Como fazer fotos (não bregas) de gestantes
As dicas para fotografar gestantes costumam ser: fotografe no sétimo mês para a barriga ficar bonita; escolha a hora mágica em fotos externas; faça fotos da barriga, sapatinhos e roupinhas; faça essa pose e aquela outra.
Ok. Até aí, nenhuma novidade. Mas, há pouco tempo, um amigo me fez a pergunta:
“Claudia, como é que faz foto de gestante sem ficar extremamente cafona?”
Não vou mostrar aqui exemplos de fotos cafonas, você sabe do que estou falando! Books de gestante tendem a ter muitas poses batidas, com repetições ad eternum de mãozinhas na barriga e sapatinhos e roupinhas.
Como fugir disso?
Aliás, do que estamos fugindo?
Por muito tempo meu trabalho era bastante focado na fotografia de mulheres grávidas. Ao me contar como me escolheram, era comum que falassem: “Gostei das suas fotos pois elas se destacaram das outras que vi, que eram bregas e todas iguais.”
O interessante é que minhas fotos não tinham nada de tão diferente. Na realidade, eu sempre fui para o caminho da simplicidade, e sempre foram fotos com poucos elementos: natureza, domesticidade e expressões. Minhas fotos eram cruas, e isso fazia elas se destacarem para essas clientes.
Na grande busca por ser diferente vejo profissionais adicionando cada vez mais firulas. Fazendo fotos em locações cada vez mais diferentosas, fazendo edições mais e mais “ousadas” e levando um caminhão de coisas para o ensaio (já vi gente levando barraca de pano, bandeirinhas, cestas de flores, bicicletas e mais trocentas miudezas… Tudo ao mesmo tempo!)
Essa busca pelo ousado e esteticamente diferente pode esconder o que é a essência da foto: a história que ela conta e a linguagem de quem está fotografando.
Sim, são fotos pessoais e o importante mesmo é que a cliente esteja satisfeita com o registro. Mas acho que podemos pensar um pouco na linguagem fotográfica mesmo neste caso.
Grávida não é só barriga
Retratos contam histórias de pessoas. E a fotografia da gestação não precisa ter um foco enorme na barriga, pois a história não diz respeito a uma barriga. Diz respeito a uma pessoa e a futura criança. Focar seus esforços somente em mostrar e evidenciar uma barriga é considerar a mãe somente como a portadora da barriga.
Fotografe a pessoa. Não precisa ter barriga de fora, não precisa ficar fazendo carinho na barriga o tempo todo, não precisa mostrar a barriga em todas as fotos. Não é nem necessário esperar que a barriga fique grande pra fotografar.
Aquelas fotos vão registrar o momento da gravidez, o momento de mudança. A barriga é um símbolo importante deste momento, mas é só uma parte dele.
Produções envelhecem rápido
A quantidade de modinhas que você segue é diretamente proporcional à breguisse da foto. É só esperar o suficiente.
Sim, uma foto toda vintage pode impressionar seus colegas de Facebook hoje. Mas logo isso será tão brega quanto outras modas passageiras (como a foto em sépia com o sapatinho colorido ou a guirlanda de flores enrolada na mulher nas fotos de estúdio.)
Tente investir na sua linguagem (direção, composição, luz, pós produção) mais do que em milhões de acessórios e produções.
E a família?
Embora a gente ainda viva em uma sociedade majoritariamente baseada na família nuclear tradicional (pai, mãe e filhos), estamos vivendo um momento de mudanças neste núcleo e, em breve, mais famílias serão livres para viverem de acordo com suas vontades (espero!). Cada dia mais é possível encontrar famílias de pais e mães solteiros (por separação ou opção), dois pais ou duas mães, padrastos e madrastas, filhos e filhas adotivos e outras combinações diversas de acordo com costumes e religião.
Todo mundo que faz parte dessa história pode aparecer na foto.
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Este artigo foi originalmente publicado em 13 de Outubro de 2013 pela autora Cláudia Regina no blog dicasdefotografia.com.br
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