Cuidado! Você pode estar dividindo seu direito autoral!
Macaca tira selfie famosa em 2015, com equipamento do fotógrafo David Slater na Indonésia, pré-ajustado em modo automático. A justiça internacional creditou a autoria ao animal em questão.
Toda a obra fotográfica é composta dos seguintes fatores básicos:
- VISÃO OU CONCEPÇÃO: Refere-se a escolha do assunto, originalidade do tema ou da apresentação e sua criação. Pontos negativos: banalidade, imitação, confusão, reprodução.
- INTERPRETAÇÃO E TRATAMENTO: Adequadas ou não ao tema – Naturalidade ou artificialismo. Escolha adequada ou não ao processo utilizado. Há temas que apresentam excelentes resultados em Preto & Branco e outros em cores. Pontos negativos: interesse restrito, limitado ou de caráter pessoal, simples documentação.
- COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: Arranjo harmonioso dos elementos que formam e integram o quadro, formas linhas, massas, tons, luzes e sombras – Ângulo de tomada, perspectiva, utilização da profundidade de campo – Cores e enquadramento – Equilíbrio – Harmonia das Cores ou dos Tons de Cinza, quando for o caso.
Dessa forma, a genialidade do autor, sua capacidade artística e domínio técnico são aspectos que andam juntos, um não se separa do outro. Os grandes mestres da fotografia, como Man Ray, Ansel Adams, entre outros, adequaram e desenvolveram novos conceitos técnicos para que pudessem dar maior liberdade a sua imaginação.
Atualmente, o fator técnico da fotografia já não é mais um fator característico de cada fotógrafo. Observando melhor as redes sociais, como Instagram, Flickr, entre outras, observamos que as imagens são pasteurizadas, todas iguais, onde não se nota mais a assinatura de cada autor.
Os modos automáticos dos celulares, das câmeras, os filtros e pre-sets dos editores de imagens fazem com que a produção fotográfica de nossa era seja uma única coisa. Em outras palavras, este é o momento onde a santa ignorância facilita tudo…
As questões relativas a concepção, visão, interpretação, tratamento e tantas outras, como o próprio diferencial de cada fotógrafo deixam de ser importantes.
Dessa forma, a manifestação artísticas de nossos dias adentra a uma passividade bovina, onde nada é proposto, nada é reinventado!
Mas o núcleo de nossa discussão não para por ai. Toda a vez que o fotografo se apropria dos modos automáticos, dos filtros, pre-sets e outros processos de automação sem qualquer moderação ou ajuste personalizado, ele está na realidade se submetendo a um processo de co-autoria, ou seja está dividindo os direitos autorais de sua imagem com os fabricantes dos instrumentos ou aplicativos que usa. O fotógrafo, nesse caso, é um mero apertador de botão! Como o exemplo da macaca, logo acima.
Na realidade, você além de perder a sua autenticidade, está usando a técnica do fabricante, a maneira com que ele enxerga o contraste, a totalização, a iluminação, o clima, a atmosfera e outros fatores inerentes a concepção técnica da imagem. É a ditadura da visão. Todos enxergam a mesma coisa!
Esses fabricantes tem como verificar como anda a produção artística e cultural de seus consumidores. No Exif de cada imagem, há dados ocultos, inseridos por eles, que não podem ser apagados. É uma espécie de cookie, onde o desenvolvedor do programa que você está utilizado, pode verificar se ele está vencido ou é pirateado, podendo ser visualizado por quem quiser, no momento em que sua imagem é publicada na internet.
Portanto, da próxima vez que você utilizar as funções automatizadas, lempre-se de que seu sócio está presente e que dependendo da genialidade e repercussão de sua imagem, ele poderá vir cobrar a sua parte!
Tag:direito autoral, macaca, macaco, selfie