A profusão de trabalhos fotográficos na era digital
Um novo mercado, uma nova visão, novas formas de arte ou tudo é como antes
Não é a intenção deste breve artigo adentrar por toda a história da fotografia e suas técnicas em detalhes, mas é importante relembrar que a fotografia nasce como uma forma de imitar a realidade. Atentando apenas aos processos mecânicos que o homem procurou utilizar para o registro de sua realidade poderemos dar início com a base da fotografia surgida no século XIII, quando o filósofo e cientista inglês Roger Bacon descobre o fenômeno da câmera escura (ou obscura como preferem alguns) que auxilia aos pintores renascentistas a se aproximarem mais do real.
– Em 1826/27 – Nicéphore Níépce imprime a primeira imagem utilizando betume da judeía e que hoje é considerada como a primeira fotografia da história.
– 1837 – Daguerre cria o Daguerreotipo – que produzia uma imagem em chapa metálica fotossensível que formava-se invertida e sem a possibilidade de produzir cópias.
– 1841 – Calótipo ou talbótipo foi um processo fotográfico pioneiro, antecessor da atual fotografia empregando negativo/positivo. Inventado por William Fox Talbot em 1836 e registado pelo mesmo, na Royal Society em Londres, em 1841. Basicamente o processo consiste na exposição à luz, com o emprego de uma câmara escura, de um negativo em papel sensibilizado com nitrato de prata e ácido gálico. Posteriormente este é fixado numa solução de hipossulfito de sódio. Quando pronto e seco, positiva-se por contato direto em um papel idêntico. Este procedimento é muito parecido com o da revelação fotográfica regular, dado que produzia uma imagem em negativo que podia ser posteriormente positivada tantas vezes como necessário.
Pulando um grande período de pesquisas, ensaios e processos por patentes temos:
Da chapa úmida para a chapa sêca
A chapa úmida ainda não era o processo definitivo, pois tais chapas precisavam ser preparadas, expostas e reveladas na mesma hora, pois que ao secar, a emulsão perdia sua capacidade fotossensível, o que desencadeava a necessidade do fotógrafo itinerar com todo o seu equipamento para preparar as chapas onde quer que fosse. O colódio de Archer era chamado, por essa razão, de colódio úmido ou chapa úmida.
Foi um médico inglês, Richard Maddox, que, em 1871, experimentou ao invés de colódio, uma suspensão de nitrato de prata em gelatina de secagem rápida.
Era um processo extremamente barato (pois gelatina pode ser obtida de restos de ossos e cartilagens animais) e, ao substituir o colódio, ficou conhecida como chapa seca.
Observando a imagem de publicidade podemos ver que nessa época
já era valorizada a agilidade do processo fotográfico
As cameras portáteis – As primeiras câmeras Kodak surgiram em 1888, sendo portátil, de fácil manuseio e barata. Com ela, fotografar se tornou simples e acessível para qualquer pessoa. A câmara permitia 100 poses, e após essa quantidade o cliente deveria remeter a máquina para a empresa em Rochester, norte de Nova York, onde o filme era retirado, revelado e reposto.
O lançamento dessa máquina exigiu uma divulgação em larga escala, e assim surgiu o slogan ‘You push the Button, we do the rest’, em uma das primeiras campanhas publicitárias da história.
Em 1900 surgiu a Brownie, uma máquina de bolso que custava apenas 1 dólar e podia ser manuseada por uma criança. Fotografar não somente era fácil e simples como agora entrava no orçamento de qualquer um.
Qualquer semelhança com uma câmera de Iphone ou Go-pro não é mera coincidência.
– Entre 1869 e 1930 são feitos diversos estudos e descobertas com relação à fotografia colorida
Técnicas artisticas
Entre 1854 e 1910 desenvolve-se o movimento denominado PICTORIALISMO, que se caracteriza por uma tentativa de aproximação da fotografia com a pintura. Para isso, os fotógrafos retocam e pintam as fotos, riscam os negativos ou embaçam as imagens. Percebem alguma semelhança com os dias atuais…?
