Renato dPaula: Entrevista + Sorteio do seu Livro “A essência da Família”
Recentemente, eu tive o privilégio de conhecer, falar e entrevistar o fotografo documental Renato dPaula. Uma pessoa extremamente simpática, atenciosa e principalmente humilde, que me contou tudo sobre seu novo livro: A essência da Família – A beleza e o caos através da fotografia documental.
Um livro cheio de inspiração, histórias e muita emoção que pode ser seu! No próximo dia 23 de agosto de 2018 o Fotografia DG vai sortear aos nossos leitores Premium o livro do Renato com um autografo especial, saiba como participar aqui: https://www.fotografia-dg.com/sorteio-mensal/
Esse artigo é para você que quer enfrentar os desafios de uma fotografia cheia de emoção, conexão e verdade. O Renato nos deu uma entrevista que, com certeza, vai colaborar para que inicie o seu processo criativo e encontre sua essência pessoal e fotográfica.
Entrevista com Renato dPaula
Renato, quando você percebeu que queria ser um fotógrafo e que sua fotografia deveria ser a documental?
Renato dPaula – Eu comecei a fotografia documental registrando os momentos de uma ONG que acolhia idosos e uma casa transitória para crianças afastadas dos pais por juízes. Eu fazia a assistência com as fotos para captar recursos e eu gostava de levar amor e de guardar os momentos desse trabalho, antes mesmo de ser fotografo comercial. Eu sempre gostei do resultado de algo mais verdadeiro que o documental proporciona.
Você menciona em uma passagem de seu livro que: “o que é verdadeiro ganhou um valor muito grande. Como você consegue incorporar esse conceito para a família que está sendo fotografada?
Renato dPaula – Eu mostro para essas famílias que existem vários momentos em seu cotidiano que não nos damos conta e que estão passando e não temos noção do valor que eles têm. Esses momentos verdadeiros tem um significado muito forte para essa família, já é forte para quem olha e é de fora, imagina para a família. Muitas vezes são gestos simples como uma criança que posiciona sua mãozinha para trás, é um gesto que veio do avô, é quase que genético. É algo que a criança faz mas ela nem sabe o porque ela está fazendo, talvez nem tenha conhecido o avô, mas para os pais aquele gesto é uma recordação: “ nossa o meu pai fazia isso e ela nem o conheceu.” É por esse motivo que o verdadeiro ganha muito valor. Uma cena simples pode mostrar quem somos de verdade, sem maquiagem, e a gente gosta de poder relembrar dessas coisas. A fotografia documental mostra coisas que a gente não tinha percebido.
A fotografia documental é desafiadora, qual foi seu maior desafio até hoje?
Renato dPaula – A fotografia documental é super desafiadora porque você não tem controle de nada, mas ao você precisa estar preparado, posicionado e pensar muito antes de onde deve estar para se colocar antes da situação acontecer e fazer uma leitura das pessoas e da situação e mesmo assim pode não conseguir registrar o momento. O fato de não ter o controle te obriga a ter mais atenção no todo e em tudo que está acontecendo ao seu redor. O desafio é o mais fascinante da fotografia documental.
O que você leva em consideração no momento da cena a ser registrada já que “tudo pode ser documental” como você disse em seu livro?
Renato dPaula – O momento é composto por pontos altos e baixos, e eu vou conseguir sentir isso na edição. Mas no momento da foto é o feeling ou experiência que você tem para olhar a cena e sentir que aquilo ali é importante para a família. Você já conheceu a família eles já falaram algumas coisas para que você entenda que aquilo é importante. Também uso a minha experiência como pai e sinto que aquele momento é interessante para a família, que eles vão querer lembrar aquela cena. Um exemplo muito forte para mim em uma de minhas fotos: uma mãe que está dirigindo e em algum momento ela coloca a mão na perna da filha que está na cadeirinha no banco de trás. Nessa cena tenho traduzido à mãe que está ali dirigindo, longe de certa forma (fisicamente separada de sua filha por um banco), mas vejo que aquele toque que ela dá na perninha de sua filha é um sinal, é uma mensagem de amor, dizendo: “olha estou aqui e eu gostaria de estar aí junto com você, eu te amo…” É dessa forma que eu faço as leituras de cada gesto e cada toque para mim são grandes momentos para serem registrados.
