Como dominar a Exposição Perfeita
Uma das buscas rotineiras dos fotógrafos que não chegaram ainda ao patamar da maestria técnica é pela exposição perfeita em todas situações. Vamos entender?
Uma das coisas complicadas na fotografia atual é, sem sombra de duvida, dominar os recursos da câmera digital profissional. A minha mais recente câmera deve ter mais de 150 controles, entre botões e ajustes de menu. Sim, leva tempo para aprender tudo, ler o manual, etc Se você deseja dominar a fotografia então esta imersão técnica será necessária. É a base que preciso de você para este artigo, portanto, primeiro de tudo estude seu equipamento, principalmente a parte de controles de exposição, fotometria e histograma.
Sei que muita gente ainda tem dificuldades com o básico e por esta razão, muito em breve, tenho planos de lançar um DVD e um livro com um guia de campo básico para os mais novatos, acho que isto é necessário e vai nivelar muita gente que tem dificuldade de acesso a informação no Brasil e principalmente em língua estrangeira. Neste artigo vou considerar que você já sabe o básico.
Como comentei anteriormente, hoje pretendo falar da luz pois depois de entender os controles da câmera, a luz é de fato um dos pilares de conhecimento da fotografia. ¨Ler uma imagem¨ em uma cena que será fotografada sob o ponto de vista de qualidade de luz e contrastes, rápido, é um dos pontos que você precisa dominar e é o que separa os fotógrafos amadores dos fotógrafos profissionais.
Sensores e lentes
Acho que vale a pena sempre repetir, na captação da luz a qualidade da lente (claridade) e qualidade do sensor fazem toda a diferença. Infelizmente os sensores que hoje fazem o papel do antigo filme não são perfeitos, possuem aquecimento quando usados em exposições mais longas, introduzindo ruídos ou possuem limites de captação de luz pois uma imagem é registrada dentro de uma variação de 5 f/stops. Nos tempos do filme, quando captamos luz demais, aumentando a exposição, perdíamos os detalhes nas partes brancas da foto e subexpondo demais perdíamos os detalhes nas partes pretas, ou seja, perdíamos a foto. Hoje as coisas mudaram e boa parte das câmeras profissionais possuem um histograma. Consultando o mesmo em tempo real já podemos evitar estes dois casos (algumas câmeras inclusive possuem alerta de altas luzes que piscam nos detalhes claros da imagem para informar onde os detalhes no branco estão sendo perdidos). A solução neste caso é simples, basta mudar a exposição compensando a mesma em um ponto ou dois (técnica de ¨bracketing¨) para uma exposição perfeita.
Histograma
Nada mais é do que um gráfico com 256 níveis de brilho da imagem. Uma concentração de pontos a esquerda ou direita pode indicar subexposição ou superexposição. É importante considera-lo como uma base referencial, algo apenas para nos ajudar a tomar uma decisão sobre a exposição, já que em uma ¨exposição criativa¨ nem sempre a criatividade está alinhada com uma exposição tida como tecnicamente ideal, isto é, com presença no gráfico dos vários tons distribuídos em uma curva quase uniforme.
Exposição e suas ¨pegadinhas¨
O truque para acertar as exposições é saber que deixando a câmera no modo exposição ¨P¨ ou automático, aquele pequeno japonês ou alemão em miniatura que está lá dentro da câmera pode fazer um monte de bobagens.
A lógica é bem simples, a câmera procura basear a fotometria no cinza médio cerca de 13 a 18% de cinza, na metade do espectro do gráfico do histograma, nível 128 (na escala de 0 a 256 níveis).
De fato existem duas considerações que desejo fazer, a fotometria automática acerta mais se você der uma informação da luz da cena que vai ser fotografada (usando o modo cenário disponível em algumas câmeras). Explico melhor, baseado em situações conhecidas de luz, a câmera calibra a exposição compensando alguns ajustes para que o resultado seja bem melhor (superexpondo ou subexpondo) no modo cenário ou programa ou nome equivalente. Ex. configurar a câmera para modo cenário. Quando escolher usar cena de ¨dia de sol na praia¨ (a câmera vai provavelmente usar esta informação sobre a cena e subexpor um pouco) ou cena de ¨fogos de artifícios¨ (vai aumentar a exposição e sensibilidade ISO para a cena).
A segunda consideração é que a câmera provavelmente fará um ótimo trabalho de exposição no modo automático se a cena não tiver um contraste alto ou seja, ¨baixo contraste¨. Neste casos, fica a dica, na pós-produção, olhe o histograma no Photoshop ou equivalente, e se houver um pequeno espaço sem informação nas bordas, quer dizer que a captação da imagem teve baixo contraste e neste caso recomendo que você alinhe o ¨0¨ do histograma (preto absoluto) com o principio do gráfico da imagem e o 255 (branco absoluto) com o fim do mesma. Com o contraste ajustado ficará mais legal !
