A fotografia de família: criatividade, confiança e o resgate das nossas histórias
Quando eu comecei a fotografar crianças e famílias, meu principal objetivo em consultorias e workshops era o seguinte: descobrir o tal “pulo do gato” que fazia esse ou aquele fotógrafo produzir as fotos mágicas que eu via em seus sites e blogs. Eu acreditava que pagando aquele workshop (que às vezes custava o meu rim), eu ganharia uma fórmula mágica, algo como uma equação matemática, que faria com que eu fotografasse automaticamente igual àquela pessoa.
Ledo engano (risos!).
O workshop dos fotógrafos bons e honestos não me prometia isso, mas me davam ferramentas para exercitar minha criatividade – e me questionar, questionar o mundo ao meu redor. Na verdade, adquirir confiança em um trabalho criativo da sua autoria, pouco a pouco, é sair da sua zona de conforto, experimentar sempre, treinar seu olhar e… reconectar-se com você.
O propósito desse artigo, então, não é falar sobre ferramentas para se tornar um profissional mais criativo na direção dos seus ensaios. Isso é importante, mas hoje creio que há algo ainda mais fundamental. É estimular todos os fotógrafos que retratam pessoas e famílias – iniciantes ou não – a fazerem a si mesmos perguntas profundamente íntimas sobre sua personalidade, sobre seus relacionamentos e suas histórias.
Aprendi que quem fotografa famílias precisa pensar… na sua própria família e no que te impulsiona ou te afasta das pessoas. O que te motiva a conhecer alguém? E por que se aproximar? Se você acha que essas perguntas não fazem sentido algum para sua fotografia crescer, pense: você consegue chegar perto dos seus modelos/clientes? Consegue fotografar momentos íntimos dos fotografados? Se não consegue, o que te impede de fazer isso? Tem certeza de que é apenas a suposta falta de técnica? E essa mesma dificuldade pode te impedir de divulgar mais seu trabalho, de mostrar suas melhores fotografias, de atender bem seu cliente…
De todas as pessoas que passaram pela minha vida e me auxiliaram a me tornar a profissional que eu sou hoje (e que sempre terá algo a melhorar, se não ficará estagnada no tempo!), aquele que mais me auxiliou foi, sem dúvida… meu analista! Junto com ele, todos os workshops que procurei fazer, ao longo dos anos, foram preenchendo necessidades técnicas e até emocionais que eu tinha e, sim, muitos foram importantes no meu trabalho de hoje.
Mas nada é tão fundamental como se conhecer e entender o que te cativa (e o que você precisa trabalhar) nas pessoas e na formação de laços com elas. Só assim você consegue fotografar em paz, feliz, desenhando nos seus ensaios cenas que você imagina e deseja não só para aquela família, como para você também. Para mim, os workshops do futuro, serão aqueles que estimulam você a entender quem você é, o que te fez se apaixonar pela fotografia e o que te impede hoje de ser mais, de ir além.