Iluminação Para Moda e Beleza – Trabalhando Com as Cores
A MANIPULAÇÃO DA COR
Vamos falar novamente sobre iluminação de estúdio na fotografia de moda e beleza, mas dessa vez dando ênfase a manipulação das cores na criação de uma imagem fotográfica. Aspectos técnicos e subjetivos vão fazer parte das demandas que devemos administrar para obter sucesso ao produzirmos um ensaio, seja um book, catálogo ou editorial. Do ponto de vista técnico o fotografo terá que ter total controle sobre os elementos necessários para alcançar o resultado determinado pelo briefing, enquanto do ponto de vista subjetivo, terá que dominar os elementos da comunicação visual para conseguir compor uma imagem de acordo com suas necessidades de utilização e publico alvo.
Ao longo desta matéria vamos abordar diversos temas como: Luz branca, dominante de cores quentes e frias, colorização das sombras e imagem P&B. Cada um desses tópicos terá uma explicação técnica para que os leitores possam recriar esses efeitos ou solucionar problemas que já tenham vivenciado em suas incursões pelo estúdio fotográfico. Em seguida teremos uma abordagem subjetiva de modo que todos possam entendem questões a respeito do uso da imagem e de outras utilizações comerciais para os mesmos efeitos visuais.
O fundamento que o fotografo precisa ter em mente para que possa controlar de forma satisfatória as cores de suas imagens esta na premissa de que toda luz possui uma cor, mesmo que a olho nu não sejamos capazes de determinar-la, devemos saber que os equipamentos fotográficos são extremamente sensíveis as variações de cor da iluminação. A principal ferramenta que temos para controlar a cor é o Balanço de branco (White Balance – WB).
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LUZ BRANCA
Consideramos como luz branca qualquer fonte de luz cuja temperatura de cor esteja corrida no balanço de branco de nossa câmera, ou seja, sabendo qual a temperatura de cor da fonte de luz indicamos esse valor no balanço de branco e assim temos uma luz em que a cores estão corretas, sem nenhuma variação. Em números absolutos, significa dizer que para uma sessão com flashes de estúdio devemos ajustar o White Balance de nosso equipamento para 5.500 Kelvin, pois, essa é a temperatura de cor da fonte de luz.
Essa escolha é primordial para imagens de moda que precisam mostrar a cor real das roupas, muito comum para catálogos, lookbooks e imagens editoriais simples.
Modelo Roberta Gelain – Agência Oca Models
Imagem com Balanço Branco corrigido para a temperatura de cor do
flash de estúdio (5.500 Kelvin) revelando as cores reais.
DOMINANTE DE COR QUENTE
Consideramos que uma imagem possui dominante de cor quando existe uma sutil alteração da tonalidade original. Podemos ainda determinar que essa seja quente ou fria de acordo com o tipo de tonalidade. Dominantes quentes estão relacionadas com a valorização de tons avermelhados e/ou alaranjados, por outro lado, dominantes frias a tons azulados.
Para se conseguir uma alteração nas cores originais da imagem a fim de proporcionar uma dominante quente temos que manipular os valores do Balanço de Branco de nossa câmera ajustando-os acima da temperatura de cor real da fonte de luz, por exemplo, na imagem a seguir o White Balance foi ajustado para 6.000 Kelvin enquanto o valor real da temperatura de cor do flash de estúdio seria 5.500 Kelvin, portanto, ajustamos nosso equipamento acima da temperatura de cor real da luz.
Esse tipo de dominante é utilizado em imagens que se deseja evidenciar os tons das peles morenas como, por exemplo, em ensaios sensuais ou de moda, que evidenciem o corpo. Também é bastante utilizado para enfatizar sensações de movimento e agitação, bem como para auxiliar a sensação de luz do dia para locações iluminadas com luz flash.
Modelo Raiza Luz
Dominante quente enfatizando o tom de pele da modelo e colaborando com a sensação de
iluminação natural em uma locação que na verdade esta sendo iluminado por luz flash.