Existem algumas situações que enganam o fotômetro da câmera e portanto agora preciso que você pare esta leitura por alguns instantes e pense quais as situações de luz , cenários, onde você tem ou teve desafios com alto contraste e intensidade de luz extremas.
Pensou?!
Ok, desligue a câmera e a cabeça do modo automático.
Situações clássicas de luz e a correção proposta
Use as dicas como base inicial para estudo da luz e ajustes, cada cena é única e o ajuste pode e deve variar:
– Cena de artista iluminado por luz pontual cercado por fundo preto, a indicação da fotometria da câmera vai provavelmente superexpor. Correção: compense -1 f/stop
– Cena com baixo contraste, a indicação da fotometria da câmera vai provavelmente acertar. Ponto para o japonesinho ou para ao alemãozinho dentro da câmera
– Cena com bastante céu claro em 65% da cena, a indicação da fotometria da câmera vai provavelmente subexpor. Correção: compense +1 f/stop
– Cena com muito predomínio de branco ou muita claridade, uma praia em dia muito ensolarado, a câmera vai tentar acertar a luz para um cinza médio e o resultado ficará uma cena acinzentada, longe do branco original, subexposta. Correção: compense +1,5 f/stop a +2 f/stop
– Cena com muito predomínio de preto ou sombras, uma pessoa ou coisa pequena contra um fundo escuro, novamente a câmera vai tentar acertar a luz para um cinza médio e o resultado ficará uma cena acinzentada, superexposta. Correção: compense -1,5 f/stop a – 2 f/stop
– Cena de pessoa contra o sol , a indicação da fotometria da câmera provavelmente vai subexpor. Correção: compense +2 f/stop e use um flash de preenchimento para evitar obter uma silhueta
Nota – tenho que confessar que já vi câmeras no modo inteligente (uma espécie de leitor automático de cena) lidarem com situações difíceis de alto contraste, acertando em cheio boa parte das vezes, infelizmente não é regra. As marcas TOP tem feito um ótimo trabalho neste sentido. Como estamos com o objetivo de ensinar você, avalie como sua câmera se comporta nas situações extremas de luz e tire suas próprias conclusões.
Usando HDR
Mesmo calibrando melhor a fotometria com a compensação de exposição, algumas situações de alto contraste ou perdem detalhes nas altas luzes ou nas sombras, portanto uma saída e usar a técnica do HDR (high dynamic range). Este nome complicado significa algo simples, obter a mesma cena em capturas sequenciais com ajustes de exposição diferentes, buscando compor com as imagens misturadas toda a extensão da faixa dinâmica, impossível de se obter com uma única foto.
Como fazer: Com auxilio de um tripé e timer ou disparador externo, fotografe um ponto E.V. (valor de exposição) acima, um ponto E.V. abaixo e um E.V. como indicado pelo fotômetro da câmera. Ex: em um dia ensolarado e com um cenário com alto contraste, capturar três imagens, uma com f/8 1/250s, outra com f/8 1/125s e outra com f/8 1/60 (atente que mantive o f/stop=8 para preservar a profundidade de campo). Depois, com auxilio de um programa para unir as imagens HDR, como Photoshop ou Photomatixpro (existem muitos programas, inclusive gratuitos na web) você obterá uma imagem de ¨tirar o folego¨ com uma faixa de resolução dinâmica muito mais ampla que o normal. O sanduiche típico é feito com no mínimo e 3 imagens mas já ouvi casos de pilhas enormes para obter um espectro de nuances alto, sei lá… acho exagero.
Dica – algumas câmeras disponibilizam o HDR de forma mais simples, pois já possuem alguma automação para este processo, inclusive dispensando o software de pós-produção obtendo a imagem final na hora, na câmera. Antes de obter uma imagem como sugerido acima veja no manual de sua câmera se já não existe pronto um processo mais simples e mais automático. A lógica contudo é sempre a mesma, obter várias exposições diferentes e fazer um sanduiche de imagens com maior alcance dinâmico ou latitude.
Conclusão – Esta foi uma pequena introdução no assunto luz e exposição que acho realmente fascinante. Procure treinar o olhar nas situações de luz clássicas (acima) como ponto de partida para depois, aprofundar mais. Treine os ajustes de compensação de exposição. Tenho certeza que se ao menos você reconhecer estas situações básicas, de pronto, vai melhorar em muito a qualidade da exposição das imagens.
No próximo post posso falar sobre ¨Desfoque criativo¨ ou ¨Criando imagens de alto impacto¨ se curtiu, opine nos comentários abaixo e me ajude a escolher o tema que mais gosta votando aqui mesmo nesta página.
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Tag:exposicao, fotometria, hdr, histograma, iso