Entrevista a Douglas Azevedo
Douglas Azevedo, natural de Siqueira Campos, interior do Paraná. Hoje com 24 anos, descobriu sua vocação na fotografia em 2011 aos 18 anos de idade, desde então não parou de fotografar. Autodidata, mudou-se para Curitiba em 2016 para fazer um curso técnico buscando expandir e aperfeiçoar mais suas técnicas.
Já expôs seu trabalho em diversos eventos culturais da Capital, e uma participação no Museu da Fotografia de Curitiba na mostra Mancha Urbana que aconteceu em outubro e novembro de 2016. Atualmente vive na sua terra natal onde tem um estúdio e atende áreas comercias trabalhando também com projetos documentais.
1 – Por que escolheu fotografar o universo feminino?
Admito que nunca parei para pensar sobre isso, talvez porque não sinta que foi necessariamente uma escolha! Sempre enxerguei naturalidade na figura da mulher, sobre a qual alicerço minhas metas com a fotografia.
2 – O que mais admira na fotografia e porque escolheu fotografar em preto e branco?
Ela me prendeu por ser uma arte instantânea, que por mais que o processo criativo possa demorar meses para acontecer, o ato de fazer, é instantâneo. Preto e branco é irreal, gosto de misturar a realidade crua de uma cena com a ausência da cor, mantém a integridade do contexto.
3 – Qual sua opinião sobre a arte atual no Brasil?
Por mais que as pessoas digam não ter interesse pela arte e por movimentos ligados a ela, enquanto muitas vezes se mostra presente em seus próprios cotidianos e passa despercebida nas pequenas manifestações culturais, a arte não vive apenas em galerias ou museus.
4 – Percebi que o seu trabalho também mescla o universo feminino e a natureza, como você consegue compor isto de maneira tão delicada e ao mesmo tempo intimista?
Busco criar sempre uma relação de confiança com a modelo antes de fotografar, para que haja uma interação. É interessante como tudo flui naturalmente quando há interação. Compor o corpo junto à natureza é algo que simplesmente acontece, quando se misturam numa cena tornam-se unos porque fazemos parte disso tudo, somos da própria natureza.
5 – Vi que suas fotografias são “cruas” nada de uso excessivo de ferramentas de edição, qual sua opinião sobre o padrão atual estabelecido na sociedade, e se estamos conseguindo mudar este paradigma atual (fique à vontade para expressar sua opinião)
A única edição que aceito numa boa em minha fotografia é a ausência de cor mesmo (risos) embora, claro, eu faça reajustes e sei da importância que o pós tratamento tem para se chegar num resultado final mais satisfatório. Mas quando percebemos a luz, em como ela caminha e com sensibilidade conseguimos extrair isso para imagem, toda pressão social se ofusca porque imposição cultural nenhuma é capaz de fazer com que as pessoas deixem de sentir e de se sensibilizar com a beleza inata das formas humanas.
6 – Vejo que seus retratos tem um estilo único e peculiar, qual é sua fonte de inspiração para compor este processo?
A natureza com certeza é minha maior inspiração. É artística demais. Adoro observar as miudezas e em como tudo nela se transmuta.
7 – Quais suas maiores influências?
Atualmente nas imagens de livros e revistas que folheio para recorte e colagem, descobri um estímulo capaz de aperfeiçoar bastante a capacidade de composição que reflete diretamente na fotografia. Na hora de fotografar acabo sempre associando imagens que já vi com o cenário que me encontro. Embora não os considere exatamente como influências, admiro bastante a arte de alguns fotógrafos como: Evgen Bavcar, fotógrafo esloveno cego, Man Ray, fotógrafo surrealista norte-americano do início do século e Vivian Dorothea Maier, fotógrafa documental norte-americana. Sendo assim por mais que se tente distanciar das obras de tais artistas, elas sempre acabam influenciando de alguma forma, mesmo que seja inconscientemente.
8 – Qual conselho daria para quem está buscando fotografar modelos femininos?
Primeiramente respeito e buscar identificar o que quer passar com a sua arte.