Quanto vale uma foto? Ou “CON/CON”…
Muito se discute sobre preços diferentes para serviços fotográficos. E, claro, todos acham que têm razão e, aí, não há consenso. Não espero o consenso com este texto, mas sim, jogar novas luzes sobre a discussão e mostrar alguns pontos que acho interessantes e que compõem o preço de uma imagem.
Para começar, vivemos no capitalismo, onde a liberdade de preços é praticada, mas o mercado e a demanda ajudam a regular alguns valores mínimos e máximos.
A fotografia é uma prestação de serviço, não podemos comparar com o preço de um produto industrializado e padrão. Dessa forma, a composição de preço é formada também por elementos muitas vezes imensuráveis como: credibilidade, dedicação, qualidade, presteza, simpatia, comunicação pessoal, experiência, etc. São fatores que não aparecem numa planilha de custos, mas muitas vezes são decisivos na escolha de um profissional. A famosa frase: “Faz tuas fotos com Fulano de Tal, ele é um fotógrafo muito legal…” Mas para ser merecedor dessa indicação, tem que ter vivência, muitas horas de trabalho, pois a experiência, moçada, é teoria e prática. Como dizia minha mãe: “tem que andar para criar calo”.
Vamos agora para o bolso, falar de coisas mensuráveis. Estes itens sim devem constar numa planilha e deles não podemos nos afastar sob pena de termos prejuízo. Aluguel de sala, equipamentos (taxa de depreciação), seguro, deslocamentos, hora de trabalho, impostos (isso é outro assunto polêmico), custos de pós-produção, forma de parcelamentos dos recebimentos, taxas bancárias, etc. Isso tudo define o valor do clique também.
Agora vamos jogar aberto, e talvez seja uma grande dificuldade de se precificar um trabalho de investimento pessoal do fotógrafo. Vejo muitos mostrando trabalhos ruins, pobres de qualidade geral e excessivamente “consertadas” no computador e o fotógrafo batendo no peito reclamando dos preços da concorrência e de quem faz foto quase de graça. Vamos investir em qualidade, técnica, treinamento, testando e se dedicando mais ao ofício e aí, com certeza, a qualidade, os trabalhos e o dinheiro vão melhorar.
Fala-se muito dos valores muito baixo dos trabalhos, mas nem todos podem ter uma Mercedes Benz, mas conseguem um carrinho popular que vai levar ao mesmo lugar que levaria um carro de luxo.
Pessoas simples também querem registrar seus momentos marcantes. Juntam suas economias para eternizar suas emoções pela fotografia. Tem pessoas pagando e fotógrafos fazendo: liberdade de mercado… Deixa a turma trabalhar em paz.
Depois de tudo isso, um depoimento pessoal. Para melhorar a qualidade do meu trabalho muitas vezes fiz de graça. Não só de graça, mas investindo em equipamentos caros, tempo e muito suor… Foram muitos cliques sem um centavo e não me arrependo.
Para terminar, vivemos num tempo de liberdade de mercado, competição ferrenha, vários compromissos financeiros e coisa e tal… E muitas vezes quem define o preço de um serviço fotográfico é o fator “CON /CON”: CONcorrência e CONta bancária.
Sejamos francos, se você está apertado, com a conta no banco negativa, é difícil deixar um trabalho passar por questão de preço, não é?
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