Edição de imagens: passado/analógico X futuro/digital
Edições de imagens existem há tempos, mas de outra forma. E, não, não era sempre sutil.
de: The Literate Lens (fotos: Palo Inirio/Magnum)
via: revista Fotomania
© Bob Henriques
Hoje em dia, editar imagens utilizando dos diversos recursos tecnológicos dos programas de computador como o Photoshop, por exemplo, pode-se dizer que é uma tarefa relativamente fácil.
Não estamos menosprezando o trabalho de nenhum editor, longe disso, mas em comparação como era feito o trabalho de pós produção de imagens na fotografia analógica, com filmes, há um longo e diferente caminho laboral entre a atual e a antiga maneira de editar.
A tradicional agência americana, Magnum Photos, situada desde 1947, em Nova Iorque, foi a grande responsável pela edição das fotografias dos principais fotógrafos durante várias décadas. Pablo Inirio foi a pessoa responsável pela maioria das edições feitas nos quartos escuros da Magnum antes da fotografia digital, trabalho realizado por ele até hoje. Pelas suas mãos passaram as fotografias de Henri Cartier Bresson, Robert Capa, Bob Henriques, Dennis Stocks, entre centenas de outros renomados fotógrafos.
Nos tempos da fotografia analógica era necessário desenvolver pacientemente um negativo diversas vezes, marcava-se a caneta e voltava-se a queimar áreas específicas com base no que não se gostava nas fotos. Os números, fórmulas e rabiscos que podem ser vistos nas imagens a seguir marcadas por Inirio, significam por exemplo, o tempo de ação de cada produto químico em determinada área marcada para que se pudesse ressaltar alguma informação importante na imagem. Vale lembrar, que além do árduo trabalho, o tempo e custo do processo eram altíssimos até que se chegasse ao resultado final.
A fotografia digital facilitou a vida de quem pratica a fotografia por hobby ou profissionalmente, hoje, em apenas um clique é possível adicionar um filtro, em outro, remover um “intruso” que passou desapercebido diante da lente.
O passado analógico ainda vive, porém, devido a facilidade designada pelo mundo digital, os quartos escuros utilizados por décadas por Pablo Inirio estão cada vez mais escassos e fadados a acabarem brevemente, praticamente na mesma velocidade que se atualizam as versões dos atuais programas de edição de imagens.
Retrato de Audrey Hepuburn e as anotações de edição feitas por Pablo Inirio.
As marcas feitas por Inirio na famosa fotografia de James Dean passeando pela Times Square.
A famosa fotografia de Bresson,”La Gare San Lazare”, com a marcação feita a caneta da área a ser editada.
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Como complemento a este texto, indico esse ótimo texto do Queimando Filme: Esquece. Não existe fotografia sem manipulação. Relaxa e aproveita.