O mercado fotográfico estaria entrando em um grande colapso?
O declínio do mercado de câmeras fotográficas como consequência da ascensão do mercado de smartphones, qual será o futuro disso?
O mercado fotográfico, assim como qualquer outra atividade relacionada a tecnologia, vai sofrendo mudanças ao longo do tempo. Algumas bruscas, outras nem tanto. Tentem responder à seguinte pergunta: quantas câmeras o seu fabricante preferido anunciou no ano de 2016? Incluindo compactas, DSLR, mirrorless, tudo. Agora experimentem voltar no tempo, 5 ou 6 anos atrás para perceber como era diferente. Um alarmante gráfico foi anunciado neste mês de outubro mostrando a quantidade de câmeras vendidas desde o ano de 2003. Se alguém disser que hoje se vende menos câmeras digitais do que há 13 anos atrás quando a fotografia digital ainda engatinhava, parece chocante? Vejam abaixo o gráfico do Statista, um site especializado em estatísticas e gráficos.
2010 foi o auge do mercado fotográfico
O ano de 2010 foi o auge da venda de câmeras fotográficas e a diferença das câmeras compactas para as de lentes intercambiáveis era absurda em favor das compactas. Não por acaso, neste ano criei um blog sobre equipamentos fotográficos, o Foto Fácil, que teve relativo sucesso enquanto o mercado fotográfico “bombava”. Conforme o mercado foi entrando em declínio o blog perdia audiência na mesma proporção. Graças a este blog fui percebendo tal declínio e escrevi artigos intitulados “Total mudança de rumos na fotografia digital”, parte 1 e parte 2. Isso nos anos de 2013 e 2014 onde já se percebia uma acentuada queda no mercado fotográfico.
Porém, agora em 2016 o declínio chega a um nível assustador: são apenas 13 milhões de cameras fotográficas no mundo todo (de janeiro a julho) contra mais de 43 milhões no ano de 2013, ou mais de 121 milhões no ano de 2010! E no próprio dia a dia é fácil perceber como os smartphones estão tomando esta enorme fatia do mercado. Nas festas da escola do meu enteado sou o único ainda com uma câmera compacta e todos os outros pais com celular; em eventos grandes como os jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro normalmente eram eu e mais 3 ou 4 aventureiros com compactas e os outros milhares de espectadores com celulares. E também tinha aquela meia dúzia com DSLR, outro mercado que também está caindo.
Principais lançamentos de câmeras de 2010 a 2016 (presente momento):
Canon
- Em 2010 – 14 compactas e 2 de lentes intercambiáveis
- Em 2011 – 15 compactas e 3 de lentes intercambiáveis
- Em 2012 – 18 compactas e 5 de lentes intercambiáveis
- Em 2013 – 14 compactas e 3 de lentes intercambiáveis
- Em 2014 – 14 compactas e 2 de lentes intercambiáveis
- Em 2015 – 11 compactas e 5 de lentes intercambiáveis
- Em 2016 – 8 compactas e 5 de lentes intercambiáveis
Nikon
- Em 2010 – 13 compactas e 2 de lentes intercambiáveis
- Em 2011 – 14 compactas e 3 de lentes intercambiáveis
- Em 2012 – 15 compactas e 7 de lentes intercambiáveis
- Em 2013 – 14 compactas e 7 de lentes intercambiáveis
- Em 2014 – 12 compactas e 6 de lentes intercambiáveis
- Em 2015 – 12 compactas e 5 de lentes intercambiáveis
- Em 2016 – 9 compactas e 3 de lentes intercambiáveis
Lembrando que já estamos quase em novembro e não é mais esperado nenhum grande lançamento. Salvo alguma grande exceção.
Como explicar isso?
É preciso entender que os entusiastas que procuram qualidade acima de tudo e querem sempre ter a melhor câmera que seu dinheiro pode comprar são uma ínfima minoria. A grande maioria quer praticidade, quer compartilhar instantaneamente momentos importantes da sua vida com o mundo todo através das redes sociais. Algumas câmeras já o fazem mas, convenhamos, sem a menor praticidade ainda. Hoje é obrigatório as principais câmeras possuírem wi-fi integrado, mas ainda não é o bastante. Um smartphone já é totalmente integrado e preparado para esse envio imediato. As pessoas que deixaram de usar câmeras compactas trocaram a qualidade pela praticidade de um smartphone, ou seja, não se importam tanto assim com qualidade de imagem.
Por outro lado, os poucos que usavam compacta e prezavam pela qualidade de imagem migraram para as compactas premium ou para lentes intercambiáveis. Mas, mais uma vez é preciso ressaltar, fazem parte de uma ínfima minoria. O mercado fotográfico hoje é refém dos smartphones, isso é fato. E o site 43 Rumors questiona: como uma empresa como a Nikon (citando um exemplo) que vive quase só de fotografia vai reagir a isso?
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