Filtros de densidade neutra e graduados de densidade neutra
Pequim, 25 de Novembro de 2009, o relógio marca sensivelmente 17 horas e eu acabo de chegar ao Teatro Nacional de Pequim, poucos minutos antes do pôr-do-sol. Foi uma corrida contra o tempo, o que fez com que viesse todo o caminho com um nervoso miudinho, face à possibilidade de não chegar a tempo ao local previamente estabelecido. Para minha sorte e ainda sem o saber, estou a minutos de presenciar o pôr-do-sol mais bonito dos 20 dias que estive na China. Na sua forma, este teatro faz lembrar o “nosso” pavilhão Atlântico, com uma diferença – o Teatro Nacional de Pequim é rodeado por um lago artificial, o que nos dias sem vento permite obter imagens de belo efeito, uma vez que surge totalmente reflectido no lago. Tendo à minha frente um dos ícones de Pequim e numa das cidades com maior densidade populacional do mundo, de repente, percebi que não era o único a presenciá-lo e a querer capturar aquele momento. Se em Portugal estou habituado a poder fazê-lo, aqui, pelo contrário, iria ter, no mínimo, a companhia de pelo menos 30 fotógrafos chineses, também eles equipados a rigor e com o mesmo objectivo: fotografar o teatro!
Teatro Nacional de Pequim, China
Decido, então, preparar a câmara e o tripé, limpo os filtros, coloco o cabo disparador e começo a minha “viagem” fotográfica. Digo viagem, porque sempre que estou a fotografar desligo-me do resto do mundo. No entanto, após alguns minutos, sinto que estou a ser observado e…fotografado! Sinto-me incomodado com a situação. Não por estar a ser observado e fotografado, mas por não estar a perceber o que despertava tanta curiosidade nos outros fotógrafos. Mas depois percebi – tamanha curiosidade resumia-se a algo “estranho e misterioso” que eu tinha à frente da minha objectiva: os filtros graduados de densidade neutra! Como a língua neste caso foi uma barreira, visto que nenhum deles falava inglês, resolvi “apresentar-lhes” os filtros e, ao mesmo tempo, ia-lhes mostrando algumas das imagens ali obtidas com e sem filtros, de forma a perceberem as diferenças. Foi curioso ver a cara de surpresa destes meus novos “colegas” de hobby, ao verificarem que tinha as minhas imagens bem expostas, com detalhe, tanto nas altas luzes como nas baixas luzes, sem estar a sacrificar alguma parte da imagem.
Este pequeno episódio caricato de uma grande viagem serve, sobretudo, para dar ênfase ao que representam e quão úteis podem ser os filtros graduados de densidade neutra na fotografia. Nas condições de luz daquele dia e sem filtros, nunca teria sido possível obter uma imagem bem exposta na sua totalidade, sem recorrer a este tipo de filtros. No final, e mesmo não tendo conseguido chegar a um entendimento através do dialecto, a linguagem que nos unia – a fotografia – falou mais alto e os meus companheiros perceberam a importância do uso destes filtros.
Filtros de Densidade Neutra – Os mais comuns
Modo de adaptar os filtros à câmara
Filtro de Densidade Neutra
Caracteriza-se por ser um filtro todo cinzento opaco que não afecta as cores finais da imagem. Usa-se para diminuir a quantidade de luz que chega à câmara quando a abertura ou a velocidade têm de permanecer constantes. É útil em paisagem por exemplo, quando é preciso fazer uma longa exposição ou quando o objectivo é retirar excesso de luminosidade que possa existir. Os mais comuns são o de 1, 2 e 3 stops. No exemplo da imagem 3, utilizei um filtro de densidade neutra de forma a obter uma velocidade tão baixa que me permitisse fazer com que as pessoas ficassem “arrastadas”. Esta imagem foi obtida num dia solarengo e perto do meio-dia.
Uso de filtro Densidade Neutra 4 stop´s
Filtros de Densidade Neutra Graduado de transição suave
Caracteriza-se por ser um filtro neutro que na zona superior é escuro e na parte inferior é transparente. A transição entre a parte superior e inferior é gradual. Tal como o seu precedente, este filtro não afecta as cores finais da imagem. Usa-se para equilibrar as diferenças de luz existentes entre o que está acima e o que está abaixo da linha do horizonte. Por norma o céu é mais luminoso de tudo o que está na parte inferior da imagem, este filtro permite obter uma exposição correcta sem que isso implique sacrificar alguma das zonas da imagem. É mais comum a sua utilização em imagens nas quais o horizonte não está bem definido. Os mais comuns são o de 1, 2 e 3 stops.
Uso de filtro Densidade Neutra Graduado transição suave, 2 stop´s
Filtros de Densidade Neutra Graduado de transição dura
Este filtro é exactamente igual ao seu precedente, sendo que neste caso a transição entre a zona cinzenta opaca e a zona transparente é acentuada. Este filtro, também não afecta as cores finais da imagem. Usa-se para equilibrar as diferenças de luz existentes entre o que está acima e o que está abaixo da linha do horizonte. Recomenda-se essencialmente o seu uso em situações que a linha do horizonte está bem definida. Os mais comuns são o de 1, 2 e 3 stops.
Uso de filtro Densidade Neutra Graduado transição dura, 2 stop´s
Nestes exemplos, o filtro utilizado foi o de Densidade Neutra Graduado, transição suave
Texto e imagens por Nuno Luís, membro da equipa FOTONATURE.
www.foto-nature.com
www.nunoluis.net