Como você constrói a história que quer contar? Existe uma pré entrevista com a família? O que você “aceita” como sugestão ou interferência do cliente em seus registros?
Renato dPaula – Existe sim uma pré entrevista com a família, eu quero conhecer cada um, a personalidade, o que eles fazem, a rotina… Eu quero entender como funciona e principalmente o que é importante para a família. O que vocês mais valorizam dentro da rotina desse dia de ensaio ou dentro daquilo que vocês querem fazer naquele determinado dia, o que é importante? E a partir disso eu dou foco nessas pequenas cenas do dia a dia e vamos construindo com as fotos a história que estão vivendo ou que decidiram viver naquele dia. Não faço nenhum tipo de direção mas eu deixo a coisa fluir e peço que façam aquilo que gostariam de lembrar.
Você diz em seu livro que existe “a arte de errar”, quanto tempo levou para que você conseguisse chegar ao resultado que você buscava?
Renato dPaula –Eu continuo errando e eu continuo buscando, eu nunca chego num resultado definitivo, sempre busco melhorar algo mais. Mas a grande questão aqui é entender que errar é parte do processo e persistir é importante, não desistir em determinado momento ou determinada cena é tão importante quanto.
Como conseguiu transformar o seu projeto pessoal e criativo em algo comercial?
Renato dPaula – A minha fotografia documental nasce em um ano após o nascimento de minha filha quando comemoramos o seu aniversário na praia e eu decido registrar tudo de forma profissional. Essa necessidade nasceu, pois percebi que acabamos priorizando as fotografias de nossos clientes e a nossa família não é registrada como gostaríamos. Dois anos depois eu conheço o trabalho da fotógrafa americana Kirsten Lewis que fazia a fotografia documental de forma comercial. Nesse momento eu percebo que eu já fazia a fotografia documental com a minha filha e poderia (com propriedade, experiência e amor) oferecer o mesmo trabalho para outras famílias tornando dessa forma minha fotografia documental em comercial também.
Como o projeto #isababe365 interferiu em sua fotografia documental?
Renato dPaula – O projeto #isababe365 surgiu em meio ao meu trabalho documental de família. Esse projeto fez com que eu desenvolvesse mais a minha fotografia, pois o desafio era uma foto por dia e tem dias que estamos bem e inspirados e em outros nem tanto. Eu iniciei o projeto pela vontade de ter mais registros da minha filha. e o #isababe365 só consolidou em minha família o que eu já fazia para outras famílias.
A essência da família é um lindo e emocionante livro. É perceptível o sonho realizado impresso em páginas. Qual o seu recado para nós fotógrafos que procuramos a nossa essência?
Rentao dPaula –Cada um tem a sua essência, a sua essência está dentro de você mesmo, está dentro da sua história. Cada fotógrafo tem a sua história e quando a gente para de olhar para o trabalho dos outros e para a vida dos outros e olha para nossa própria história, aquilo que foi importante para gente, àquilo que a gente teve ou deixou de ter é que vamos começar a encontrar a nossa essência. É um autoconhecimento, algo que pode levar um tempo e talvez esse tempo seja mesmo você fotografando, olhando para outras coisas e aos poucos você vai criando e esse trabalho vai surgindo como fotografia e essa essência vai ficando em evidência para você. É sempre uma busca de reflexão daquilo que você viveu ou deixou de viver e a sua essência nasce aí.
Inspirador não é mesmo?
Renato dPaula é fotógrafo documental, premiado como melhor fotógrafo de família de 2017 e você pode conhecer mais sobre ele e seu trabalho através desse link: www.renatodpaula.com.br ou Livro A Essência da Família.
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