Fotografia para Pessoas com Deficiência
Foi uma enorme satisfação escrever sobre este tema, principalmente devido às surpresas agradáveis com que me deparei durante as pesquisas na internet. O ponto de partida foi o caso de Forrest Sargent, portador de autismo. Não tinha me dado conta de como a fotografia pode ser importantíssima para pessoas com autismo, mas após a leitura da matéria esta questão ficou clara. Vejam as características do autismo: “O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente— segundo as normas que regulam essas respostas).“ (Fonte: Wikipedia.org).
Uma das razões que me fazem fotografar está relacionada a uma necessidade de me comunicar, de me expressar, que na era das câmeras digitais significa compartilhar minhas imagens com os demais. Estou exercendo minha comunicação através de imagens, me socializando e alterando meu comportamento de forma positiva por meio delas.
Se um autista possuir habilidades cognitivas para manusear uma câmera compacta e conseguir estabelecer uma conexão com o mundo exterior através da fotografia terá sido dado um passo enorme para minimizar parte dos problemas dessa disfunção. Em minha busca por mais informações sobre o autimo, descobri que alguns portadores possuem as chamadas “Ilhas de Habilidades” e adivinhem qual é uma dessas Ilhas? Memória fotográfica. Acredito que nesses casos uma imagem realmente vale mais do que mil palavras.
Resolvi abrir o leque da pesquisa e então me surgiu uma dúvida que vou explicar muito rapidamente. Como eu deveria chamar as pessoas com alguma “deficiência”? Qual a forma politicamente correta? Utilizei a expressão Pessoas com Deficiência, constante no título desta matéria conforme consta da página do Senado Federal que trata sobre o assunto. Em inglês a expressão é a mesma.
Voltando para a fotografia, quando pesquisei no Google usando a expressão “fotografia para deficientes” fiquei espantado com a quantidade de retornos obtidos. Utilizem o mesmo critério de busca e se surpreendam também. A surpresa aumentou quando passei os olhos logo na primeira página do Google. Várias conexões com cursos de fotografia para deficientes visuais. Esse conceito ia além das minha capacidade cognitiva. Fotografar sem enxergar?
Comecei a ler vários artigos mas a ficha não caía, até que encontrei esse vídeo maravilhoso de um projeto realizado pela Faculdade de Fotografia do SENAC de São Paulo SP. Este espaço seria pequeno para eu tentar explicar o que assisti. Se ficaram intrigados assistam ao vídeo, porque vale muito a pena, com entrevistas com os deficientes visuais e seus assistentes, chamados no vídeo de educadores. Pela qualidade e relevância, esse vídeo do SENAC possui um número muito baixo de visualizações, então se gostou compartilhe. Só custa um clique.
A ajuda aos deficientes visuais também está vindo na forma de aplicativos que podem ajudá-los até na composição de uma cena e no foco. Estudantes da Universidade da Califórnia no EUA, desenvolveram um aplicativo que informa ao usuário da câmera através de uma voz gravada no programa, quantos rostos estão presentes na cena. Aplicativos como este dão uma independência sem precedentes aos deficientes visuais.
Com a crescente popularização das impressoras 3D, a experiência dos fotógrafos com deficiência visual vai se expandir. Já estão disponíveis no mercado impressoras que fazem uma réplica em miniatura de um certo objeto e outras uma impressão em alto relevo em papel. Tirar uma foto e depois ter a sensação tátil dos objetos registrados será uma grande conquista.
Encontrei também diversos cursos para deficientes auditivos, como o realizado pela Secretaria de Estado de Edução do Maranhão, que lançou o projeto “Olhar Surdo Através da Expressão Fotográfica” , que visa capacitar jovens surdos na linguagem fotográfica.
Os exemplos se multiplicam e podem ajudar uma enorme gama de de portadores de algum tipo de deficiência. Diante de resultados tão positivos não poderia deixar de sugerir aos que convivem com algum portador de deficiência, que incluam a fotografia como uma alternativa simples e barata para trazer alegria e inclusão a esse grupo especial de pessoas. Busquem informações sobres os projetos em desenvolvimento na sua região e analisem se ele se adequa a sua relidade. A fotografia neste casos pode ser um poderoso coadjuvante no tratamento de pessoas com vários tipos de distúrbios, uma verdadeira janela para o mundo.
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