Ao fotógrafo iniciante, um conselho: Seja bobo!!!
Isso mesmo, tomo emprestado um velho conselho que a Clarice Lispector nos deu em seu maravilhoso texto “Das vantagens de Ser Bobo”! Ao contrário do que crescemos ouvindo que o mundo é dos espertos, acho que a verdadeira vida, aquela bem vivida, é daqueles que são bobos. É importante não confundir Bobo com Burro.
O Bobo é aquele que se ocupa do pensar, contempla a obra da criação de forma curiosa, seu tempo é em função do ver, ouvir e tocar.
Características do Fotógrafo Bobo
- Enxerga aquilo que ninguém viu e sempre acha uma nova forma de ver o que todo mundo afirma já ter visto!
- É curioso como uma criança.
- Está mais preocupado com a originalidade do que com saídas fáceis. Como está sempre em busca do “novo”, as ideias simplesmente lhê veem à cabeça…
- É uma pessoa de fé, sempre acredita que vai dar certo e não se cansa de confiar no outro.
- É naturalmente inquieto, apesar de ter extrema calma, o que lhe garante um poder de observação plena.
- Experimenta, experimenta e experimenta.
- Não julga, divide o conhecimento por entender que deve ser multiplicado e acredita que há espaço para todos!
Há esta altura você já deve estar se perguntando se existe realmente vantagem em ser Bobo, e eu respondo que SIM, não é fácil, mas é possível. É gratificante pra nós quando encontramos um fotógrafo assim. Nos sentimos acolhidos, temos prazer em tomar aquele cafezinho e prosear, pois a conversa rende e voltamos pra casa cheios de novo ânimo, loucos pra tirar aqueles projetos da gaveta.
E para finalizar, separamos esse trecho:
“Bobo é Chagall[1][1], que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.” Clarice Lispector
[1][1] Marc Chagall (1887-1985), pintor russo que viveu na França, um dos maiores pintores do séc. XX.