Edward Burtynsky e a natureza humana
Quão profunda e ampla é a ação humana na Terra? Vendo de longe mas com precisão Burtynsky dá uma resposta.
Quando vemos um conteúdo sobre a história de nosso planeta e adentramos na evolução humana, desde seus ancestrais símios até os sapiens atuais, é inevitável passarmos por correlações (teóricas ou evidenciadas) entre as ferramentas, os hominídeos e a Natureza. Essa última, como bem sabemos, não costuma levar a melhor. As alterações, aliás, costumam ser quase tão amplas quanto a demografia dos mais de 7 bilhões de seres humanos. A profundidade delas é ainda maior, indo até onde o Homem não habita.
Foi tendo em mente a amplitude ao mesmo tempo fascinante e aterradora dessa capacidade humana que Edward Burtynsky resolveu fazer seus intrigantes registros únicos. Os cliques do canadense com ascendência ucraniana revelam amplas visões de paisagens repletas de interferências dos mais variados tipos, de praias cheias a um imenso cemitérios de aviões, passando por mercados, lixões, minas, complexos viários… — todas com a artificialidade típica da presença símia controversamente evoluída. Burtynsky as chama de paisagens manufaturadas (manufactured landscapes, no original), e a expressão deu nome a um de seus livros (2003) e um documentário (2006). No ano anterior ao do filme o fotógrafo ganhou um TED Prize por sua apresentação sobre as estranhas paisagens que a humanidade produz pelo planeta, demonstrando que, sim, estamos na era do Antropoceno*.
Como pode-se facilmente perceber, este é o mote do trabalho de Burtynsky, e assim em 2018 nomeou um de seus últimos livros Anthropocene. Vale ler uma entrevista que ele deu sobre esse trabalho, inclusive (em inglês) para o Format, fonte de algumas imagens aqui.
Os cliques de Edward Burtynsky a seguir são de trabalhos variados e podem provocar facilmente reações entre o imenso fascínio e um grande assombro: o fascínio pela capacidade humana em moldar o planeta e o assombro pelos excessos cometidos. Ficar impassível não é uma possibilidade.
Para acompanhar o trabalho desse fotógrafo, tem seu site, e lá estão também suas redes sociais.
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* Essa denominação parece não ser unânime até o momento: há uma discussão sobre se já estaríamos nessa era ou se a Humanidade ainda encaminha-se para tal.