Dicas para Orçamentar correctamente um trabalho fotográfico
1º Ponto – Analisar as competências técnicas necessárias para a concretização do trabalho
Apesar de nem sempre pensarmos nesta questão, acredito que possa ser a base e o primeiro ponto a analisar na realização de um trabalho. A pergunta é simples, até que ponto este trabalho é exigente?
Todos temos consciência que existem tipos de fotografia que exigem mais competência técnica que outros e existem projectos que nem todos os fotógrafos têm capacidade para concretizar.
Não devemos aceitar trabalhos que não sejamos capazes de realizar com qualidade. Antes de aceitarmos um trabalho devemos ter a certeza de que somos capazes de realizar aquilo a que nos estamos a propor. O ideal é perdermos umas horas e fazermos uns testes antes da aventura e se virmos que não somos capazes, recusar o trabalho. É pior desiludirmos um cliente com um trabalho mal feito, do que sermos honestos com o cliente e dizermos que não somos capazes. E se referenciarmos um outro profissional capaz da nossa confiança para fazer o trabalho, ou mesmo subcontratarmos, garantimos a fidelidade do cliente.
O ideal, para não metermos os pés pelas mãos, é investirmos num portfólio. Experimentarmos tudo o que somos capazes de fazer. Este portfólio será uma excelente ferramenta de aprendizagem para nós próprios, uma excelente apresentação para os nossos clientes e funcionará como um limitador. Definirá a nossa lista de competências, e os trabalhos que aceitamos e os que recusamos. Devemos disciplinar-nos e não deixar que a ganância faça com que apresentemos um mau trabalho. E se nos propõe um trabalho que nunca fizemos, temos duas hipóteses: ou temos tempo para melhorarmos as nossas competências a tempo de realizar o trabalho ou recusamos o trabalho e entretanto melhoramos as nossas competências para não recusarmos numa próxima oportunidade.
Depois de analisarmos a dificuldade do trabalho, devemos definir os nossos honorários enquanto fotógrafos. Como exemplo, a fotografia de pequenos objectos plásticos não requer a mesma competência técnica que a fotografia de jóias ou de pratas.
O valor deverá ser definido por hora e deverão ser cobradas horas inteiras de trabalho. A cobrança do valor por hora ajuda-nos a gerir situações de peças mais exigentes, face a situações de peças mais simples de fotografar. Demora menos tempo fotografar 80 peças iguais do que fotografar 20 peças com características completamente diferentes.
2º Ponto – Analisar o mercado
É importante sabermos que preços os outros fotógrafos praticam e a qualidade do trabalho final que apresentam. Hoje em dia conseguimos consultar a maioria dessas informações online.
Devemos comparar o nosso trabalho e os preços que pretendemos cobrar de uma forma crítica.
Analisar se o nosso trabalho é de qualidade superior ou inferior e se temos alguma mais valia a oferecer ao cliente. Essa mais valia pode manifestar-se das mais diversas formas: tempos de concretização, proximidade, disponibilidade, suportes disponíveis, etc.
3º Ponto – Considerar o equipamento necessário para a realização do trabalho
Devemos disciplinar-nos e separarmos o valor dos honorários do fotógrafo do valor do equipamento.
Mesmo que o equipamento necessário para a realização do trabalhos nos pertença devemos considerar uma taxa de desgaste/manutenção do mesmo. Normalmente, faço as contas a 5% do valor do equipamento por cada 8 horas ou dia de trabalho.
Se for necessário o aluguer de equipamentos extra, devemos já ter uma boa relação com os locais onde realizar esses alugueres e conhecer as disponibilidades assim como ter preços actualizados.
O equipamento a utilizar e/ou a alugar deve ter sempre em vista as necessidades do cliente. Por exemplo, se o cliente precisa de uma imagem para web 150x150p, não tem qualquer sentido cobrarmos uma exorbitância de manutenção de equipamento porque temos uma máquina de médio formato ou mesmo uma fullframe.
Devemos ser sempre flexíveis e razoáveis nos valores.