DOMINANTE DE COR FRIA
Para alterar as cores da imagem e criar o efeito de dominante fria, ou seja, uma imagem com sutil coloração azulada (às vezes não tão sutil assim) devemos mudar o Balanço de Branco para valores menores que os reais da fonte de luz. Na imagem a seguir, por exemplo, utilizamos um valor de aproximadamente 4.000 Kelvin, enquanto a fonte de luz flash usada para iluminar essa cena possui a já conhecida temperatura de cor de 5.500 Kelvin.
Essa dominante (fria) é utilizada para enfatizar a sensação de passividade e reflexão, sobretudo em imagens em locação ou externas, ainda pode auxiliar na mensagem visual para referências relacionadas a sensação de modernidade, elementos ligados a tecnologia e afastamento da sensação de naturalidade, trazendo a imagem para um universo artificial ou virtual.
Kethlin Rigoni – Oca Models
Dominante fria enfatizando o aspecto tecnológico, moderno e artificial
(em sentido positivo) dessa imagem de beauty em estúdio.
COLORIZAÇÃO DAS SOMBRAS
Outra possibilidade que podemos lançar mão ao manipular as cores na fotografia é a colorização das sombras, o que significa colorir apenas as áreas de sombra mantendo as áreas claras e altas luzes com as cores reais.
Podemos alcançar esse resultado de muitas formas diferentes, mas vamos sugerir aqui a maneira que julgamos ser a mais simples. Colocamos acoplado ao flash de estúdio um refletor parabólico e sobre ele um filtro colorido (filtro fotográfico da cor desejada) direcionamos essa luz para as áreas de sombra e ajustamos a potencia para três pontos abaixo da luz principal e temos uma colorização das sombras. Em imagens de baixo contraste é possível que o efeito fique muito sutil ou desapareça, nas imagens de contraste médio a colorização será ideal mantendo a densidade das sombras e apenas adicionando a cor a elas, já em imagens de alto contraste essa técnica pode clarear um pouco as sombras ao mesmo tempo que adiciona a cor.
Quanto a utilização e adequação ao briefing, a colorização das sombras obedecer, pelo menos a principio, a mesma comunicação visual referente a dominante de cor, enfatizando sensações e diferentes mensagens de acordo com a cor utilizada.
Modelo
Colorização de sombras feita com o esquema de iluminação comentado.
IMAGEM P&B
A imagem em preto e branco não se refere à manipulação das cores através da iluminação, mas sim, a uma intervenção feita no momento da captura ou no processo de pós-produção. Por esse motivo não temos nenhum comentário técnico a fazer nesse momento, no entanto, acreditamos ser pertinente uma explanação sobre sua função e utilização já que a ausência de cor é um elemento visual bastante efetivo e que muitas vezes é utilizado como segunda opção principalmente, quando as cores da cena capturada não se apresentam de forma satisfatória, tanto por erro técnico, quando por adequação ao briefing.
O fato é que o recurso de transformar uma imagem em cores em uma em preto e branco constitui uma saída efetiva nos casos em que as diferentes fontes de luz possuem diferentes temperaturas de cor que acabam por criar erros e invasões de cores sem possibilidade de correção e fora do padrão estético que se deseja alcançar.
Alem disso, as imagens em P&B tem funções muito mais importantes do que apenas ser uma segunda opção para possíveis erros de cor, também constitui uma ferramenta de comunicação de fortíssimo impacto, por dois motivos em especial. Primeiramente a ausência de cores corresponde a uma diferenciação no efeito aumentando consideravelmente o impacto visual da imagem. O segundo ponto é que esse recurso foi amplamente explorado pelos mestres da fotografia e por esse motivo sua utilização aproxima a fotografia de uma obra de arte.
Modelo Roberta Gelain – Agencia Oca Models
Imagem P&B – Ausência de cores confere impacto visual.
Com isso concluímos algumas das principais formas de manipulação das cores na iluminação de estúdio relacionada ao mercado de moda e beleza, muito mais poderia ser dito e feito, não temos aqui intenção de esgotar o assunto, mas de trazer a tona algumas questões para que possamos explorar de forma consistente essa importante ferramenta. Bons estudos e boas fotos.[/private]