Também empregam em suas obras composições e assuntos característicos da pintura. Seus temas são, em geral, paisagem, natureza-morta e retrato. Entre os grandes fotógrafos dessa fase está o francês FÉLIX NADAR, o primeiro a realizar fotos aéreas a partir de um balão, em 1858
Já nos anos de 1930, e diferente do Pictorialismo, o Grafismo na Fotografia se rende ao uso de imagens próximas às pinturas abstratas e cubistas, no aproveitamento de formas geométricas.
Fotografia e Alta Tecnologia
– 1947 – Surge a câmera de fotos instantânea, A Polaroid, baseada em um processo desenvolvido pelo físico americano Edwin H. Land.
– 1948 – Lançada a câmera Hasselblad.
– 1949 – Surge a Polaroid em preto e branco.
– 1957 – Primeira câmera reflex lançada pela Asahi Pentax.
– 1959 – A Agfa produz a primeira câmera totalmente automática.
– 1963 – Surgem o Polaroid em cores e a “Instamatic” de cartucho 126.
– Desde o início deste século, a história passou a caracterizar-se mais pelo refinamento e aperfeiçoamento do que por inovações e invenções. Apesar do advento de modernas tecnologias, existem máquinas que jamais se tornam obsoletas, fixando imagens com rara precisão.
– 1973 – A Fairchild Semicondutor lança o primeiro chip CCD.
– 2000 – As máquinas digitais também começam a ocupar espaço, em especial no fotojornalismo, onde a rapidez de circulação e edição de imagens justifica a pequena perda na qualidade de impressão.
– 2005 – as máquinas digitais ganham força em todo o mundo, resoluções e pixels avançados fazem da foto digital o diferencial para fotoreportagens.
– 2008 – Inicia-se a produção de câmeras digitais como acessórios de telefones celulares
– 2011 – Sensores maiores começam a ser instalados em câmeras menores e mais leves.
Acessórios
Diversos filtros, flashes TTL, objetivas de vários ângulos de abertura, lentes mais claras, objetivas de “n” pontos de foco, filmes e papéis de diferentes sensibilidades, muitas formas de revelação tanto dos filmes quanto dos papéis, diversas técnicas e qualidades de impressão digital e manipulação foram criadas e nada disso influenciou no princípio básico da fotografia (a grafia da luz).
Dentre as artes, a que mais evoluiu enquanto técnica (juntamente com o cinema) foi a fotografia. Mas não deixou de lado o seu principal instrumento, o fotógrafo, pois como disse o mestre Ansel Adams “Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.”
CONCLUSÃO
A fotografia precisa ser olhada em seu todo e sempre estará acima das inovações tecnológicas. Como vimos, as invenções, descobertas e aperfeiçoamentos na fotografia não são uma característica exclusiva da era digital.
Alguns fotógrafos antigos temem o novo, alguns dos jovens fotógrafos acreditam que são os grandes inventores e utilizadores das novidades. Mas na verdade o que acontece é a mais pura evolução da captura e manipulação das imagens, certamente com mais qualidade na imitação da realidade, rapidez no resultado final e novos resultados que poderão surpreender. Mas afinal, não é isso o que sempre se buscou?
Existe uma maior quantidade de trabalhos fotográficos em nossa era digital. Com certeza ficou muito mais fácil, rápido e barato produzir fotografia. Mas as grandes perguntas que teimam em resistir são: Existe mais qualidade nos trabalhos realizados nesta nossa era digital? Existe mais criatividade? Isso só o tempo dirá…. O que podemos dizer é que o ato de fotografar há muito deixou de ser apenas uma representação da realidade, como afirmou Henri Cartier-Bresson, “fotografar é reconhecer, ao mesmo tempo e numa fração de segundo,um evento e a organização rigorosa das formas percebidas visualmente e que expressam esse evento. É reunir, no mesmo ponto de vista, a cabeça, o olhar e o coração”.
Com todo o exposto acima e a despeito de toda esta tecnologia, podemos prenunciar que a “fronteira final da fotografia” ainda não foi atingida e a boa imagem fotográfica, independentemente da ferramenta ou mídia utilizada, ainda demanda luz, sensibilidade, conhecimento e criatividade do fotógrafo.
Qual será o próximo passo técnico-cientifico na jornada fotográfica? A Holografia?