mais sobre o Coletivo Laboratório da Imagem é só acessar:
- http://coletivolabdaimagem.blogspot.com/
- http://www.facebook.com/pages/Coletivo-Laboratorio-da-Imagem/152763048075523
Hoje, não pretendemos aumentar o Coletivo, se isso acontecer, anunciaremos no Twitter (@lab_da_imagem) e em nosso Blog.
DG – Quais os planos para 2011? E para o futuro?
Cacá Dominiquini – Tenho alguns projetos em andamento para 2011. Estou finalizando um livro de fotografia e saúde em parceria com uma amiga, Dra. Karina Falsarella. Tenho em mente alguns temas para fotografar e montar duas exposições individuais. Fora isso, continuo com o Coletivo e temos alguns projetos que irão sair do papel nesse ano. Um deles será desenvolvido no Hospital Boldrini, que cuida de crianças com vários tipos de cânceres.
DG – Como sua família te dá suporte nessa jornada dupla (ou tripla) de trabalho?
Cacá Dominiquini – Graças a Deus tenho um marido e um filho muito compreensivos! Eles me dão o maior apoio! Dudu já tem 13 anos, me ajuda bastante, algumas vezes é meu assistente nos ensaios, rebate uma luz como ninguém! J
DG- Quais as suas referências?
Cacá Dominiquini – Procuro sempre estar atualizada, observo as novas tendências da fotografia contemporânea. Gosto de visitar muitos blogs. Gosto muito das fotógrafas Erika Verginelli (que já foi entrevistada pelo DG), Júnia Lane, Rejane Wolff, Márcia Charnizon e Daniela Romanesi.
Também admiro muito o trabalho dos fotógrafos Clicio Barroso, (entrevistado pelo DG), Guilherme Riguetti, Maurício Lima, Gabriel Wickbold, Gui Paganini, Ayrton 360 e Jorge Bispo (entrevistado pelo DG).
DG – Deixe uma mensagem ou dica para os leitores do DG
Cacá Dominiquini – “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” (Immanuel Kant)
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” (Nelson Mandela)
Acredito que somente através do estudo, da educação, da aquisição do conhecimento, nos tornamos pessoas melhores, profissionais melhores e podemos fazer a diferença onde estivermos. Por isso, deixo aqui registrado que é somente através da educação a sociedade pode ser diferente e mais justa.
Um super 2011 para todos, cheio de realizações!
Mais fotos da Cacá Dominiquini em: http://cacafotografias.blogspot.com/