Como refinar seu estilo fotográfico
Mais que um preset usado e abusado, desenvolver um estilo fotográfico pode tomar um bom tempo
de Quentin Décallet /Fstoppers
Quando comecei meu meu negócio fotográfico, fui sempre alertado quanto à importância de ter um estilo forte e pessoal. Na época não entendia o que aquilo significava. Eu sabia que minhas fotos eram bem distintas para produzir um portfólio de impacto. Também sabia que meus tratamentos eram inconsistentes. Mas ninguém disse-me como criar aquele tão buscado “estilo fotográfico”. Até mesmo o termo “criar” provavelmente estava errado. Em lugar disso, parece que um estilo é desenvolvido e refinado sessão após sessão, job após job. É um processo sem fim. No entanto, existem alguns pontos que ajudam a desenvolver um estilo impactante.
Habilidades técnicas importam
Apesar da fotografia tornar-se cada vez mais acessível as habilidades técnicas ainda importam. Ouço muitas pessoas dizerem que o olhar fotográfico é o que cria uma imagem. Obviamente tem grande participação, no entanto um forte conhecimento do triângulo de exposição, da luz e de poses, além de outras coisas técnicas também ajuda. “Foto” vem da palavra grega que significa “luz”, então se você não possui qualquer conhecimento técnico de iluminação, você pode estar encrencado nas suas tentativas de criar fotos impactantes.
Ler a luz é muito importante. Aprender como a luz por trás (backlightning) vai afetar seu produto final (ou seja, reflexo, uma possível supexposição do céu, perda de contraste etc), ou como a iluminação curta (short-ightning) pode mudar a figura de seu/sua modelo são apenas dois exemplos de aspectos técnicos que podem fazer diferença em seu trabalho.
Isso deve tornar-se sua segunda natureza. Pense nisso como aprender um carro manual: você não tem como concentrar-se em como seguir mudando a próxima engrenagem e ler os sinais da rua ao mesmo tempo, enquanto vê se há alguém querendo atravessar a rua. O cérebro não funciona assim. Aprenda seu ofício até que você não tenha que pensar sobre ele. Daí você pode ser totalmente criativo.
O mesmo ocorre com o tratamento: é uma ferramenta muito importante a ter em seu arsenal. Ele pode produzir ou acabar com uma imagem. Se você não gosta de gastar tempo em frente ao computador ou não deseja aprender sobre o Capture One, o Photoshop ou semelhantes, comece a buscar por retocadores. Não é vergonhoso ter alguém retocando para você. Tenha em mente que fotógrafo e retocador são dois trabalhos distintos. Você pode ser bom em um, e não no outro. Faça o que faz melhor e deixe o resto para alguém que possa destacar seu trabalho.
Equipamento deve ajudar, não ser obstáculo
Se você não viu os recentes vídeos do Fstoppers sobre o iPhone, você definitivamente deve passar no canal deles no YouTube [links ao final] e assisti-los. Eles são uma bela demonstração de como equipamento não é tão importante no resultado final se você sabe como é limitado e de que maneiras. Por exemplo, um iPhone não sincronizará com estrobos de estúdio, então você deve trabalhar com luz contínua, assim como da mesma forma você provavelmente sabe a partir de que ISO sua câmera só pode subir mais deixando uma imagem com aparência terrivelmente ruim.
Equipamento é e sempre será importante para um fotógrafo profissional. Você deve saber suas limitações e como obter o melhor dele. Por exemplo, eu sei que minhas câmeras Canon são melhores em manter os detalhes nas altas-luzes do que nas sombras. Então minhas imagens devem ser sempre ligeiramente superexpostas para obter o máximo do sensor e maximizar a faixa dinâmica na pós-produção. Enquanto isso é verdadeiro em relação a minhas câmeras, pode não ser quanto às suas. Sei que, por exemplo, que as câmeras Nikon guardam mais informação nas sombras.
Inspire-se e analise imagens
Criar imagens de tirar o fôlego não tem importância apenas técnica. A inspiração tem um papel imenso. Você deve ser inspirado pelo que fotografa, o que significa que deve ter interesse no que você olha e documenta ou clica. Por que você deve interessar-se pelo que você fotografa? Bem, primeiramente isso deixará seu trabalho melhor porque você provavelmente terá um entendimento do que fotografa. Se sua área é casamentos, você provavelmente sabe o que acontece durante o dia e como antecipar-se aos momentos importantes.
