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16 dicas para fotografia noturna de paisagem e natureza
Pessoalmente, acho fotografia noturna incrível!
Quando falamos em fotografia noturna de natureza então, as recompensas são imensas e deliciosas. Ela te permite criar imagens que o próprio olho humano não é capaz de ver. Observar a movimentação das estrelas, fazer a noite clara como dia, congelar relâmpagos. Cenas que, não fosse por uma câmera, o homem jamais conheceria. E, mais do que isso, ela exige que o fotógrafo se relacione com a natureza, possibilitando uma série de experiências físicas e artísticas muito especiais. Pra mim, passar algumas horas na mata fotografando vagalumes, por exemplo, é uma atividade que me mobiliza e transforma por inteiro. Assim, eu espero poder compartilhar com vocês algo da experiência e do aprendizado que eu tive até aqui.
Você tem uma câmera com a opção de controlar manualmente a velocidade do obturador? Disposição, curiosidade e vontade de fotografar a noite? Bora cair no mundo e fotografar! Ficam ai 16 dicas pra te ajudar a começar!
1 – Modo manual sempre!
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Esqueça todos os modos automáticos da sua câmera. Fotografia noturna vai te exigir usar o modo manual sempre! Também recomendo fotografar em RAW. Assim você retém mais informação na sua foto, o que será especialmente útil na hora de ajustar o balanço de branco e fazer correções durante a edição.
2 – Atenção à velocidade do obturador!
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A principal característica técnica da fotografia noturna é o uso de baixas velocidades de obturador – ou longas exposições. Quanto mais tempo de exposição, mais luz o sensor da câmera vai absorver e mais clara a foto ficará. Como as paisagens noturnas em geral tem pouca luz, isso te obrigada a usar tempos de exposição muito maiores do que a fotografia convencional. Mantenha isso em mente e aos poucos vá descobrindo como o tempo de exposição influencia na foto. Eu daria apenas uma recomendação: evite fotos com mais de 30 segundos de exposição! A partir de 30 segundos a taxa de ruído aumenta consideravelmente, assim como as chances de algo estragar a sua foto, como você esbarrar no tripé ou alguma luz forte acertar a lente.
3 – Abertura de diafragma e ISO.
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Fotografia de paisagem tem uma recomendação básica: privilegie usar o maior f possível; ou, em outras palavras, feche ao máximo o obturador da sua câmera. Isso aumenta o campo de foco e a nitidez da foto. No entanto, nem sempre isso será possível em fotografia noturna. Comece com valores mais baixos como 2.8 e 4 e vá subindo até 8 ou 11, se possível. Já a ISO, também vale a recomendação padrão: tente manter a ISO em valores baixos.
No entanto, essas recomendações podem – e devem – ser quebradas em muitos casos. Mais do que uma formalidade técnica, a fotografia diz respeito à experimentar novas formas de expressar uma ideia ou percepção sobre algo.
4 – Balanço de branco.

A escolha do balanço de branco deverá levar em conta dois fatores: a presença de luzes artificiais na cena e o estágio da lua. Ao nascer a lua emite uma luz mais quente do que quando está a pino no céu, por exemplo. Você vai ter de experimentar e ir checando a tonalidade das suas fotos. Em geral, os valores irão de 3.500 à 5.000 kelvin – do mais frio ao mais quente. Nas fotos acima você pode ver a diferença: a da esquerda está com 3550 kelvin e a da direita 2850 kelvin.
5 – Tripé é fundamental!

Tripé é essencial para que a foto não saia borrada. Se você tentar fazer a foto na mão ganhará apenas borrões. Se você não tem tripé ainda pode tentar posicionar a câmera no chão ou em outro objeto, mas isso vai limitar muito as suas possibilidades de enquadramento.
6 – Privilegie lentes angulares.

Quanto mais angular, maior será o campo de visão da lente. Assim, você pode capturar mais da paisagem! A maior parte dos iniciantes começa na fotografia com uma 18-55mm. Ela já quebra o galho! A foto acima foi feita com uma Canon 500D e uma 18-55mm, por exemplo.
7 – Proteja-se!

Ande sempre acompanhado, não saia sem lanternas e muita atenção ao chão quando estiver andando na natureza; headlamps, aquelas lanternas que se fixam à cabeça são uma ótima pedida! Também é recomendável avisar alguém do horário e local que você vai fotografar. Prepare-se para o ambiente e leve o que for necessário: roupa de frio, repelente, água, calçado apropriado. Também é útil fazer uma check-list antes e depois das fotos, pra ter certeza que não esqueceu nem perdeu nada.
8 – Prepare-se para usar o foco manual.

