Ponto de vista na fotografia de culinária
O ponto de vista é um forte elemento de composição, em qualquer ramo da fotografia e não será diferente na fotografia de culinária, pois, através dele, podemos estabelecer elementos de comunicação relacionados ao publico alvo, algo que é fundamental sempre que estamos trabalhando no universo da fotografia comercial. Tecnicamente ao abordar esse tema seremos forçados a comentar outros pontos importantes como objetivas, ângulo de visão, produção de objetos, linhas, escala, entre outros, pela conexão prática existente entre esses assuntos, pois, muitas vezes é impossível falar de um sem passar pelo outro, mas vamos tentar, na medida do possível, manter em primeiro plano o assunto central.
Uma das questões mais importantes relacionadas ao ponto de vista é a reconstrução do olhar do expectador, que representa o consumidor daquilo que é comercializado em determinada imagem. Nesse momento diretores de arte e fotógrafos tem especial preocupação em proporcionar um determinado ângulo de visão para que a imagem demonstre um ponto de vista verdadeiro no cotidiano do observador, assim aproximando essa imagem da realidade do publico alvo.
Ponto de vista real ou subjetivo
Ponto de vista real ou subjetivo diz respeito ao ângulo de visão que proporciona um olhar dos objetos que é comum ou irreal, em outras palavras, um ponto de vista comum ou incomum quando vivenciamos aquela situação no dia a dia.
A imagem a seguir representa o ângulo de visão de uma pessoa, que sentada à mesa, irá se servir do prato, dessa forma, essa imagem estimula o observador e cria uma relação que o aproxima dela, por estabelecer um nexo real com seu cotidiano.
Mesmo que esse recurso visual seja amplamente explorando pelos profissionais, de fato, nem sempre podemos lançar mão dele, e por outro lado, nem queremos utilizá-lo, pois, as possibilidades são muitas, mas devemos entender que é preciso controlar de forma racional esse tópico.
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Explorando agora o ponto de vista, como chamando anteriormente, subjetivo, ou irreal, temos que ter em mente, que muitas vezes por dificuldades de composição somos forçados a admitir a busca de outras opções. A imagem a seguir ilustra essa situação em um ângulo de visão muito alto que só seria possível para uma pessoal que fosse comer de pé.
É importante perceber que embora a visão seja bem alta, ainda se mantém próxima de um ponto de vista real, pois, o fotógrafo subiu e se afastou somente ao ponto de poder mostrar a comida dentro dos recipientes e não mais do que isso, buscando ao máximo se aproximar de um ângulo comum para essa situação no cotidiano.
O exemplo anterior demonstra de forma bastante clara um motivo pelo qual, por vezes, não podemos utilizar um ângulo real, mas ainda temos que refletir sobre aos momentos em que não queremos adotar tal ponto de vista. A razão mais comum para isso é a necessidade que nós, fotógrafos, temos de expressar elementos visuais próprios da fotografia e artifícios que aumentem o impacto visual da imagem.
A próxima foto apresenta um angulo de visão de um observador pendurado ao teto por uma corda, ou seja, muito incomum, o fotógrafo ao utilizá-lo amenizou a importância dos elementos de comunicação visual, próprios da direção de arte e sobrepôs elementos da composição fotográfica, enfatizando as linhas diagonais, compostas pela forma dos Rolinhos de primavera e das linhas curvas, dadas pelos objetos de cena, lembrando que, fotograficamente, esses são elementos visuais dinâmicos e extremamente vigorosos.
É importante chamar a atenção para o fato de que a escolha desse ponto de vista (muito alto) resulta em uma imagem com pouca tridimensionalidade, por não proporcionar grandes distâncias entre os planos e exatamente por esse motivo, produzir um efeito de alta profundidade de campo, estabelecendo um resultado pouco seletivo para o olhar.
Outro exemplo de ponto de vista que pode favorecer o impacto visual e por isso, afastar o fotografo da escolha de um ângulo de visão comum em situações cotidianas é o angulo mais baixo, na verdade, próximo a altura do objeto. Como podemos ver na imagem a seguir, essa visão só seria possível para uma criança do mesmo tamanho que mesa. Nenhum adulto consome um alimento em uma mesa na altura de seu rosto, ou seja, nunca vemos um prato por esse ângulo de visão.
O grande atrativo desse ponto de vista é a possibilidade de separar a imagens em diferentes planos, proporcionando bastante tridimensionalidade, por deixar o fundo da imagem bastante longe do primeiro plano. Essa escolha, normalmente, proporciona a possibilidade de se explorar um desfoque bastante intenso, que é um elemento visual fotográfico muito expressivo.
Outro ponto importante diz respeito à distância de visualização adotada na imagem, muitos fotógrafos utilizam teleobjetivas ou objetivas macro para produzir suas imagens de culinária o que pode aumentar a quantidade de detalhes e valorizar as texturas dos alimentos, de fato, não existe nenhum problema nisso, mas devemos tomar cuidado para não criar um efeito desproporcional na ampliação.
Essa foto apresenta de forma bem evidente como uma teleobjetiva ou uma objetiva macro pode aproximar o objeto e revelar uma grande quantidade de detalhes, mas o preço pago por isso, nesse caso não é pequeno, pois, ao mesmo tempo, criamos um efeito desproporcional na ampliação, deixando o rocambole muito maior do que ele deveria ser.
Para evitar esse tipo de efeito que cria um problema de escala, sugerimos que o uso dessas objetivas aconteça nas imagens em que o sujeito é muito pequeno e, portanto, essas objetivas não criariam nenhum efeito indesejado.
Nessa imagem podemos ver que devido ao alimento ser muito pequeno, foi necessário o uso de uma objetiva macro o que não permitiu que a sensação de tamanho ficasse alterada, como aconteceu na imagem do rocambole.
Encerrando nosso tutorial, gostaria apenas de acrescentar que para obter um bom controle sobre esses elementos é necessário mais do que o treino durante as sessões fotográficas, mas, também, de muita analise de imagens em diferentes publicações vinculadas ao mercado de culinária, portanto, o uso de referências será fundamental para entender esses conteúdos com a clareza devida. Boas pesquisas e bons estudos, até a próxima.
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