Segundo: se você tem curiosidade pelo que fotografa, provavelmente achará mais fácil aprender sobre isso. Por “aprender” quero dizer buscar inspiração buscando fotos disso. Gosta de fotografia de beleza? Então olhe para outros fotógrafos, analise suas imagens, encontre o que você gosta, entenda como tudo foi feito, e pense sobre como você poderia fazer diferente. A partir daí, tente produzir sua versão bem própria. Não copie, entretanto. Copiar é ruim, mas inspirar-se e usar os elementos que gosta da imagem-base para fazer sua própria visão criar vida é um ótimo exercício.
Para casamentos, recriações podem ser difíceis, uma vez que é uma área mais in loco. No entanto, examinar toneladas de imagens e tentar mantê-las em mente para inspirar-se rapidamente no dia D pode ser de grande ajuda! Foi para mim, e ainda é! Tão cedo eu tenho uma folga na minha agenda, tento investir um tempo lendo revistas, assistindo filmes ou em sites como o Pinterest. Analisar trabalhos de outros lhe ajudará a torrnar-se um fotógrafo melhor. Também auxilia a aprender o que você quer fazer ou não. É assim que você pode refinar seu estilo.
Por dentro de Machu Picchu / © Alexandre Maia
Use seu equipamento
Agora você tem que juntar tudo isso. Conhecer seu ofício, seu equipamento e criar sua própria visão de imagens inspiradoras são pontos que não podem ser atingidos sem prática. Você precisa sair e clicar. Clicar muito é uma parte bastante crucial de sua pesquisa por seu estilo. Você não tem como encontrar o que gosta de fazer ou não sentado em frente ao Facebook ou à TV.
Vá lá fora, experimente, aprenda com seus erros. Erros são muito importantes no processo de aprendizagem. Não jogue no lixo todas aquelas fotos que parecem feias que você não mantém quando seleciona um clique correto à parte. Invista algum tempo analisando o que fez de errado. Mais importante, tente pensar em algo que poderia ter feito de diferente para fazer da imagem uma selecionada. Se você não conseguir criticar seu próprio trabalho, peça por aí.
Escute seu coração
Com todos esses aspectos técnicos em mente, há uma peça do quebra-cabeças ainda faltando: a das emoções. Você precisa pôr seu coração e sua alma em seu trabalho. Uma imagem deve ter alma, deve ser mais que tecnicamente boa. Um estilo fotográfico nunca estará completo sem uma parte de você. Um estilo tem que ser mais do que um processamento de cores que você aplica repetidamente em todas suas imagens, ou um padrão de luz semelhante. Essas são coisas que podem ser copiadas por outros fotógrafos.
Pôr seu coração em seu seu trabalho é algo que pode ser complicado de entender. Ao menos foi para mim, quando dei comecei. Como diabos estava eu fazendo as pessoas sentirem-se como eu me sentia quando imaginei e tirei minha foto?
Estou certo de que você já experimentou a situação em que você tem que clicar estando triste ou mesmo deprimido. O resultado obviamente não foi o mesmo de quando você estava feliz e cheio de energia. Suas imagens eram talvez mais sombrias, a forma como você falou com seu cliente provavelmente mudou, você conseguiu emoções diferentes e as poses que vieram à mente podem ter sido também diferentes. Essa é a prova de que suas imagens são parte de seu trabalho.
Para definir seu estilo você necessita ser capaz de usá-las. Mas precisa entendê-las primeiramente, e daí poder controlá-las. É importante entender suas emoções e como elas afetam seu trabalho, porque se você frequentemente experimenta oscilações de humor, seu trabalho irá pra todo lado e na maioria das vezes sem consistência. Um estilo é também consistência, mesmo que possa evoluir e, portanto, mudar.
Como pode ver, desenvolver e refinar um estilo vai além de uma pré-configuração. Quando comecei, estava certo de que bastava aplicar um preset parecido em todas minhas imagens para torná-las “consistentes” e dar a elas um “estilo semelhante”. Claro, todas tinham a mesma coloração e uma tonificação bastante parecida, mas não eram consistentes tecnicamente e o sentimento devia frequentemente variar um pouco, já que eu não poderia controlar minhas emoções. Clicar mais e produzir projetos pessoais com frequência ajudou-me muito. Para desenvolver seu próprio estilo, você deve clicar o que gosta, o que por sua vez vai atrair a clientela e os trabalhos que você quer.
via Fstoppers / foto: al.maia
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