Foco automático não funciona na grande maioria das fotografias noturnas de natureza. Simplesmente não há luz o bastante. Você tem duas opções. Primeira, usar a metragem de foco manual da sua lente: você tem de fazer uma estimativa da distância entre a câmera e o local a ser focado e marcar essa distância no anel de foco. Depois de fotografar sempre dê zoom na foto para ver se ela está nítida. A segunda opção, caso você tenha uma lanterna potente o bastante, é usá-la para iluminar o local e então focar.
9 – Formule uma ideia da foto na sua cabeça.

Imagine de antemão a foto que você quer fazer. Desenvolva uma história para a foto e construa o clima da imagem. Pense em quais os elementos existem naquela paisagem e como relacioná-los para chamar a atenção do seu público. Uma mesma paisagem pode ter um ar mágico ou sombria, confortável ou hostil, por exemplo. O que irá determinar isso é a sua intenção e criatividade! Muitas paisagens saem sem graça por serem banais e comuns, então lembre-se que não basta um cenário bonito. É preciso que você busque algo para dar personalidade e originalidade para a sua foto.
10 – Evite posicionar a linha do horizonte no meio da foto.

Essa é uma dica básica de toda foto de paisagem: coloque a linha do horizonte no terço inferior ou superior da foto. Em geral, ao posicionar a linha do horizonte exatamente no meio da foto criam-se composições mais quadradas e enfadonhas.
11 – Valorize objetos no primeiro plano.

Objetos no primeiro plano, mais próximos à lente, aumentam a noção de profundidade da imagem. A receita básica seria: objetos de destaque no primeiro plano / elementos da paisagem no segundo plano / céu ou horizonte ao fundo. Assim a sua fotografia ganha uma composição mais completa e harmônica.
12 – Adicione elementos humanos na fotografia.

Uma pessoa valoriza muito uma paisagem, pois cria uma identificação com àquele que vê a foto – o desejo de estar naquele local, por exemplo. Além disso, melhora as noções de espacialidade da imagem, dando uma ideia mais clara do tamanho da paisagem e seus elementos. Lembre-se que para manter pessoas nítidas na foto, você vai ter de pedir ao modelo para ficar parado pela duração do tempo de exposição da foto – do contrário a pessoa se torna um borrão. Privilegie poses naturais, para não cansar a pessoa, e avise-a ao começar a tirar a foto.
13 – Experimente usar luzes artificiais para iluminar a cena…

Você pode usar flashs, painéis de led ou lanternas. Em geral, você tem de ser sutil e harmonizar a exposição da luz que você produz com a luz natural do ambiente. Quanto mais tempo a lanterna fica ligada, por exemplo, mais clara a foto. Pense que você está pintando o local com a sua lanterna. Pouco a pouco você vai aprendendo como regular a intensidade, o movimento e a duração da luz para conseguir uma exposição correta. Se você tem um amigo para te ajudar, controle a câmera enquanto ele ilumina a cena. Se não, utilize o timer de 10 segundos para que você possa executar as duas funções.
14 – …e criar efeitos.

Você também pode criar uma série de efeitos com luzes artificiais. Isso se chama “lightpainting”, ou “pintar com a luz”. Mais pra frente discutiremos com mais profundidade o tema, mas até lá você pode experimentar pequenas brincadeiras com a sua lanterna e ir entendendo como a coisa funciona. Lembre-se que em fotos de exposição longa sempre que você liga uma luz na cena isso cria uma marca. Comece apontando uma lanterna de baixa intensidade ou um led em direção à lente e desenhe linhas, desenhos ou palavras.
15 – Explore diferentes tipos de enquadramento.

Nem sempre a melhor foto será feita com a câmera apontando para a linha do horizonte. Experimente variar os enquadramentos da sua foto, apontando a câmera para o chão ou para o alto, por exemplo.
16 – Por fim, dica de ouro para iniciantes: chegue ao local da foto antes do anoitecer.

Ao chegar antes do anoitecer você pode ver os detalhes da cena que vai fotografar e pode andar pelo local com segurança para escolher onde posicionar sua câmera e qual enquadramento fazer. Eu recomendo muitíssimo tomar um tempo para caminhar pelo local e observar os ângulos, antes mesmo de ligar a sua câmera. Se possível faça o foco enquanto há luz. Quando anoitecer o foco automático não irá funcionar e o foco manual pode ser uma tarefa penosa no início. Se você se prepara antes tem certeza que a foto estará bem enquadrada e nítida quando anoitecer! Experimente! Fotografia noturna é feita de erro e tentativa.
Espero que essas dicas sejam úteis e incentivem vocês à experimentarem a noite. Qualquer dúvida, curiosidade ou sugestão, deixe um comentário! Aqui embaixo vocês também encontram o meu email e a minha página. Caso vocês tenham gostado, volto para outros artigos e dicas: fotografia noturna urbana, como fotografar estrelas e vagalumes, lightpainting, retratos criativos e por ai vai. Abraços moçada!
*Algumas das fotos deste artigo são parte do filme “Água Suja”, em produção. Você pode conhecer mais em: www.facebook.com/aguasuja