4º Ponto – Ter uma equipa de trabalho estruturada e que se articule bem connosco
Na criação do nosso portfólio devemos aproveitar para juntar e testar uma equipa de trabalho. Não é boa ideia fazer experiências num trabalho para um cliente, por vezes os egos e as vontades individuais podem criar um mau ambiente e resultar num péssimo resultado final.
Mesmo que estas experiências impliquem algum investimento, é importante encara-lo como isso mesmo, um investimento.
Devemos conhecer as capacidades e vontades dos nossos colegas de equipa, assim como os honorários que pretendem cobrar e a sua disponibilidade.
É importante separar uma relação profissional de uma relação particular. Se por acaso, um dos membros da equipa tem uma relação directa ou intima connosco, essa não deve influenciar os comportamentos que temos no ambiente de trabalho. A disciplina, é novamente, a palavra de ordem.
Existem vários papéis a desempenhar numa equipa para a concretização de uma imagem:
o fotografo,
o assistente,
o produtor,
o criativo,
o maquilhador,
o modelo,
o técnico de iluminação,
etc.
A necessidade de todos estes profissionais prende-se exclusivamente com a necessidade do trabalho e com a capacidade de um dos membros desempenhar mais do que uma função.
(Nota: A descrição destas e de outras funções será publicada noutro artigo.)
5º Ponto – Necessidades da equipa (deslocações, alimentação e estadias)
Por vezes os profissionais esquecem-se de que a equipa também precisa de alguma manutenção.
Se um trabalho é feito fora do local de contratação (o nosso estúdio) é importante considerar os custos de deslocação do fotografo e/ou da equipa. Normalmente, se utilizarem carros particulares, costumo contabilizar os custos a 0,39€ por Km. Caso seja necessário ou mais viável o aluguer, contabilizo os custos do aluguer, mais as portagens e o combustível.
Se o trabalho dura mais do que um meio-dia, é importante considerar os custos de alimentação para todos os envolvidos.
Se o trabalho implicar estadias para algum dos profissionais, também é necessário contabilizar esses custos.
6º Ponto – A adaptação aos diferentes tipos de fotografia
Fotografia de Produto – devemos fazer as contas a todos os pontos, excepto o 5, e dividir o custo por peça. O Ponto 5 deverá ser facturado à parte.
Fotografia de Moda – normalmente é apresentado um valor global da sessão, fazendo o custo sempre a um mínimo de 2 horas.
7º Ponto – Cada um manda na sua casa
Estas sugestões são apenas resultado da minha experiência enquanto fotógrafa e da relação que estabeleci com a minha equipa e com os meus clientes. Por vezes, não se adaptam à realidade que encontramos num trabalho específico. É importante sabermos analisar com sensatez cada um dos desafios que nos aparecem pela frente.
Infelizmente há fotógrafos que trabalham com valores demasiado baixos e outros com valores demasiado altos. Devemos saber tomar decisões de forma a mantermos a estabilidade da nossa empresa e uma relação de honestidade com o nosso cliente final.
Agora passo a passo
Considerar:
– as nossas capacidades e limitações,
– os equipamentos realmente necessários para a concretização do projecto,
– a equipa necessária,
– o mercado e a situação económica do nosso cliente alvo.
Contabilizar:
– os nossos honorários,
– os gastos com equipamentos ( manutenção ou aluguer),
– os gastos com a equipa ,
– as despesas extra.
Apresentar:
– o valor num formato adaptado ao tipo de serviço que vamos concretizar,
– honestidade na adaptação destes valores às particularidades do trabalho,
– uma visão realista das necessidades do cliente.
Espero ter ajudado, aguardo pela discórdia,
Sofia Santos
www.studiolightworld.com
apoiocliente@pontosi.pt
Contactos Essenciais
Estúdios de aluguer – www.imagememarca.com (Porto) & www.infinitystudio.pt
Base de dados de profissionais de fotografia – www.ptvanity5.com
Site para contratação de designers e retocadores de imagem freelancers – www.elance.com